Youtuber com mais de 13 milhões de inscritos, Castanhari está na Netflix

Série Mundo Mistério investiga questões científicas como viagem no tempo e o Triângulo das Bermudas

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  • Roberto Midlej

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Se você perguntar às crianças e adolescentes de hoje qual o sonho delas, certamente uma parte muito expressiva vai dizer que deseja ser um youtuber de sucesso. E o paulista Felipe Castanhari, 30 anos, que começou seu Canal Nostalgia em 2011, conseguiu. Mas ele foi além: com mais de 13 milhões de inscritos, deu um salto e foi parar na Netflix, onde estreou nesta terça-feira a série Mundo Mistério.

Em oito episódios, a produção se aprofunda em questões científicas sem cair no didatismo. Tem também toques de humor, proporcionados pelas cenas ficcionais, passadas num laboratório, onde o próprio Castanhari convive com a Dra. Thay (Lilian Regina), que é uma cientista; o zelador Betinho (Bruno Miranda) e um supercomputador, que tem a voz de Guilherme Briggs, ídolo de uma geração por dublar atores como Harrison Ford, Jim Carrey e por dar voz ao Rei Julian, de Madagascar - aquele do “eu me remexo muito”.

Em oito episódios, Castanhari aborda questões intrigantes como o Triângulo das Bermudas e a possibilidade de viajar no tempo. Em seu canal, o youtuber se destacou por mesclar muito bem entretenimento com informação, o que se tornou raro, já que, muitas vezes o que se vê na internet é muito entretenimento e pouca informação.

E a mistura se repete muito bem na Netflix. Para isso, Castanhari assegura que teve liberdade absoluta: “Meu envolvimento foi o maior possível: criei, dirigi e até editei alguns episódios. Participei de todas as etapas, portanto, tudo tem meu dedo”. 

Mas o apresentador ressalta que teve um diferencial importantíssimo: uma numerosa e experiente equipe de pesquisa. Ele diz que durante todo o tempo de produção e enquanto escrevia o roteiro junto com os colegas, mantinha contato com os especialistas, para esclarecer eventuais dúvidas. 

Diz, com convicção, que, de todos os episódios, o mais complicado foi o terceiro, que trata da viagem no tempo: “Precisávamos entender como seria possível cientificamente viajar no tempo e tínhamos que ser muito responsáveis com a teoria”.

O segundo episódio, sobre a peste negra que se espalhou no mundo no século XIV, coincide com o momento em que passamos pela  pandemia do covid e é inevitável se comparar aquele cenário com o atual, embora, naquela ocasião, o número estimado de mortos fosse bem maior que o de hoje: imagina-se que até 200 milhões de pessoas morreram por causa da peste contra aproximadamente 700 mil em razão do coronavírus.

Num momento do episódio, Castanhari pergunta, em tom premonitório: “Será que uma epidemia hoje seria capaz de mudar as nossas vidas?”. O impressionante é que as gravações aconteceram em fevereiro do ano passado, quando ninguém imaginaria que cerca de dez meses depois o mundo iria praticamente parar por causa de uma pandemia.

Estrutura Em seu canal, Castanhari fazia vídeos sempre no mesmo ambiente, falando para a câmera, sem gravações externas e sem outras pessoas ao seu redor. Embora ele tivesse muito cuidado na produção, havia restrições orçamentárias, o que não permitiria jamais fazer algo como Mundo Mistério. “Para fazer externas, seria necessário ter diretor de fotografia, captação de som direto, maquiagem especial...”, observa o youtuber.

E na Netflix encontrou a estrutura que sonhava: equipes de animação, pesquisa, roteiro, técnica... E mais: em todos os episódios, viajou para gravar. Esteve na ilha de Bermudas, na Europa, Estados Unidos, interior de São Paulo e outros lugares. “Assim, tudo tem mais credibilidade”, defende.

Embora já tivesse alcançado o status de estrela no YouTube, Castanhari acredita que a Netflix tem um significado especial para a carreira: “Muita gente vai me conhecer por causa da Netflix, que tem um potencial gigantesco. Por isso, optei por não infantilizar o formato da série, embora haja personagens para ‘conversar’ com a molecada. Queremos falar também com o adolescente que está descobrindo o que vai fazer da vida profissionalmente e pode se interessar por ciência”.

“A gente valoriza o método científico”, diz numa mensagem implícita a terraplanistas e afins.