VIP: 'Quer privacidade? Posta passarinho e orquídea', diz Bruno Astuto sobre etiqueta na internet; Leia entrevista

O colunista de Época, Vogue, GQ e do Mais Você, participou nesta quarta (12), do do Barra Fashion Days, do Shopping Barra

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  • Gabriela Cruz

Publicado em 13 de abril de 2017 às 06:13

- Atualizado há um ano

“Acordo bem cedo, leio três jornais brasileiros, o Figaro da França, o The Guardian inglês e o The New York Times. Depois, vou para as redes, para tomar a temperatura do público em relação aos mais diversos assuntos”. Assim começa o dia de Bruno Astuto.

Colunista de Época, Vogue, GQ e do Mais Você, o jornalista quebrou sua rotina para participar, ontem, do Barra Fashion Days, do Shopping Barra. “É um evento que pensa a moda fora da caixa, saindo completamente do óbvio”, elogiou.

Com mais de 650 mil seguidores no Instagram, Bruno enxerga o perigo da internet. “Você não pode se iludir que vai expor toda sua vida e ter  proteção ao mesmo tempo. São duas coisas inconciliáveis. Quer privacidade? Posta passarinho e orquídea”, declarou. Bruno Astuto esteve nesta quarta (12) no Shopping Barra(Foto: Ismael Pessoa/Divulgação)

Você está voltando a Salvador, no Barra Fashion Days, do Shopping Barra. O que você achou do projeto no ano passado?É um evento que pensa a moda fora da caixa, saindo completamente do óbvio. No ano passado, teve a ligação com o vinho, porque as cores da temporada eram variações de burgundy, e realmente o shopping teve a sacada de perceber que muitas pessoas têm viajado para fazer as rotas do vinho na Europa, na Califórnia e na América do Sul. É um turismo que cresce, e as pessoas se vestem para ele. Fora isso, eu não venho para Salvador; eu volto para Salvador. Essa cidade é uma segunda casa, três dos meus melhores amigos são daqui: Nizan Guanaes, Licia Fabio e Mãe Carmem.

Você escreve para Vogue, Época e GQ Brasil, tem uma versão da coluna na internet, participa do programa Mais Você, da Globo. E como se sai ao vivo? É uma coisa que curte fazer?É o que eu mais curto fazer. Ao vivo tem emoção, aquele esforço maior da equipe para fazer dar certo, não tem ensaio. Acho que dá certo também porque eu tenho com Ana Maria uma relação de total cumplicidade, um sabe o que o outro está pensando, a gente tem a embocadura perfeita do diálogo. Já tivemos que mudar programas inteiros, como foi no caso do atentado na Bélgica. Estávamos preparados para falar de fofocas e etiqueta e, de repente, estávamos comentando, com a equipe de jornalismo, uma tragédia. Você tem que estar antenado a tudo e pronto para qualquer surpresa.

Você fala em todas essas mídias, atingindo públicos de todas as classes sociais. E você parece ter uma preocupação de se comunicar de um jeito claro, que todo mundo possa entender. Essa é, de fato, uma preocupação sua?Antes de ser colunista, eu fui professor, né? E de adolescentes! Para manter a atenção da garotada, você tem que ser uma espécie de showman e, ao mesmo tempo, transmitir o conteúdo, tentando trazer ao máximo os assuntos para a realidade e os interesses deles. Eu me divirto muito trabalhando. Costumo dizer que o Zorra está perdendo três talentos: eu, Ana Maria e o Louro (risos). Mas, falando sério, eu tive a melhor escola de conexão com o público, a Ana Maria. No primeiro dia em que fui ao programa, ela disse: seja autêntico, seja você, o povo merece a nossa verdade. E ela tem toda razão.

Como você começou sua carreira? Sempre foi ligado no mundo dos famosos?Comecei fazendo exposições e escrevendo biografias históricas. Acabei migrando para o colunismo social, que não deixa de ser uma crônica de costumes da nossa época. Os famosos fazem parte da cultura de hoje, não dá para escapar. Mas tenho outros interesses além deles, principalmente moda, viagens e artes plásticas.

Qual sua rotina? Você lê os principais jornais e vê o Instagram dos famosos? Como se informa?Acordo bem cedo, leio três jornais brasileiros, o Figaro da França, o The Guardian inglês e o The New York Times. Depois vou para as redes para tomar a temperatura do público em relação aos mais diversos assuntos. E vou atrás das fontes, saio pelo mundo. Mas, na maior parte das vezes, estou sentado em frente ao computador escrevendo. Ficar seguindo Instagram de famoso é meio um antijornalismo; se eles publicaram lá, já deixou de ser notícia em primeira mão.

Você vê perfis diferentes de instagrammers? Tem algum que você ache insuportável?Acho vários incríveis e vários insuportáveis (risos), geralmente aqueles que só colocam look do dia, a foto da própria pessoa, de malhação de dia e de noite, aquela viagem de ego, ego, ego. Mas daí deixo de seguir, simples assim.

Existe um manual de etiqueta para as redes sociais?Existe, e é enorme. A vida digital é muito nova e um terreno fértil para gafes. Mas a maioria delas é cometida por pessoas que não têm noção tampouco na vida real. São aquelas que desrespeitam o outro, atacam a diversidade, perdem seu tempo chamando Fulana de gorda, feia, mal vestida, daí para baixo, com a vã ilusão de que estão protegidas pelo anonimato. Não existe mais anonimato; e, aos poucos, essa bandidagem racista, xenófoba, misógina e homofóbica vai deparar com a lei. É o que eu espero.

Algumas famosas, como as Kardashians, adoram postar tudo da vida nas redes. Há um limite para o 'normal' e o vício?Elas enfrentaram esse limite no ano passado, com o assalto horroroso que a Kim Kardashian sofreu em Paris. Você não pode se iludir que vai expor toda sua vida e ter privacidade e proteção ao mesmo tempo. São duas coisas inconciliáveis. Quer privacidade? Posta passarinho e orquídea. Fico preocupado com as crianças, que estão indo cedo demais para as redes e não sabem se proteger. Essa educação virtual precisa começar em casa; um pai ou uma mãe que são analfabetos virtuais não estão preparados para educar o filho para o futuro. E as escolas deveriam colocar no currículo uma cadeira de educação digital, que vai além da informática pura e simples.

Quem são seus favoritos para seguir nas redes sociais?Depende do meu interesse no momento. Às vezes, perfis de decoração, de viagens, mas normalmente de moda, porque eu trabalho com isso e é um assunto que me apaixona. Uso as redes como um moodboard de inspiração.

Você curte o YouTube? Tem algum youtuber favorito? Tem planos de investir nesse ramo?Curto para ver coisas de antigamente, acredita? Sou meio nostálgico, e lá você vê reportagens e extratos de filmes aos quais não teria acesso. Fora isso, não dá muito tempo de acompanhar os youtubers, infelizmente; entre um livro e eles, fico com o primeiro. Quanto aos meus planos, estou muito feliz com a Globo, que é a minha casa; para onde ela for, eu vou. Sou viciado no Globoplay.