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Roberto Midlej
Publicado em 21 de maio de 2024 às 06:00
O cantor e compositor baiano Tiganá Santana está chegando ao seu sétimo álbum, Caçada Noturna, que já está disponível nas plataformas de música. Gravado em Portugal e produzido pelo próprio artista junto com Leonardo Mendes e Ldson Galter, o novo trabalho é, para Tiganá, uma volta às “canções desnudadas”, que, como ele mesmo explica, são as canções em “estado de compostas, sem muitos rodeios”. >
Mas isso não significa, em hipótese alguma, que o disco foi feito com menos capricho que os anteriores. O que Tiganá destaca desta vez é, principalmente, o uso das cordas, que ele revela ser um antigo desejo seu: “Isso acontece porque eu componho a maioria das minhas músicas por meio de instrumentos de cordas, violão e guitarra. E também marca o meu desejo de voltar a gravar um álbum mais de canções. Meu álbum anterior [Iroko, 2023] traz cenas sonoras, num universo de experimentação ainda maior”.>
O público de Salvador vai poder ouvir ao vivo essas novas canções amanhã no Teatro Sesc Casa do Comércio, às 20h. Tiganá se diz feliz de ter apresentado o novo álbum ao público do Rio de Janeiro, mas que a sensação de se apresentar para os conterrâneos é diferente: “É sempre um frisson, uma alegria tocar na minha terra. Então, estou muito feliz com isso e haverá canções que são do álbum, claro, mas, dos outros álbuns e outras que eu jamais gravei ou cantei publicamente”.>
Caçada Noturna tem sete canções e somente uma delas não é de Tiganá: Das Matas, de Fabrício Mota. O cantor diz ter conhecido a música há mais de dez anos e gostava muito dela. Achou que finalmente chegou a hora de gravá-la e a escolha dela para abrir o álbum tem uma razão: “Ela abre o disco porque é uma homenagem direta à minha divindade [Oxóssi] e é uma passagem. É um primeiro portal, por meio do qual as pessoas passam para chegar a essa partilha íntima”.>
Das Matas começa com os seguintes versos: “Verde palha no milho ele chegou/ Rei de Ketu da mata, irmão de Ogum/ Pele ébano da África vodum”. Para Tiganá, essa música representa “uma abertura de caminho das matas”: “Para que a Caçada Noturna se dê na busca, por aquilo que não se apreende diretamente… chegar aos sentimentos profundos de amor, chegar à presença da ancestralidade. A gente entra por esse portal trazido, sugerido por uma ideia dessa força de busca que é Oxóssi”.>
Como se percebe em toda a obra de Tiganá, o candomblé está sempre presente. Mas, para ele, a presença da religiosidade não se restringe à música: “Isso atravessa tudo, porque eu tenho uma relação com o candomblé que remonta à minha infância. Então, é algo formador mesmo da minha forma de estar no mundo, de conceber o que seja mundo. Então, está em tudo, mesmo que não explicite essa relação nativa com as forças, com os elementos apresentados pelo candomblé especificamente”.>
SERVIÇO - Show de lançamento do álbum Caçador Noturno, de Tiganá Santana | Amanhã (22), às 20h, na Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves, 1109) | Ingresso: R$ 100 / R$ 50.>
*com informações de Luiza Gonçalves>