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Álbum de estreia do cantor e compositor soteropolitano será apresentado nesta quinta (21), às 20h
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2017 às 16:40
- Atualizado há um ano
Ian Lasserre fala por poesias, e é esse o tom que também imprime às suas composições. Só que além das letras, ele está bastante interessado no som - especialmente naquele produzido pelas vozes e por instrumentos predominantemente acústicos, como violão, guitarra e baixo.
Acompanhado de uma banda enxuta, composta por mais três músicos, ele lança nesta quinta-feira (21), às 20h, no Teatro Gregório de Mattos, seu álbum de estreia: Sonoridade Pólvora. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e podem ser comprados aqui.
Na apresentação, somente as composições presentes no disco, executadas por ele ao lado dos músicos Alexandre Vieira, Tarcísio Santos e Sebastian Notini, que também foi produtor musical do trabalho. "Transformamos um pouco os arranjos para que os quatro músicos pudessem executá-los. Apostamos em uma banda compacta que pudesse se apresentar tão bem ao vivo quanto o que está no disco. Escolhemos manter esse grupo coeso para defender essa ideia, então não haverá convidados, nem muitas participações. Quis fazer a apresentação do disco, e não das músicas que fiz em outros momentos, nem releitura de outros artistas que costumo cantar", diz. O show contará apenas com participação do clarinetista Ivan Sacerdote.
Sonoridade Pólvora "Está explodindo alguma coisa, mas são só duas palavras", diz sobre a provocação quase sinestésica presente na faixa-título. E é ao esutar a obra na íntegra que somos surpreendidos a todo momento por cheiros, texturas e temperaturas.
Conforme detalha o artista, há em Sonoridade Pólvora uma atmosfera acolhedora, baseada em referências brasileiras e baianas mescladas, ao mesmo tempo, com elementos globais. "O solo de violino da faixa-título tem uma carga super forte e é de Pedram Shahlai, um músico curdo que nem cheguei a conhecer pessoalmente e que gravou pra gente em plena Primavera Árabe, em outro lugar do mundo. Não teríamos esse tipo de energia se não tivéssemos rodando a manivela nesse sentido", conta.
O disco é composto por oito faixas autorais, mas apesar do reduzido número de canções, muitas delas têm mais de quatro minutos. "É a forma que a gente tem de transformar a canção em instrumentalização, de poder registrar um solo de guitarra de três minutos, por exemplo", conta ao efantizar que o formato dá a "sensação de quase trilha ao permitir a expressão de músicos fabulosos". Dentre eles, o guitarrista Felipe Guedes, que a partir de um "erro" soube aproveitar a deixa e gravar um solo que é destacado por Ian como a "manifestação do devir criativo", mesmo após bastante ensaio.
"Procuramos no estúdio gravar todos juntos, evitando corrigir com equipamentos eventuais vestígios de que estávamos, ali, tocando ao vivo. É uma linha que define toda a ideia desse disco, do estético ao técnico", comenta.
A quantidade reduzida de instrumentos e a gravação ao vivo colocam em primeiro plano o trabalho do músico com seu instrumento (violão), com a sua voz e com a banda que o acompanha. Há ainda a aposta em sonoridades de instrumentos pouco utilizados na canção brasileira, como a do clarone e da flauta baixo.
Fascínio Além das muitas referências musicais do artista, o trabalho também deixa evidente o fascínio dele pelo mar e por outros elementos da natureza. "O fato de eu ser soteropolitano, e me deparar todo o dia com o mar desenvolveu esse fascínio em mim. Quando eu era criança, tinha muito medo do mar, mas depois, como morava em Piatã e passei a surfar, isso foi se transformando. Acho que esse fascínio transborda na minha música. Mas há outros elementos também, Pindorama é uma música bem do chão, da terra", conta. Apesar de ser um trabalho solo, feito sob sua assinatura, Ian acredita mesmo é na força das coisas coletivas, colaborativas e espontâneas. "Gosto de dar espaço ao acaso e de entender que esse disco é uma pequena imitação da vida", reflete. É assim que o disco supera o desafio de ir "além de um amontoado de músicas reunidas em uma mídia".
É essa a tônica da carreira que o artista tem construído no cenário musical de Salvador. Ele fez parte do coletivo de compositores Manontropo, que esteve ativo entre 2009 e 2012. Participaram desse coletivo nomes como Filipe Lorenzo, Danilo Fonseca, Giovani Cidreira, Thiago Lobão, Davi Comodo, entre outros.
Contudo, a parceria entre os membros não cessou. Ian, por exemplo, participa do álbum Odisseia Baiana, que Lorenzo lançou em 2017, com quatro composições, além de cantar em uma das canções. O próprio Sonoridade Pólvora traz parcerias de Ian com membros do Manontropo, como Thiago Lobão, a quem classifica como um "poeta compulsivo".
Sonoridade Pólvora sai pelo selo sueco Ajabu Records e já foi lançado digitalmente no primeiro semestre na Alemanha, no Japão e na Suécia. No Brasil, a distribuição é da Tratore.