WhatsApp na mira: presidenciáveis travam 'guerra' na maior rede social do Brasil

Aplicativo tem 120 milhões de usuários no país e virou ferramenta na disputa

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  • Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2018 às 11:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tânia Rego/Agência Brasil e Nelson Almeida/AFP

Com mais de 120 milhões de usuários em todo o Brasil, o  WhatsApp virou o centro da disputa nas eleições presidenciais deste ano. Reportagem publicada, nesta quinta-feira (18), pelo jornal Folha de S. Paulo mostrou que empresas favoráveis à candidatura Jair Bolsonaro (PSL)  bancaram a disseminação de mensagens contra o Partido dos Trabalhadores (PT) na rede social. Bolsonaro,  líder nas pesquisas de intenção  de voto, por sua vez,  rebateu a reportagem com críticas ao PT. 

“PT não está sendo prejudicado por fake news, mas pela verdade”, escreveu Bolsonaro. “Roubaram o dinheiro da população, foram presos, afrontaram a Justiça, desrespeitaram as famílias e mergulharam o país na violência e no caos. Os brasileiros sentiram tudo isso na pele, não tem mais como enganá-los!”, escreveu.

Bolsonaro chamou a ação, que foi negada pelos empresários citados na reportagem da Folha, de “apoio voluntário”.  “Apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita. Sempre fizeram política comprando consciências”, afirmou o candidato. 

Em entrevista convocada no fim da tarde, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, afirmou que considera “impossível controlar” o uso que apoiadores do presidenciável fazem das redes sociais, mas negou que a campanha faça pagamentos ou tenha pedido a empresários para empregar recursos na disseminação de conteúdo contra o PT via WhatsApp.

“Nem o PSL nem a campanha do candidato Jair Bolsonaro e muito menos o candidato Jair Bolsonaro se prestam a esse tipo de papel. Toda e qualquer doação feita até hoje, fosse para o PSL ou para a campanha do candidato, são recursos doados via nossa plataforma, de acordo com a legislação”, afirmou Bebianno, ponderando: “Óbvio que existe sempre a possibilidade de apoiadores de um lado e de outro lançarem mão de suas redes sociais para se manifestar. Impossível você controlar. Como vai controlar o uso que as pessoas fazem de suas redes sociais? Simplesmente o PSL não tem absolutamente nada a temer, e a campanha também não. O senhor (Fernando) Haddad que prove o que está dizendo”.

Reação de Haddad Mais cedo, após vir à tona a reportagem do jornal paulista, Fernando Haddad afirmou, em coletiva de imprensa, que vai acionar todos os mecanismos judiciais para que a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) e os empresários supostamente envolvidos sejam punidos.

O petista citou até a possibilidade de que a candidatura do adversário seja impugnada e o terceiro colocado no primeiro turno (Ciro Gomes, do PDT) seja chamado para disputar a segunda etapa da disputa. “Em qualquer lugar do mundo isso seria um escândalo de proporções avassaladoras, poderia encerrar até com a impugnação da candidatura com a chamada do terceiro colocado para disputar o segundo turno”, disse Haddad.

A campanha do candidato do PT  à Presidência protocolou, ontem,  uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a Corte abra uma investigação com o objetivo de apurar possíveis crimes eleitorais cometidos pela candidatura de seu adversário. No documento, o PT diz que a campanha de Bolsonaro cometeu “abuso de poder econômico” e “uso indevido de comunicação digital”. 

PDT  O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse,   ontem, que o partido está preparando uma peça jurídica com a qual irá pedir o cancelamento ou a nulidade das eleições presidenciais de 2018.  Os argumentos do pedido ainda estão sendo preparados pelos advogados da legenda, que devem endereçar a solicitação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  Ele ponderou  que as fake news têm se transformado no grande problema desta eleição.

DiretasWhtasApp O WhtasApp informou ontem, em nota,  que vai investigar a denúncia de divulgação  sistematizada de fake news (notícias falsas) por empresas e que já tem banido centenas de milhares de contas durante o período das eleições brasileiras.

Regras do jogo O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, ressaltou,  ontem, a importância de os candidatos praticarem o fair play (jogo limpo) nas eleições e de seguirem  “as regras do jogo”. 

Cid Gomes Já o ministro Luís Felipe Salomão, do TSE, negou, ontem, um pedido do senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) para suspender a veiculação de uma propaganda do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, em que é exibido vídeo do pedetista com duras críticas ao Partido dos Trabalhadores.

PGR A procuradora-geral da República e procuradora-geral Eleitoral, Raquel Dodge, disse ontem  que as fake news  não “convêm ao eleitor nem à democracia”.