Vinhos do Vale do São Francisco vão ganhar Indicação Geográfica

O registro aprovado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial trará novo fôlego no mercado

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  • Paula Theotonio

Publicado em 15 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: foto/divulgação

O Vale do Submédio São Francisco está cada vez mais próximo de conquistar uma Indicação Geográfica para sua produção enológica. Os últimos detalhes documentais da proposta de solicitação da Indicação de Procedência (IP) para os vinhos finos e espumantes regionais serão avaliados em assembleia com as vinícolas da região nas próximas semanas, segundo o presidente do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), José Gualberto Almeida.  O procedimento é o último passo antes do envio ao INPI - órgão do Governo Federal que estabelece as condições de registro.

“Trata-se de um dossiê, com mais de 150 páginas, contendo informações que envolvem a área delimitada da futura IP, a comprovação do nome Vale do São Francisco como região produtora reconhecida de vinhos, bem como uma caracterização do clima, do solo, definição das variedades, produtividade, processos de elaboração, análises físico-químicas e sensoriais do produto final”, explica José Gualberto, que também é presidente da Vinícola Botticelli.

Ainda de acordo com o produtor, a expectativa na região é que a IG seja aprovada pelo INPI no primeiro semestre de 2020. Esta será a primeira demarcação geográfica do mundo de vinhos tropicais, onde a videira é submetida a mais de um ciclo vegetativo, com mais de uma colheita de uvas por ano. No Vale, acontecem duas colheitas e meio por ano.

Força e lucratividade - O padrão das bebidas que irão receber o selo da IP será atestado por um Conselho Regulador, composto por produtores e especialistas. O grupo garantirá que sejam seguidas as regras preestabelecidas no dossiê; e somente quem atender a essas normas, a cada safra, poderá utilizar o selo. Com esse acompanhamento e controle, a expectativa é melhorar as condições mercadológicas dos produtos e majorar o apelo de marketing da região produtora.

“Uma região detentora de uma IP de vinhos se torna mais conhecida e fortalecida. Aumentam o enoturismo, aliado à enogastronomia, e as vendas dos vinhos, o que possibilitará uma melhoria econômica das empresas vinícolas, bem como melhores condições socioeconômicas para a população ligada à cadeia da uva e do vinho na região”, observa Giuliano Elias Pereira, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e coordenador das pesquisas e reuniões da IP, que aconteceram entre 2013 e 2018.

Giuliano Elias Pereira também acredita que o selo poderá atrair novos investimentos para o Vale, com a chegada de novas empresas, e fazer com que a qualidade dos próprios produtos venha a crescer com os anos.

Uvas selecionadas - Os critérios especificados no estudo a ser enviado ao INPI não podem ser oficialmente divulgados até o registro do órgão. Porém já se sabe que poderão utilizar o selo todos os vinhos finos e espumantes de cerca de 20 uvas Vitis vinífera L., elaborados por empresas associadas à Vinhovasf dentro da Região Integrada de Desenvolvimento Petrolina-Juazeiro (RIDE).

A área, de aproximadamente 35 mil km², agrega ainda as cidades de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Orocó, em Pernambuco; e Sobradinho, Curaçá e Casa Nova na Bahia. As empresas pernambucanas ViniBrasil (Rio Sol), Vinícola do Vale do São Francisco (Botticelli) e Adega Bianchetti Tedesco (Bianchetti); e as baianas Miolo Wine Group (Terranova) e Vinum Sancti Benedictus (VSB) já poderão submeter seus produtos aos testes.

Para Giuliano Elias Pereira, o próximo passo será conquistar uma Denominação de Origem para áreas delimitadas dentro do Vale do São Francisco. Para mais informações, acesse www.correio24horas.com.br.

À ESPERA DO SELO

Com dulçor natural, o Terranova Moscatel pode  receber a IP dos vinhos. É uma pedida para festas e em harmonizações com sobremesas Assemblage de Cabernet Sauvignon, Syrah, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Aragonês, o icônico Rio Sol Paralelo 8 Gran Reserva será um bom representante da IP

Vinhos elaborados com a uva Chenin Blanc, considerada das que melhor se adaptaram ao terroir sanfranciscano, também poderão utilizar a IP