Vitor Belfort faz texto para irmã desaparecida: 'Eterno enterro'

"Queria que estivesse aqui", diz o ex-lutador, lembrando da irmã

  • D
  • Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

(Foto: Reproduçaõ) O ex-lutador Vitor Belfort publicou um texto emocionante em homenagem a Priscila, sua irmã, que está desaparecida desde 2004. Ele lembrou na postagem a última vez em que se encontrou com a irmã e fala do desejo de que ela conhecesse os sobrinhos, Davi, Vitória e Kyara. Priscila desapareceu em 9 de janeiro de 2004, em circunstâncias nunca completamente esclarecidas pela polícia.

"Pri, já se passaram 14 anos desde a última vez que nos vimos. Confesso que nunca imaginei que isso poderia acontecer, mas não vou perder meu tempo pois para quem fica esse assunto é pior que a morte. Pri, queria tanto que você estivesse aqui, queria poder te abraçar mais um vez, te beijar mais uma vez, queria tanto que você conhecesse seus sobrinhos: Davi, Vitória e Kyara. Eles sempre perguntam de você. Já contei a eles todas as histórias possíveis e impossíveis que tivemos juntos. Pri, depois que você se foi a mãe e o pai envelheceram bastante, não dá nem pra imaginar a dor que eles sentem. Cada um expressa de uma forma. Confesso que enterrar um filho(a) é algo que não deveria acontecer nunca, e  ter um filho(a) desaparecido deveria ser inadmissível", escreveu ele.

"O pai vai vir passar o Natal aqui com a gente, ele continua forte demais, mas ainda acha que é um garotão e sempre fala que pega mais peso que os jovens. Fala que dá “canseira” nos garotões nas partidas de tênis ou seja: continua daquele jeito! A mãe ainda não tirou passaporte nem visto, você sabe que ela sempre foi meio desorganizada, mas continua linda (mesmo não cuidando de sua saúde como deveria). Ela prometeu que agora vai começar a se cuidar pois tem 'lindos' motivos: um deles é ver os netos crescerem e ser uma bisa, ela é forte demais. Não posso esquecer que agora a Mãe e a Tia Cássia moram juntas, e Tia Cássia continua linda e uma super executiva (ela morre de saudades de você)", continuou.

"Me lembro que seu quarto era todo organizado e você sempre foi a certinha, do contrário, eu era muito desorganizado e bem bagunceiro, bem parecido com a mamãe! Querida irmã, ao escrever isso lembro do cuidado que você tinha comigo, sempre preocupada comigo e querendo me agradar. Se pudesse voltar o tempo confesso queria poder te dar meu último abração e o último beijo. O tempo como todos sabem é um santo remédio mas ao mesmo tempo para  algumas circunstâncias, ele é a própria morte. Conselho: 'Faça o tempo trabalhar em seu favor, não deixe o tempo te matar.' Creio que o desaparecimento é um eterno enterro até que o caso seja solucionado. Muita famílias sofrem com isso, e só eles sabem o quanto isso é doloroso", finalizou ele.

Belfort é casado com Joana Prado, com quem teve os três filhos - nenhum deles conheceu Priscila. Davi tem 13 anos, Victoria tem 10 e Kyara tem 9. 

Investigação Priscila Belfort desapareceu no dia 9 de janeiro de 2004, aos 29 anos, após ter sido levada pela mãe, Jovita Belfort, para o Centro do Rio, onde tinha um projeto social. Ela falou a amigos que ia almoçar e nunca mais foi vista.

Ao longo da investigação, a polícia apontou suspeitos e chegou a realizar exame de DNA em um corpo encontrado carbonizado numa favela do Rio. No dia do desaparecimento, Priscila tinha apenas R$ 40 consigo, de acordo com a família. O sigilo da conta bancária dela chegou a ser quebrado e se constatou que nenhuma movimentação foi feita após essa data.