Maldade: Flora magnetiza e novela se transforma em mania nacional

A sensacional psicopata irá presa depois de receber tiro da própria filha

  • D
  • Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2009 às 13:04

- Atualizado há um ano

Com o diria o nosso popularíssimo presidente da República, nunca antes na história da teledramaturgia deste país houve uma vilã como Flora Pereira da Silva, brilhantemente interpretada por Patrícia Pillar em A favorita. Bia Falção (Fernanda Montenegro), em Belíssima (2005)? Lêoncio (Rubens de Falco), que fazia a coitada da escrava Isaura (1976) comer o pão que o diabo amassou? Odete Roitman (Beatriz Segall) em Vale tudo (1988)? A impagável Nazaré Tedesco (Renata Sorah) em Senhora do destino (2004)?

Flora (Pillar): sentimento doentio por Donatela (Raia)

Todos esses personagens também são psicopatas (ou loucos) inesquecíveis das novelas brasileiras, pois não, mas nenhum deles atingiu o nível de crueldade de Flora. Dizem que o ditador Adolf Hitler (1889/1945) foi o mais próximo que o ser humano chegou do conceito de mal absoluto. Os atos do líder nazista causaram a morte de milhões de pessoas, é verdade, mas ele amou muito Eva Braun (com quem viveu 14 anos) e Blondie, uma bonita cadela da raça pastor alemão. Já Flora é incapaz de sentir amor por alguém, até mesmo pela filha Lara (Mariana Ximenes), a quem não hesitaria em matar.

A força dramática da personagem e da história escrita por João Emanuel Carneiro (Da cor do pecado, Cobras & lagartos), que faz psicanálise e se inspirou no seu lado sombrio para criar Flora, transformou a novela do horário nobre da Globo (TV Bahia) em mania nacional desde o começo de dezembro, alcançando picos de 46 e 48 pontos no ibope. E essa audiência tende a aumentar esta semana, a última da trama que chegou a preocupar a Globo quando estreou, em junho, com índices baixos (cerca de 34,8 pontos na Grande São Paulo).

Fernando Guerreiro, competente e premiado diretor teatral da Bahia, costuma ver cenas de A favoritano site You- Tube, já que a novela vai ao ar no seu horário de trabalho, e não poupa elogios à história. 'Flora é uma radicalização da vilania. O autor, que é muito inteligente, foi deixando, deixando e o público foi gostando. E aí, ela foi ficando cada vez mais perversa. Ela é totalmente imoral, não liga para nada. A novela é genial', diz.

Guerreiro também lembra que A favorita reverteu o padrão natural dos folhetins eletrônicos, pois teve uma reviravolta logo no começo. E, num modo cínico à la Flora, o diretor conta que não consegue sentir raiva da personagem e torce contra a boa senhora Irene (Glória Menezes). 'Não sinto raiva, porque o papel me convence (Patrícia Pillar está muito bem). Não torço pelo fracasso dela. Acho que Irene é que devia morrer, porque ela é muito chata. Claudia Raia (Donatela) é que deve estar virada no demônio, porque perdeu a novela para Patrícia'.

Curiosamente, mesmo sendo má feito o Pica-pau, Flora provoca risos quando xinga seus desafetos com frases e expressões engraçadas como 'purgantezinho', 'xarope', 'vaquinha', 'caipirona', 'molequinho tinhoso' e 'toupeira'. Antes de concretizar a morte do patriarca da história, por exemplo, numa cena memorável e inspirada pelos filmes de terror de Hollywood, a vilã chamou Gonçalo Fontini (Mauro Mendonça) diversas vezes de 'velho babão', quando estava na companhia do comparsa Silveirinha (Ary Fontoura). Em entrevista à Folha de S.Paulo, João Emanuel Carneiro explicou de onde ele retira tais expressões: 'É uma coleção de atrocidades. Umas eu invento, outras escutei alguém dizer. São coisas que qualquer um com superego não se permite nem pensar, quanto mais dizerem voz alta .Por isso chamam tanta atenção'.

DESTINO FINAL A escritora, dramaturga e advogada Aninha Franco é outra que se rendeu aos encantos de Flora e Patrícia Pillar: 'Há muito tempo eu não assistia a uma novela. Não estava interessa da mesmo. Até que uma amiga me alertou do diferencial da dramaturgia de A favorita. O autor fez uma coisa ótima, trouxe de volta uma dramaturgia inteligente, com texto extremamente contemporâneo e vivo.

Mas o grande personagem é Flora e Patrícia Pillar está interpretando muito bem'. Mas o que acontecerá à sensacional psicopata? O ator Frank Menezes, atualmente em cartaz no Teatro Módulo (Pituba) com a peça O indignado, acha que Flora 'morre ou vai parar em um manicômio'. De acordo com informações publicadas pelo jornal carioca O Dia, no fim de semana, a vilã será presa e sofrerá bastante em seus momentos finais.

Antes, porém, ainda no último capítulo, Lara vai atirar em Flora. A psicopata descobrirá que Donatela e Zé Bob (o fraco ator Carmo Della Vechia) vão passar a lua-de-mel em uma casa no Guarujá. Completamente transtornada, Flora irá até a casa e, ao encontrar Donatela, por quem é obcecada, dirá: 'Não posso deixar você sozinha, tenho de cuidar de você, minha irmazinha'.

Apavorada, Donatela pede para Flora ir embora. Enquanto isso, Irene e Silveirinha seguem para o Guarujá quando ficam sabendo que a vilã descobriu o paradeiro dos noivos. Na casa, Flora ameaça a 'jumenta' Donatela comum revólver. Zé Bob aparece, puxa Donatela e corre, mas Flora destrava o gatilho e atira, atingindo o jornalista nas costas. Nesse momento, Lara, Irene e Silveinha entram na casa e Flora grita: 'A cavalaria chegou para te salvar?'. Irene saca uma arma, mas é desarma da pela vilã. Lara então puxa o revólver do segurança e atira em Flora, que é acertada no ombro. Ela acaba presa e na cadeia é massacrada pelas detentas. O bem vence o mal.

TOP 10 da VILANIA1 Flora (Patrícia Pillar, A Favorita/2008) 2 Leôncio (Rubens de Falco, A Escrava Isaura/1976) 3 Bia Falcão (Fernanda Montenegro, Belíssima/2005) 4 Donato Menezes (Miguel Falabella, minissérie As Noivas de Copacabana/1992) 5 Odete Roitman (Beatriz Segall, Vale Tudo/1988) 6 Nazaré Tedesco (Renata Sorah, Senhora do Destino/2004) 7 Laura (Cláudia Abreu, Celebridade/2003) 8 Raquel (Glória Pires, Mulheres de Areia/1993) 9 Maria de Fátima (Glória Pires, Vale Tudo/ 1988) 10 Marta (Lilia Cabral, Páginas da Vida/2006) *Com colaboração de Camila Mello

Veja também: