Vitória: uma equipe frágil técnica, tática e emocionalmente

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  • Da Redação

Publicado em 20 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O sucesso de um time dentro de campo está diretamente atrelado a esse tripé, o técnico, o tático e o emocional. Não gosto de análises precipitadas, mas os dois meses de trabalho no Vitória são suficientes para concluir que a equipe peca em todos eles, por isso está afundada em uma crise tão profunda que será necessário derrubar todos os alicerces que sustentam um clube: presidente, vice, diretor de futebol e técnico, esse último demitido anteontem.

Primeiro, o aspecto técnico. Este elenco montado pela cúpula rubro-negra é um dos piores já visto nos últimos anos, superando com sobra os times que brigaram para não cair nos últimos três campeonatos Brasileiros. Do goleiro ao centroavante, não há um que se destaque. Há, é claro, bons jogadores, como o lateral-direito Matheus Rocha, o zagueiro Edcarlos e o volante Léo Gomes. Mas não há sequer um capaz de definir partidas nos momentos cruciais.

Marcelo Chamusca é um treinador da nova safra, daqueles que gostam de colocar em campo alguns dos conceitos mais modernos, que prezam pela posse de bola e uma saída da defesa para o ataque com a bola no chão, envolvendo todos os jogadores. No Vitória, ele tentou fazer isso, porém a (falta) de qualidade no material humano prejudicou o seu trabalho. Não é segredo que o clube tinha imensa dificuldade para contratar, que está em dificuldade financeira e que é difícil concorrer com equipes da Série A. Mas não era permitido à diretoria rubro-negra errar tanto. De novo.

Eis, então, a grande falha de Marcelo Chamusca. O treinador é o responsável pela organização tática da equipe, pela maneira como a equipe vai se comportar defendendo e atacando, por fazer os atletas assimilarem os mecanismos para chegar ao gol adversário. As ideias podem até ter sido assimiladas pelos jogadores, mas era óbvio que, em campo, eles não conseguiram executá-las. Chamusca não conseguiu adaptar seu modelo de jogo ao elenco limitado que tinha em mãos. A conta chegou.

Sem contar os erros no meio do percurso. Não me parece lógico optar por construir o jogo a partir dos defensores e escalar Leandro Vilela e Wesley Dias em detrimento de Léo Gomes, que, dos três, é quem tem maior capacidade de organização e o único capaz de desarmar as linhas de marcação do adversário com um passe em profundidade. Por mais que Erick não viva boa fase, insistir em jogar com Yago e Andrigo nas pontas é abrir mão de dar profundidade à equipe, de chegar perto do gol pela linha de fundo. Quando o treinador percebeu isso e sacou Yago do time, o rubro-negro já estava em apuros.

Por fim, o emocional abalado dos atletas se reflete dentro de campo. O Vitória não vence há mais de um mês, sendo que foi batido nos três jogos dentro de casa para adversários de menor expressão, o último deles, um duelo que parecia tranquilo contra o desinteressado Fluminense de Feira. Ao levar o gol com dois minutos de partida, a equipe sentiu o golpe. Passa um filme na cabeça. Todas as frustrações vêm à tona: Botafogo-PB, Atlético de Alagoinhas... A ansiedade tomou conta dos atletas, e os erros, naturalmente, se multiplicam. O rubro-negro precisava apenas de um empate e, além de não conseguir marcar, levou o segundo gol. A casa desmoronou.

O momento, agora, é de reconstrução. Prestes a deixar a presidência antes do previsto, Ricardo David aposta no desconhecido Claudio Tencati, que fez um trabalho duradouro e conseguiu dois acessos com o Londrina. Que tenha sucesso no Vitória.

Rafael Santana é repórter do globoesporte.com