Vivendo na barbárie sem sentido algum

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  • Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2018 às 14:17

- Atualizado há um ano

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Nascida em Zâmbia, a diretora negra Rungano Nyoni é responsável por ‘Eu não sou uma feiticeira’. Vencedora do Prêmio BAFTA e indicado pelo Reino Unido ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2019, a obra apresenta numerosos méritos tanto em termos de conteúdo como estéticos.

A narrativa traz uma menina que é acusada de bruxaria. Por isso, é levada para uma comunidade isolada onde mulheres como ela vivem presas a um carretel, para não fugir, e trabalham em plantações. Mas há sempre possibilidades de ascensão social e a jovem Shula, com oito anos, começa a servir aos interesses do Estado, identificando, por exemplo, com seus ‘divinos dons’ delinquentes.

Logo passa a ser objeto de manipulação estatal, indo a programas de televisão e participando de eventos públicos. Porém, e se ela não passasse mesmo de uma criança sem dons especiais? E se nenhuma das mulheres consideradas bruxas tivesse dom algum? O filme caminha por essas indagações num tom de fábula, em que o sofrimento da protagonista aumenta progressivamente.

A sua vida e a sua morte tornam-se apenas peças de um jogo maior, em que estão as tradições africanas, os preconceitos, as crendices e o poder manipulador. Cabe aos adivinhos, magos e bruxas responder pelas mazelas de uma sociedade sem governo ou polícia eficientes. O desespero e a dor comandam o espetáculo de um viver na barbárie sem sentido algum.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.