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Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 23:26
- Atualizado há 2 anos
O Ministério da Agricultura recuou e liberou, nesta quarta-feira (30), a pesca de camarão e lagosta na Bahia e outros estados nordestinos a partir de 1º de novembro, um dia após anunciar o veto à atividade em algumas áreas.>
O motivo da proibição era o vazamento de óleo no litoral, que já foi identificado em nove estados, segundo o Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente.>
O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão. Cientistas têm alertado para riscos de contaminação em peixes e frutos do mar e um estudo da Universidade Federal da Bahia (Ufba) já apontou resquícios do poluentes nesses animais.>
Em nota, a ministra Tereza Cristina informou que a instrução normativa publicada esta semana, que antecipava para 1º de novembro o período de defeso de camarão e lagosta, será cancelada."O Ministério fez isso pelo princípio da precaução. Como nós não sabíamos como era essa mancha, enquanto isso estava sendo analisado, suspendemos a pesca em vários estados brasileiros onde esse petróleo chegou", disse a ministra."A gente já tem dados mostrando que não é necessário. A lagosta está sendo examinada, o Ministério da Agricultura está fazendo uma série de testes, não há nada que justifique acabar com a pesca agora", acrescentou.>
Apesar de a pesca estar liberada, o governo vai manter o pagamento de um salário mínimo para os pescadores em novembro, como já havia anunciado. Um total de 60 mil dos mais 470 mil pescadores cadastrados do Nordeste receberão auxílio. O defeso originalmente é acionado para assegurar a reprodução.>
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, na terça-feira (29), que só quando os exames laboratoriais conduzidos pelo Ministério da Agricultura tiverem resultados será possível avaliar o risco e a segurança para o consumo desses produtos.>
Confira o mapa atualizado com os locais na Bahia que foram afetados pelo óleo>
Estudos Pesquisa do Instituto de Biologia da UFBA, divulgada na semana passada, detectou resquícios de óleo em 38 animais marinhos de várias espécies. Os cientistas acharam metais pesados nas amostras, o que pode causar problemas de saúde em humanos.>
O óleo se deposita em rochas, areias e manguezais, que são onde mariscos, caranguejos, ostras e siris se alimentam. Quando esses animais filtram a água do mar, o petróleo pode entrar no sistema respiratório. Segundo especialistas, a lagosta está mais sujeita à contaminação por ter "movimento restrito".>
Já outra pesquisa divulgada essa semana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), avaliou 25 peixes da espécie carapeba entre a Praia de Ipioca, em Maceió, e Paripueira, no litoral norte do estado, e não achou vestígios do poluente. Outros exames ainda serão feitos.>
"Avaliamos em nível microscópico e macroscópico, mas faremos análises dos órgãos para detecção de metais e hidrocarbonetos", disse o especialista em toxicidade em peixes Emerson Carlos Soares, da Ufal. Também não foi identificada contaminação em corais.>
Outras instituições, como a estatal Bahia Pesca e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também vão fazer análises similares, mas ainda não há resultados divulgados. Empresas do setor afirmam que os peixes e frutos do mar consumidos no Sudeste não são oriundos das áreas afetadas pelo óleo.>