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Cantor descobriu caminho para enfileirar hits no Carnaval
Elaine Sanoli
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 05:25
Pela primeira vez assistindo ao Gigante, a paulista Thais Nogueira, 37, que nem é uma grande fã do cantor Leo Santana, reconheceu que era inevitável ir atrás dele neste carnaval. “As músicas dele estão bombadas”, diz em meio à euforia do Bloco do Nana. “Ele é a Bahia, ele é a negritude, ele é tudo que representa a Bahia hoje”, conclui.
‘Perna Bamba’ está na boca do povo, não é novidade. Uma das mais cotadas para ‘Música do Carnaval de 2024’, a canção de Leo Santana em parceria com a banda Parangolé chegou a atingir o primeiro lugar entre as músicas mais escutadas no país. Além desta, o novo ‘hitmaker’ da Bahia lançou “Golzinho Vermelho” e “Descontrolada” ainda neste carnaval, também com grande adesão do público.
Desde 2010, época que ainda estava no Parangolé e conquistou o título de música do carnaval com “Rebolation”, Léo emplaca sucessos chicletes que não saem do ouvido do povo. A pergunta que não quer calar é: o que ele está fazendo para alcançar tanto sucesso e tão rápido?
Leo aposta na sua capacidade de comunicação com seu público para explicar o sucesso das músicas. O Gigante conta que quando escolhe uma canção para emplacar, ela precisa obedecer ao seu principal critério: ser um hit dançante, que faça seu público enlouquecer. “Não penso no sucesso dela [a música] e, sim, se o povo vai gostar, vai curtir, vai dançar, aí gravo com a banda”, conta.
Essa percepção é refletida nos seus ouvintes. “Ele é muito humano. Ele tem esse diferencial. Ele sabe dialogar bem com o público dele especialmente”, sugere Rodrigo Pedroso, 37. O paraense acredita que a chave do sucesso do cantor é o entendimento que ele possui de quem o acompanha.
Sensualidade
Para o crítico musical, Hagamenon Brito, com talento e maestria, Leo Santana consegue realizar o que poucos cantores na cena baiana conseguem atualmente, a junção de elementos fundamentais para viralizar suas canções. Sensualidade, conexão com os novos tempos e novas formas de mídias, influências musicais vindas do hip-hop e do R&B americano em um som completamente baiano, tudo isso com pitadas de beleza e charme, porque ninguém é de ferro. “A música baiana não é rica em sexualidade. Os artistas baianos [que cantavam no carnaval] desde lá no início são mais lúdicos, são mais brincalhões do que sensuais. E ele [Leo] é um cara grande, bonito, conectado com esses novos tempos”, comenta.
Outro fator apontado pelo crítico é o fato de o cantor trabalhar com o tema “sexualidade” nas suas produções, tangenciando a ideia de ‘baixaria’. “[Ele] consegue flertar com a baixaria, mas não chega lá. Ele fica mais na coisa dúbia. ‘Perna bamba’ já é um pouco mais [próxima], porém mesmo assim não chega à baixaria de outros cantores”, avalia.
“É um pagode bom, sem baixaria, é um pagode gostoso”, reforça a técnica em enfermagem Tânia Soares, 45. Para ela, esse é um fator preponderante para que ela saia atrás do trio do cantor durante o carnaval. Há oito anos ela acompanha o cantor e desde então sai todos os anos atrás do GG.
Ninguém consegue ficar parado. Quando a música do GG começa a tocar, as ruas viram uma grande pista de dança. Esse é, inclusive, outro elemento da fórmula de Leo. “Ele usa as coisas das redes sociais, a coisa da dancinha do TikTok, ele é muito bem produzido nesse sentido”, afirma Hagamenon, em referência aos últimos sucessos do cantor.
Em 2023 o cantor apostou no “Desafio Posturado e Calmo” nas redes sociais e mobilizou uma massa de fãs em cada show que fazia por cidades do país. No mesmo ano, a coreografia de “Zona de Perigo” virou trend no Tiktok com uma enxurrada de vídeos dos internautas executando a dancinha que virou febre no carnaval do ano. No Spotify, a música chegou a alcançar o 25º lugar na playlist das músicas mais ouvidas em todo o planeta.
As estratégias de circulação da canção outra etapa no processo de escalada para o sucesso. Em tempos de uso massivo de redes sociais, a música precisa movimentar os seguidores para assim nascer um ‘hit’. Neste ano, a aposta de “Perna bamba” tem causado nas ruas de Salvador. Em todas as passagens do trio do Gigante é o comportamento padrão: o público mete dança ao som da possível música do carnaval.
Com o Bloco do Nana, o cantor levou multidões ao circuito Dodô, na Barra, na sexta-feira (9) e no sábado (10). Sempre com o ânimo nas alturas, Léo levantou para o público um repertório cheio de hits de sucesso, clássicos do pagode baiano e resgatou muitas canções da memória dos foliões.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
O Correio Folia tem apoio institucional da Prefeitura de Salvador.