Vinci inicia obras de requalificação do aeroporto de Salvador

Serão investidos cerca de R$ 700 milhões nesta primeira etapa

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  • Gil Santos

Publicado em 19 de abril de 2018 às 16:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Escadas rolantes funcionando, ar-condicionado eficiente, pistas de pouso e decolagem maiores, e mais conforto para os passageiros. Essas são algumas das promessas feitas pela Vinci, na manhã desta quinta-feira (19), para o Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães. A empresa francesa assumiu a administração do espaço desde janeiro deste ano.

Em entrevista ao CORREIO, na segunda (16), a diretora de comunicação da Vinci Airports e da Vinci Concessions, Anne Le Bour, contou que a empresa aposta em uma receita com quatro ingredientes básicos: o aumento do tráfego aéreo, o desenvolvimento de receitas não aéreas e o desenvolvimento de infraestrutura de forma complementar à gestão e na própria operação do equipamento.

Nesta quinta (19), o presidente global da Vinci Airports, Nicolas Notebart, e da concessionária, Júlio Ribas, anunciaram que o aeroporto será ampliado em mais de 20 mil metros quadrados. A empresa afirmou que vai investir cerca de R$ 2 bilhões ao longo da concessão, que tem validade de 30 anos, sendo que R$ 700 milhões serão aplicados nesta primeira fase, que será concluída no segundo semestre de 2019."Vamos aumentar em 20 mil m² a área do aeroporto, ampliando a capacidade comercial e de conforto para os passageiros. As duas pistas passarão por reforma para ampliar a capacidade e também a segurança operacional, além de outras mudanças", contou Ribas.Ele disse que algumas melhorias já foram feitas no terminal, como mudanças na climatização e na iluminação do aeroporto, além de reformas nos banheiros. Por conta das reformas já iniciadas, as lojas que ficam na área de embarque internacional foram transferidas para o outro lado do saguão. 

A empresa afirmou que vai ampliar também o número de fingers (pontes de embarque) do terminal, de 11 para 17 pontos.

Turismo O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto também participaram do evento, além de deputados, secretários, prefeitos e outras autoridades públicas. O prefeito lembrou que o início das obras nesta quinta-feira coincidiu com as homenagens póstumas ao tio dele. A missa pelos 20 anos da morte do deputado Luís Eduardo Magalhães, que dá nome ao aeroporto, será realizada nesta sexta-feira (20), às 9h, no Mosteiro de São Bento. O prefeito falou também da importância das reformas.

"Isso vai ao encontro do que é hoje a nossa principal preocupação econômica com o futuro da cidade, que é estimular a sua principal indústria: o turismo. Nós temos certeza que com o novo aeroporto, Salvador vai ter a perspectiva de se consolidar como um dos principais destinos do Brasil e ser competitivo em termos internacionais", comentou Neto.

O prefeito contou que montou uma equipe especial na Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para avaliar os alvarás e as licenças da obra do aeroporto. O objetivo, segundo o gestor, foi evitar atrasos nessas concessões, agilizar os documentos e trabalhar na desburocratização dos processos.

Neto aproveitou ainda para lembrar que a ordem de serviço para a construção do novo Centro de Convenções municipal será assinada em maio. A obra vai durar cerca de um ano. Depois que estiver pronto, o equipamento deverá atrair, além dos visitantes comuns, turismo de negócios para a cidade. Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO Licitações Já o governador Rui Costa afirmou que as mudanças no aeroporto são importantes para atrair mais turistas para o estado e movimentar a economia, e reconheceu a necessidade de reforma do equipamento.

"Há um desejo e uma ansiedade grande de todos os baianos e baianas que esse aeroporto tivesse uma gestão profissional, moderna e inovadora, que realizasse os investimentos que ele precisava há muitos anos. Nos incomodava muito ver a porta de entrada do nosso estado nessas condições", afirmou.

Rui disse também que fará novas concessões para os aeroportos de Vitória da Conquista, no Sudoeste, Ilhéus e Porto Seguro, no Sul do estado. As licitações vão estabelecer também a construção de novos sítios aeroportuários nessas regiões. O governador disse que está em negociação com algumas empresas aéreas para a ampliação do número de voos em Salvador, em troca da redução de ICMS sobre os combustíveis.

Bem-humorado, Rui brincou com os prefeitos ACM Neto, de Salvador, e Moema Gramacho, de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador: "A prefeita Moema ficou entusiasmada quando o diretor da Vinci falou que o aeroporto foi feito, em 1920, na Santo Amaro de Ipitanga, que é o nome antigo de Lauro de Freitas. Já, já, prefeito, ela vai querer tomar o aeroporto de Salvador... Ela abriu logo um sorriso largo quando foi contada a história da construção em Santo Amaro de Ipitanga. Mas hoje é Salvador, Moema, não tem jeito não", disse Rui, provocando gargalhadas.

Queixas Quem circula pelo aeroporto, seja a trabalho ou a passeio, disse que a reforma é mais que necessária. A aeromoça Sheyla Oliveira, 30 anos, mora em Brasília (DF), mas trabalha no aeroporto de Salvador há dois anos. Ela passa com frequência pelos principais terminais do país e listou alguns dos problemas percebidos.

"A sala de embarque de Salvador é muito quente. Nesses dias, o clima está mais fresco porque está chovendo, mas no dia a dia é bastante incômodo. É preciso aumentar também a quantidade de fingers (pontes de embarques), e o número de esteiras para embarque”, disse.

O técnico de mineração Marcos Rocha, 31, viajou com a esposa, a corretora Ingrid Rocha, 28, e o filho Heitor, 2, de Minas Gerais para passar uns dias em Salvador. Ele considerou a estrutura do aeroporto soteropolitano boa, mas disse que está atrasada em relação ao de Belo Horizonte.“A estrutura não é ruim, mas eles precisam melhorar alguns pontos, como a quantidade de locais para fazer o check. As filas estão muito grandes”, opinou Marcos.Alguns funcionários que trabalham no aeroporto contaram que existem problemas que só aparecem em momentos específicos. A vendedora Rilca Beatriz Santos, 31, trabalha há dois anos em uma loja do prédio e citou alguns deles.

“Quando chove é terrível. Tem goteiras e alagamentos. A gente espera que essa reforma aconteça mesmo, porque o aeroporto precisa e os baianos e turistas merecem. É preciso que exista mais funcionários para orientar os passageiros, porque eles tiram dúvidas com a gente. Aquele pessoal do ‘posso ajudar’ ninguém vê por aqui”, apontou.

Enquanto a Vinci anuncia o início das reformas e promete grandes interferências, passageiros e funcionários fazem planos e sonham alto com as mudanças.