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Da Redação
Publicado em 27 de março de 2009 às 11:27
- Atualizado há 2 anos
Dificilmente eles podem ser vistos nas areias do litoral norte baiano ou nas disputadas cadeiras do Farol da Barra. A praia desses biquínis é outra. É muito provável encontrá-los sob o sol de Ibiza (Espanha), Saint-Tropez (França) ou Cascais (Portugal). Independente de qual seja o destino, os modelos não são de nenhuma grife internacional. São todos, sim, made in Bahia. Apesar da turbulência financeira global ter reduzido as exportações em todo o país, a moda praia baiana não deixará de marcar presença no Verão europeu de 2009. Os 800 funcionários da K Indústria, localizada na periferia de Salvador, mais precisamente no Parque Empresarial da Lagoa, em Fazenda Coutos, trabalham a todo vapor. De janeiro até agora, a empresa já enviou 30 mil peças para Portugal e Espanha. E, até maio, pelo menos mais 50 mil unidades serão transportadas para os dois países europeus. Deste total, 50% são biquínis, 20% maiôs, 20% saídas de praia e 10% sungas. O montante é 33% maior do que o exporta donoVerão passado, quando 60 mil peças foram vendidas. Eufórica, a proprietária da fábrica, Christiane Candeias, não sabe explicar o motivo de o setor não ter sido afetado pelos reflexos da crise mundial, mas comemora os resultados. “Graças a Deus, ela ainda não chegou para o público que consome nossos modelos de moda praia”, declara. Ela conta que seus principais clientes (Brasil e exterior) são grandes magazines. Das 400 peças fabricadas na K Indústria mensalmente, 10% são destinadas ao público que mora fora do Brasil. “Queremos ampliar este número. Já tenho“namoros”para exportar para Mônaco, Suíça e Dubai”. Segundo Candeias, os pedidos para fora do país normalmente são feitos entre os últimos três meses do ano. Já a entrega se estende até maio, época em que as vendas de moda praia na Europa começam a esquentar - lá o Verão começa em junho. Quanto à logística, ela conta que as peças são transportadas de avião, pois, além de a entrega ser mais rápida, não precisa juntar muita quantidade. “Enquanto de navio a viagem dura cerca de um mês, de avião, os biquínis chegam em dois dias, em média”, diz. EncomendasA proprietária da Cilly Confecções, Maria Auxiliadora Abreu, também não tem do que reclamar. Mesmo diante da recessão de alguns países, seus biquínis continuam fazendo sucesso nos Estados Unidos, França e Portugal. “Já mandei 800 peças e ainda faltam cerca de seis mil”, revela. A empresária, que atua no segmento de moda praia desde 1990, conta que o volume exportado este ano será triplicado. “Esse desempenho é fruto de uma parceria com outra fábrica baiana.Como um cliente português queria uma boa quantidade, dividimos a encomenda”, comemora. Crescimento já é esperado para 2010 Outro case de sucesso vemde Lauro de Freitas, da Coco Doce - que atualmente exporta cerca de 25% da sua produção para seis países da Europa. Somente este ano, 35 mil peças, sendo 90% de biquínis, já estão nas vitrines estrangeiras de seis países da Europa. O montante não foi superior ao do ano passado, mas “dentro do esperado”. Para a designer Rita de Cássia Vicente, uma das sócias da empresa, as exportações de 2009, principalmente na Europa, estão boas. “Esse resultado é fruto de um trabalho de seis anos. Tratamos exportação como um projeto de longo prazo e não como uma oportunidade de câmbio”, pontua, acrescentando que para a coleção summer 2010 já há uma expectativa de crescimento entre 10% e 15%.Grifes ficam de fora Embora dependa de uma série de fatores, o valor de um biquíni confeccionado na periferia de Salvador, por exemplo, pode ser vendido com um incremento de 300%, segundo a proprietária da Vivire - marca baiana de moda balneário, que inclui moda praia, fitness e roupas leves -, a estilista Virgínia Moraes. Ou seja: um modelo comercializado por US$16 (R$36), pode ser facilmente encontrado nas vitrines da Europa custando R$110. Levando em consideração a qualidade da matéria-prima, o preço pago pelos importadores vem dificultando o comércio exterior para algumas empresas baianas de moda praia. Maria 'Mesmo com recessão, meus biquínis são sucesso'O fato é que para compensar os custos com logística, eles precisam adquirir produtos com preços mais acessíveis, o que acaba inviabilizando a exportação das marcas mais renomadas, como é o caso da Vivire. “Se a marca não é conhecida lá fora, eles não querem pagar um preço justo”, pontua Virgínia. Isso justifica o fato de muitas exportadoras venderem peças sem a sua própria marca. Presente no segmento há 12 anos, a Costa Leste é outro exemplo. O fundador da marca, Joel Aragão, revela que exportava anualmente cerca de seis mil peças para a Itália. “Enquanto aqui o nosso biquíni custa R$110 na vitrine, em média, eles queriam que vendêssemos o mesmo produto por US$8, ou seja, cerca de R$18”. Tamanho P, M ou G? Seja pela criatividade ou por possuir uma modelagem ousada, o biquíni baiano é cobiçado internacionalmente por possuir características tipicamente brasileiras. Embora sejam produzidos com o estilo verde e amarelo de ser, para serem exportados, os modelos têm que se adequar ao estilo de cada país.Um deles é aumentar a numeração, passando o tradicional P para M, por exemplo. Dentre as particularidades, as alemãs são as mais comportadas quando o assunto é tamanho. Preferem os mais comportados. Já as portuguesas aprovam o modelo brasileiro, incluindo a dupla lacinho e cortininha. De acordo com a sócia da Martinica atualmente voltada para o atacado que também reforça a moda praia baiana fora do país -, Cassinha Duarte, em Angola, a preferência é por microbiquínis. “Lá, elas adoram os fios dentais. Já na Itália, os tamanhos e as formas são maiores do que os nossos”. Quanto à paixão pelo produto baiano, a empresária, que atua há 25 anos no ramo e há nove exporta, confessa que a Bahia está entre os estados preferidos pelos importadores. “Na verdade, o que importa é que o produto seja brasileiro. Mas a Bahia está na lista dos mais cobiçados porque temos boas confecções, que produzemcom boa qualidade”, declara, acrescentando que seus produtos são presença garantida em lojas de Portugal, Itália, Angola e França. O melhor tipo- Seios pequenos estilo cortininha, com bojo ou no estilo frente única. Os modelos tomara-que-caia com plissados também ajudam a dar volume. - Seios grandes sutiãs mais estruturados, com suporte abaixo do bojo. Valem também aqueles estilo faixa, mas com alças. - Quadris estreitos calcinhas de lacinhos são ideais, seja de amarrar dos dois lados ou de um só. Valem ainda aquelas com as laterais bemestreitas. - Quadris largos calcinhas tipo sungão ou mais fechadas no bumbum. Calcinhas de amarrar nas laterais também podem ser usadas, contanto que sejam menos cavadas. A calcinha de lateral mais larga é uma ótima escolha.(Reportagem publicada na edição impressa do CORREIO de 27 de março de 2009)>