Você sabe o que é um fantasista?

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 17 de abril de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Existe uma palavra no futebol italiano que não há  em outros lugares. Além dos zagueiros, laterais, volantes, meias e atacantes, existe uma função bastante especial no “calcio”: a de fantasista. Fazendo uma tradução, o fantasista é um jogador que atua a partir do terceiro terço do campo, com características ofensivas de finalização e de criação de jogadas. Para ser considerado um fantasista, no entanto, não basta exercer essa função. É preciso ter um algo mais de, como diz o nome, fantasia. É um termo que envolve posicionamento, mas que só existe pela capacidade do jogador assim chamado de colocar fantasia junto ao poder de decisão (seja em passes, em gols, em aceleração e ritmo) em campo.

Contei tudo isso porque o brasileiro Douglas Costa ganhou, definitivamente, o título de fantasista na Itália. E os críticos por aqui não costumam banalizar o termo. Craques como Maradona, Baggio, Zidane, Del Piero e Kaká, por exemplo, são alguns dos que eram chamados assim quando jogaram no país. No fim de semana, Douglas deu três assistências nos três gols da Juventus na vitória diante da Sampdoria. Um feito que ele não tinha alcançado nem no auge do Bayern de Munique com Guardiola e que deixa claro o momento sensacional que vive na carreira.

Os italianos começaram a conhecer o gaúcho em pequenas doses, já que a primeira metade da temporada foi basicamente de adaptação. Em 2018, no entanto, Douglas Costa mostrou ser não só um ótimo atacante, como um jogador completo e, claro, um fantasista, capaz de definir jogos. 

Douglas teve ótimos professores para aprender o que hoje vemos em campo. Primeiro, trabalhou mais de seis anos com o romeno Lucescu, no Shakhtar Donetsk. O ambiente funcionou, principalmente, para o amadurecimento e aprendizado de como enfrentar adversidades e frustrações, incluindo as mais “simples”, como o frio extremo da Ucrânia. Em seguida, Douglas trabalhou com Guardiola, quando teve sua grande transformação entre as quatro linhas. Tornava-se um jogador maduro dentro e fora de campo. Na Juventus, com Allegri, Douglas parece ter aprendido a ter paciência e a demonstrar suas melhores qualidades em grandes partidas. 

Pra mim, Douglas garantiu vaga na Copa do Mundo há algum tempo. Mais especificamente, nas oitavas de final da Liga dos Campeões diante do Tottenham. De lá pra cá, só aumentou o recado: eu mereço essa vaga. Na fase que vive, e com a capacidade de colocar fantasia (no sentido italiano, que envolve poder de decisão), tem tudo para ser um dos jogadores mais importantes para o Brasil no Mundial.

Às Claras Tivemos jogadores brasileiros se tornando campeões europeus importantes no fim de semana. Com o título do Manchester City, Gabriel Jesus coroa um belo início de história na Premier League, ainda que, na minha opinião, neste momento, não está acima de Roberto Firmino. Na França, com o PSG, Daniel Alves conquistou sua quarta liga nacional seguida. Foram dois Espanhóis, um Italiano e um Francês na sequência. Com mais uma taça, o baiano aumenta seu recorde no futebol mundial para 37 títulos em 17 anos de carreira.

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa.