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Carmen Vasconcelos
Publicado em 23 de junho de 2025 às 06:00
Durante as entrevistas de emprego, os recrutadores costumam pedir ao candidato que relacione sobre os próprios defeitos e qualidades. >
A pergunta, embora direta, possuem camadas importantes que ajudam a avaliação da compatibilidade entre a pessoa candidata e a vaga. O CORREIO ouviu especialistas que dão dicas sobre como responder essas questões de modo a se sair bem nessa etapa da conquista de um posto de emprego. >
A gerente executiva da consultoria global de soluções em RH ManpowerGroup, a psicóloga com mais de 10 anos de atuação em Recursos Humanos Polyana Macedo afirma que abordar os defeitos sem que isso tenha um peso negativo na avaliação do recrutador exige que o candidato demonstre que tem consciência do “defeito “e que está buscando evolução. “Escolha um ponto de melhoria real, e explique o que tem feito para melhorar. Exemplo: 'Sou uma pessoa que tende a ser perfeccionista, então tenho trabalhado em aceitar versões boas o suficiente quando os prazos exigem’. Isso demonstra maturidade e autodesenvolvimento”, ensina. >
Polyana reforça que esses questionamentos são importantes porque ajuda o recrutador a entender o nível de autoconhecimento, maturidade e capacidade de se desenvolver. “Também ajuda a identificar se você tem perfil alinhado à cultura da empresa e à vaga”, diz, reforçando que além do autoconhecimento, a questão serve para medir aspectos como sinceridade, a habilidade de comunicação e a atitude diante de falhas ou desafios. >
“Candidatos que sabem falar de si com equilíbrio e transparência tendem a ser mais bem avaliados”, pontua a gerente. >
Sinceridade e equilíbrio >
O especialista em recolocação profissional do My Career by LHH Daniel Stolses complementa reforçando que a pergunta é clássica porque ajuda o recrutador a entender como o candidato se enxerga, se tem noção dos seus pontos fortes e das suas dificuldades. “Queremos ver como esse profissional lida com suas falhas e se tem o perfil certo para o time e para o cargo”, esclarece. >
Para não escorregar nas respostas, a dica de Daniel é falar com sinceridade, mas com equilíbrio. “Mostre que você já está se esforçando para melhorar. Por exemplo: ‘Eu costumava querer resolver tudo sozinha, sem pedir ajuda. Mas percebi que em equipe tudo flui melhor, e hoje divido mais as tarefas’”, orienta Stolses. >
Polyana Macedo destaca ainda que evitar a resposta pode passar a impressão de falta de preparo, insegurança ou autoconhecimento limitado. “Mesmo que a pergunta cause desconforto, é melhor apresentar uma resposta simples e honesta do que se esquivar completamente”, complementa. >
Qualidadades >
Para abordar as qualidades sem parecer esnobe, a dica da psicóloga é trazer a qualidade acompanhada de um exemplo prático. Isso torna a resposta mais autêntica e menos arrogante. >
“Por exemplo: ‘Sou muito organizado — em meu último projeto, criei um cronograma que ajudou a equipe a entregar tudo dentro do prazo’. O foco deve estar no impacto da qualidade, não no ego”, diz a representante do ManpowerGroup. >
Com uma postura semelhante, Stolses sugere que o interessado na vaga em questão treine contar as próprias experiências com foco nos resultados. Autoreflexões podem não ser muito comuns, mas a psicóloga sugere que o candidato comece refletindo sobre momentos marcantes da sua trajetória profissional: desafios, elogios recebidos, aprendizados. >
“Pergunte a colegas ou líderes de confiança sobre seus pontos fortes e oportunidades de melhoria. Ferramentas como feedback 360º ou mesmo anotações pessoais ajudam nesse processo. Reflita sobre suas experiências e identifique padrões de comportamento. Liste de 2 a 3 qualidades e 1 ou 2 pontos de melhoria. Pense em exemplos reais para cada um”, sugere Polyana. >
Daniel Stolses, por sua vez, diz que a melhor forma de garantir uma boa entrevista é fazer uma pesquisa sobre a empresa e a vaga. “Algumas coisas fazem toda a diferença, então chegue no horário (isso é básico, mas conta muito!), mostre interesse fazendo perguntas também e acima de tudo: seja você mesmo. Isso ajuda a criar uma conexão verdadeira com o recrutador”, finaliza.>