Vivemos em um período de exacerbação dos crimes de ódio

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Publicado em 28 de junho de 2018 às 08:19

- Atualizado há um ano

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Passados trinta e oito anos de fundação do Grupo Gay da Bahia (GGB) pelo antropólogo Luiz Mott, ativista combativo e intransigente na defesa dos direitos civis dos LGBTs, hoje, já temos alguns direitos conquistados e maior visibilidade social, porém, indivíduos LGBTfóbicos que outrora atuavam timidamente com receio da pecha de serem preconceituosos, hoje se mostram sem vergonha, colocando nossos direitos na agenda conservadora dos movimentos de extrema direita.

Tais movimentos, de inspiração fascista, fazem uso da mentira e dissimulação, manipulando imagens, palavras e textos nas redes sociais, deturpando Projetos de Lei pro-cidadania LGBT, visando confundir a opinião pública e disseminar o ódio contra mais 10% de nossa população representado pelos LGBT. Particularmente no Congresso Nacional, há deputados, sobretudo das bancadas evangélicas e do tiro, que insistem em demonizar as minorias sexuais.

Se o preconceito institucional faz com que nas Comissões parlamentares nossas pautas não progridam ou sejam derrotas, na sociedade global, assumir-se homossexual ou transexual, requer-se muita coragem para vencer todo tipo de violência: nas comunidades, para ser gay, lésbica ou travesti é como fazer parto em onça e barba em leão! E tais obstáculos incidem sobre todos os LGBT nas diversas classes sociais, porque mesmo que o indivíduo seja um cidadão distinto, profissional competente, a LGBTfobia cultural torna-o pessoa de segunda categoria, passível a todo tipo de preconceitos e discriminações.

Vivemos em um período de exacerbação dos crimes de ódio contra as populações mais vulneráveis, sendo que a comunidade LGBT tem sido extremamente vitimizada, encabeçando as listas de violência letal, geralmente com requintes de brutalidade. A pesquisa do site do GGB, Homofobia Mata, documentou 445 crimes letais contra LGBT no Brasil em 2017, incluindo 58 suicídios. Um aumento de 30% em relação ao ano anterior, uma morte a cada 19 horas, ocupando o Brasil a vergonhosa condição de campeão mundial de crimes homofóbicos. O alentado projeto de equiparação da homofobia ao crime de racismo foi arquivado após batalha de mais de uma década.

28 de Junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT, deve servir como momento de potencializar as reflexões relacionadas as causas geradoras das cruéis manifestações de violências contra nossa população, que mesmo considerando certos avanços, ainda é a mais vulnerável de todos os oprimidos pois sofre discriminação dentro da própria casa e na família.

É crucial que o poder público, Governo Federal, Governo da Bahia, Prefeitura do Salvador, Empresas Privadas, se empenhem na efetivação de políticas e medidas potenciais e efetivas para garantir não somente a visibilidade na mídia da população LGBT, mas radical gestão da diversidade, principalmente a garantia de seus iguais direitos cidadãos. Garantia que inclui segurança púbica, educação sexual nas escolas, campanhas eficazes contra HIV/Aids e apoio aos eventos culturais da comunidade LGBT, como Paradas entre outros.

É importe também que a população LGBT não se acomode, não retroceda, não volte para os armários mesmo no atual contexto de ódio, violências e crimes letais. Não podemos negar quem somos, precisamos cada vez mais afirmar em nossa identidade, colocar a nossa cara no sol, garantir a nossa presença fortalecida na cena pública e nos territórios de identidades de forma organizada, sempre dentro da Lei. É legal ser homo-transexual!

*é presidente do Grupo Gay da Bahia