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Vírus do sarampo foi transmitido em ambiente de trabalho, diz Sesab


 

Vítimas de Ilhéus são colegas de amazonense, que chegou contaminado à cidade

  • Yasmin Garrido

Publicado em 23/11/2018 às 18:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 04:34:04
. Crédito: Foto: Jose Nazal/Ascom/Setur

Após a divugação de dois casos confirmados de sarampo em Ilhéus, no Sul do estado, o coordenador do programa de imunização da Sesab, Ramon Saavedra, explicou que os dois pacientes tiveram contato indireto com o importador do vírus - um homem de Manaus -, já que trabalhavam na mesma empresa.

Com os casos, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) emitiu, nesta sexta-feira (23), um alerta a todos os municípios baianos sobre a importância da prevenção da doença.

De acordo com Saavedra, os dois homens foram infectados pelo tipo selvagem do vírus, compatível com o paciente que veio doente de Manaus e se internou na cidade. “Eles não conviviam diariamente, mas dividiam o mesmo ambiente de trabalho. É importante explicar que o primeiro caso, vindo de Manaus, é considerado um tipo importado do vírus, e esses dois novos casos são provenientes deste processo de chegada da doença no estado”, disse Saavedra.

O coordenador também destacou que, a partir do conhecimento do caso importado, a Sesab tomou precauções para evitar a transmissão do vírus no estado. “As equipes de vigilância fizeram ações de contenção da cadeia de transmissão. Ou seja, foram selecionadas 400 pessoas que tiveram contato com o paciente de Manaus e todas elas receberam dose da vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo”, explicou.

Do total, a Sesab identificou oito pessoas com suspeita de infecção que já haviam recebido o bloqueio vacinal, todas elas com idade até 49 anos. “Essas pessoas poderiam vir a desencadear o sarampo, então passaram por exames”, disse Saavedra. O coordenador destacou ainda que as pessoas foram monitoradas por 30 dias e, ao final, dois casos foram descartados, dois confirmados e outros quatro que ainda estão sob análise.

“O processo de confirmação envolveu a detenção de fragmentos de anticorpos de sarampo. Como as pessoas tinham sido vacinadas, a dúvida era se isso acontecia em razão do bloqueio vacinal ou se, de fato, se tratava do vírus. Em parceria com o Ministério da Saúde, foram colhidas amostras de sangue para realização de sequenciamento genético, que apontaram a infecção desses dois pacientes”, explicou Saavedra.

No entanto, ele afirmou que, a partir da identificação desses dois novos casos de sarampo, as medidas de prevenção do estado e municípios devem permanecer intensas. “É uma nova cadeia que surge e, com isso, novas ramificações, novas possibilidades de contágio, o que exige que as ações da pasta sejam mantidas”, disse.

Retrocesso Ramon Saavedra também destacou que, neste momento, há uma preocupação do estado em não regredir. “Em 2016, a Bahia recebeu o certificado de eliminação do sarampo. Com esses novos casos de transmissão no estado, é necessário manter a doença longe do território baiano, porque, se o vírus voltar, será um retrocesso”, declarou.

Dados do DataSus, do Ministério da Saúde, apontam que, entre setembro de 2008 e setembro de 2018, foram identificados 11 casos de sarampo na Bahia. No entanto, a Secretaria de Saúde do Estado afirmou que, desde 1999, não existiam ocorrências da transmissão do vírus no território baiano.

Ramon Saavedra explica que os números destacados no DataSus dizem respeito a casos importados do sarampo. “Em 2006, tivemos um pequeno surto da doença na Bahia, mas todos os casos foram iniciados fora da Bahia. Os pacientes apenas receberam tratamento no estado”, disse.

Os casos a que Saavedra fez referência aconteceram no município de João Dourado, no centro-norte baiano. “Eles estão relacionados a casos de viagem, quando o vírus se instala no paciente em outra localidade e, quando ele chega na Bahia, passa a manifestar os sintomas”, declarou o coordenador.

O sarampo é considerado autóctone quando a primeira transmissão acontece dentro do próprio território - estadual ou nacional. “Esse caso de Manaus, por exemplo, é possível que tenha relação com o vírus que circula na Venezuela”, explicou Saavedra.

Nesta sexta-feira (23), o Ministério da Saúde divulgou que, desde o início do ano, até 21 de novembro, foram confirmados 9.898 casos no Brasil. Atualmente, o país enfrenta dois surtos de sarampo: no Amazonas com 9.477 casos confirmados e, em Roraima, com 347 casos. Três estados apresentaram óbitos pela doença: quatro em Roraima, seis no Amazonas e três no Pará. 

Sintomas De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), os sintomas do sarampo são: pessoa com febre e exantema (erupções na pele), acompanhada de tosse, coriza ou conjuntivite, independente da idade, situação vacinal anterior, deslocamento para áreas de risco nos últimos 30 dias ou contato com pessoas que tenham se deslocado para áreas de risco nesse período.

Desta forma, Ramon Saavedra afirmou que, independente de a Bahia ter atingido, “aos 46 do segundo tempo”, a meta vacinal para o sarampo, é necessário que a população não deixe de manter os cuidados para prevenção da doença. “Quem não recebeu a imunização, pode procurar qualquer posto de saúde espalhados pelos municípios baianos e manter a carteira de vacinação em dia”, explicou.

* Com supervisão da editora Mariana Rios