Agênero, oversized e minimalista, marca baiana veste pessoas livres de rótulos

Queer Fox foi criada pela baiana Lu Raposo deixou estudos em Neurociências para se dedicar a novo projeto

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  • Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2022 às 19:00

- Atualizado há um ano

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Quando concluiu os estudos em Ciências Biológicas com foco em Neurociência em Londres, ao invés de permanecer na Inglaterra, a baiana Lu Raposo decidiu voltar à sua terra natal para contribuir com seu país através da sua profissão. No entanto, o que estaria no seu futuro não seria a ciência ou algo parecido, mas a moda, que aconteceu na sua vida de maneira muito natural.

“A bagagem que adquiri durante os estudos no exterior me permitiu entender melhor a vida, aprender muito sobre o comportamento e desenvolvimento humano, possibilitando aprofundamento no estudo sobre gênero, sexualidade, sexo", inicia Lu. 

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Ela questiona: "O que é inerente? O que é uma questão de estereótipo que pode limitar a liberdade do outro? A moda foi um meio de me expressar com mais confiança a partir das mudanças que vieram quando encontrei as respostas que buscava”.

Foi essa virada de chave que a fez criar, em 2018, a Queer Fox, uma marca de roupas agênero, oversized e minimalista que tem o objetivo de incentivar a criatividade e originalidade dos seus clientes através das suas peças. Vestir pessoas livres de rótulos é a premissa da marca, que busca convergir também com as artes, como grafite, pintura e design para que todos e todas consigam se conectar.

Ela explica que se me sentia diferente, uma pessoa estranha e fora do padrão e a arte se tornou um meio de conhecer pessoas com as quais eu se identificou. 

Ao criar a Queer, conta que teve em mente não somente uma marca de roupas, mas um movimento com seres diferentes, com corpos diferentes, que pudessem se sentir incluídos e encorajados a se expressar através da moda, que pode e deve movimentar a sociedade, criando um meio de comunicação entre pessoas diversas.

Lu Raposo começou a empresa sozinha, mas atualmente é responsável pela administração e sua sócia, Aline Fernandes, atua na parte de criação.

Grécia A linha Eros foi a primeira a ser lançada, contando com camisetas oversized nas cores brancas, preta e vermelha com um estilo de gola quadrada de material 100% de malha de algodão. Foi no período de concepção da linha que a empresária começou a ir a fundo na história de gênero e através de muita pesquisa percebeu como a idéia das vestimentas diferenciadas refletiam no papel de cada ser na sociedade.  

"A história Grega de fato me chamou mais atenção pelo contraste de vestimentas. Homens vestindo saias e vestidos era o padrão em certa época. As histórias gregas de Eros e Ícaro encaixaram perfeitamente no conceito da modelagem das nossas peças, geométricas e oversized", explica. 

Com a história de Eros, as peças foram modeladas pensando na representação do Deus andrógino, portanto as camisas apresentam uma modelagem que permite versatilidade e liberdade de expressão, podem ser usadas por cima de uma calca ou por baixo, ou como vestido e não apresentam nenhum conflito de cor, já que possuem as cores brancas e pretas.

Depois da linha Eros veio  a primeira coleção da Queer, idealizada por Deco Sodré e Gabriel Mendes, com a modelagem de Gefferson Villanova, contando com conjuntos de viscose e 2 bolsas de algodão feitos no período da pandemia e, por isso, ganhou o nome Transições.

Voltada para o público LBGTQIAP+, a Queer tem cartela de clientes fiel na Bahia, mas já atende pessoas de outras partes do Brasil e também do exterior, como São Paulo e Londres. Recentemente passou a integrar uma loja física em Salvador e lançou o e-commerce próprio, com a linha e as coleções já criadas. Para o futuro, o objetivo é lançar novas coleções ainda em 2022 e continuar trabalhando para espalhar  sua mensagem através da moda urbana.

"A marca é o que me faz sentir feliz. Ver pessoas confortáveis em sua própria pele e apoiando uns aos outros me faz sentir aliviada em um mundo com tantos conflitos e intolerância. Então desenvolver a marca é uma questão de tempo e estudo. Sou apaixonada pela Queer Fox e o que a marca representa”, finaliza a empresária.