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Rede Nordeste, JC
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 15:03
- Atualizado há 2 anos
O então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho, ressaltou a gravidade da conduta de Deltan Dallagnol, procurador e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, na divulgação da palestra na qual ele daria revelações inéditas sobre a Lava Jato, mas deixou de abrir apuração oficial. >
É o que revelam os diálogos atribuídos a Deltan, outros procuradores e ao corregedor, divulgados pela Folha de S. Paulo na madrugada desta quinta-feira (8) e obtidos pelo site The Intercept Brasil através de fontes anônimas. >
Que palestras eram essas? Mensagens divulgadas em 14 de julho, mostram que Deltan Dallagnol teria articulado palestras e eventos para divulgar a operação e lucrar a partir da exposição da tramitação dos processos da Lava Jato. Por lei, procuradores não podem administrar ou gerir uma empresa, mas estão livres para serem sócios ou acionistas.>
“Venha conhecer pessoalmente os procuradores da Lava Jato em Curitiba e ficar por dentro do que está acontecendo na operação – em primeira mão!!”, dizia a divulgação inicial das palestras.>
Confira as mensagens Hindemburgo expôs sua reprovação acerca dos atos cometidos pelo procurador que, a partir de então, alterou o teor da publicidade da palestra. Em seguida, ele afirma que sua intervenção no episódio resultava do apreço que tinha por Deltan e saía da linha de atuação regular como corregedor-geral, o fiscal máximo da atividade dos procuradores.>
5 de julho de 2017:>
Hindemburgo: “Só quero lhe dizer q liguei em consideração a vc é ao Januário. Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o q fiz.”>
O procurador Vladimir Aras também escreveu a Deltan avisando que o teor da publicidade estava gerando críticas negativas entre colegas do Ministério Público. Mas Dallagnol>
4 de julho de 2017:>
Vladimir: “Delta, esse evento pago não está repercutindo bem. A história de “saber em primeira mão”. Já pensaram em suspender?”>
Deltan: “Se tiver o conteúdo das críticas, quero saber pra contornar no discurso, mas não suspenderemos de modo algum. Entendo sua preocupação e serei mais cauteloso.”>
Outra conversa entre Deltan e Hindemburgo ocorreu em 4 de agosto de 2017, fora dos autos de um processo, quando Deltan tratou do tema de suas palestras remuneradas.>
4 de agosto de 2017:>
Deltan: “Caro Hindemburgo, chegou meu relatório de diárias de 2016 e 2017. Chequei e ele mostra que realmente NÃO houve diárias/passagens pelo MPF para palestras remuneradas. A checagem é simples porque o contrato da palestra indica a data e então é só bater com as datas/viagens cobertas por diárias”, informou Deltan.>
Em seguida, o procurador disse que o fornecimento oficial dos nomes de suas contratantes de palestras à Corregedoria poderia levar a uma repercussão negativa.>
Deltan: “Como comentei pessoalmente, prestar essas informações geraria mais exposição (novos questionamentos porque permitiria identificar as entidades para quem dei etc), mas por um dever de lealdade a Você como corregedor e como quem confiou em mim, sinto-me impelido a deixar tudo à sua disposição para sua consulta quando quiser. Abraços e mais uma vez muito obrigado pelo cuidado conosco”, escreveu.>
O corregedor respondeu que não se opunha à posição de Deltan.>
Hindemburgo: “Obrigado a vc Deltan, mas não precisa se preocupar comigo. De qualquer modo, mantenha consigo para o caso de alguém questionar o fato”, escreveu o corregedor.>
As informações são do Jornal do Commercio.>