Você se atreveria a xingar a polícia sem medo de ser preso/a por desacato ou coisa pior?

A modelo e socialite Liziane Gutierrez fez isso; veja vídeo com comentário de Midiã Noelle

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  • Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2021 às 21:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Você se atraveria a xingar a polícia sem medo de ser preso/a por desacato ou coisa pior? Então, a modelo e socialite Liziane Gutierrez fez isso. E saiu tranquila, caminhando para sua casa. Não apenas isso, ela normalizou o racismo estrutural ao verbalizar que o lugar da polícia fazer operação [fechar uma festa clandestina com 500 pessoas em plena pandemia] é na favela. 

Esse vídeo nos apresenta o que há de pior e ao mesmo tempo, mais banalizado no Brasil: a normalização dos estereótipos dos corpos negros como corpos marcados para morrer e o previlégio da branquitude. Há pouco mais de um mês três mulheres foram mortas em ações policiais. Duas em Salvador e outra no Rio de Janeiro. Maria Célia Santana, Viviane Soares e a jovem gestante Kathlen Romeu não tiverem nem a possibilidade de reivindicar o direito à viver. Mas uma mulher branca em festa clandestina, pode tudo.    

Situação essa que pode ser confirmada através de dados como do relatório Anual da Segurança Pública de 2020, que aponta que os negros são oito a cada 10 mortos pela polícia no país. A população negra também é a mais encarcerada. Isso reforça cada vez mais que o Brasil de Liziane, não é o Brasil da população negra. É como o Gilberto Gil nos diz em Haiti: "E os pobres, são como podres. E todos sabem, como se tratam os pretos".

Midiã Noelle (@midinoelle), especial para o Correio Afro. Ela é colunista do @correio24horas, Fundadora da @commbne, mestra em Cultura e Sociedade (UFBA) e Líder do Programa Marielles Fundo Baobá