Vitória, planejamento e imaturidade

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  • Elton Serra

Publicado em 20 de maio de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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As falhas de Caíque no jogo contra o Sampaio Corrêa, semana passada, evidenciam a fase da carreira do goleiro do Vitória. Um garoto em formação, que viverá momentos naturais de instabilidade ao longo de seu processo de amadurecimento técnico.

É difícil prever o futuro, sobretudo num esporte tão imprevisível como o futebol. O craque de hoje é o jogador comum de amanhã. Se no presente o atleta não convence, no futuro se torna acima da média. Caíque vive um momento de crise, agravado com o desempenho ruim do Vitória na temporada – uma equipe que não passa confiança e que, por conta da instabilidade, joga pressão nos jogadores mais jovens. Por isso, cravar que o camisa 23 rubro-negro será um dos grandes goleiros do futebol brasileiro é prematuro.

É impossível não lembrar de Jeanzinho. Em 2015, com 19 anos, o goleiro falhou feio na final da Copa do Nordeste e adiou o sonho do Bahia em conquistar a competição. Execrado por boa parte da torcida tricolor, perdeu a posição na equipe titular e só deu a volta por cima dois anos depois, quando conquistou o Nordestão e se tornou um dos jogadores mais valorizados do futebol brasileiro. Com 22 anos, Jeanzinho segue seu desenvolvimento no São Paulo, após se tornar uma das vendas mais caras da história do esporte baiano. Caíque pode seguir o mesmo caminho.

A evolução técnica de um jogador de futebol depende muito do ambiente no qual ele trabalha. Quase todos os jovens atletas que foram lançados em momento de pressão não conseguiram se desenvolver com qualidade. Normalmente, em situações de desespero, os dirigentes apelam para as divisões de base, um lugar onde se encontra mão de obra barata e cheia de vontade de mostrar serviço. Se não houver uma equipe capaz de dar suporte aos garotos, o tiro sai pela culatra.

Muita gente pode questionar a experiência de Caíque no Vitória. Estreou no profissional em 2016, em pleno clássico Ba-Vi, lançado pelo próprio Vagner Mancini. Tinha apenas 18 anos. Foi convocado à seleção brasileira sub-20 e ganhou espaço nos profissionais do rubro-negro. Com três temporadas nas costas, muitos acreditam que o goleiro já deveria ter se acostumado com a pressão. O problema é justamente o ambiente.

O Vitória, desde que Caíque subiu de categoria, vive momentos de instabilidade. Quatro presidentes assumiram o clube no período. Quatro diretores de futebol foram contratados. Alguns treinadores sentaram no banco de reservas. O planejamento (se é que existiu) muda de mês em mês. Em campo, apenas os títulos estaduais de 2016 e 2017. Fora da Bahia, vexames no Campeonato Brasileiro e eliminações precoces na Copa do Brasil, além de um jejum de títulos na Copa do Nordeste. O goleiro rubro-negro nunca teve uma equipe capaz de inspirar confiança e ajudar no seu desenvolvimento.

Com a chegada de Elias, Caíque ganhou um concorrente para a posição. O problema é que o goleiro recém-contratado também vive fase de desenvolvimento. Nunca disputou, inclusive, uma partida de Série A. Seus dois jogos na temporada foram pelo Campeonato Catarinense, contra os modestos Hercílio Luz e Atlético Tubarão. Chega à Toca do Leão, na pressão que o Vitória vive na temporada, sem ser solução para a defesa. Os problemas não serão resolvidos em curto prazo. O planejamento ruim segue prejudicando a evolução do patrimônio do clube.

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.