Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Priscila Natividade
Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 11:00
- Atualizado há 2 anos
Energia suficiente para economizar até 95% na conta de luz. O subúrbio é mais solar do que se imagina e é bem verdade que os especialistas em automação Alielson Paz e Rafael Luciano, nunca duvidaram disso. Moradores do bairro de Periperi, ainda quando eram colegas de turma no curso técnico em mecatrônica, eles sabiam que o sol que brilhava lá era diferente. >
CONHEÇA O CORREIO AFRO>
“Fazíamos um curso para os alunos de média e baixa renda em que o pai ou mãe trabalhasse na indústria. Depois do estágio, nutrimos o desejo de montar um negócio voltado para a área de automação residencial e de energia solar. Um tempo depois, Rafael fundou a empresa e logo em seguida, me juntei a ele com essa proposta de atender essa demanda do mercado”, conta Alielson Paz. >
Nem precisou ir muito longe. A demanda estava bem ali. Eles perceberam que a geração de energia em suas próprias casas poderia ser acessível também para quem mora na periferia. “A fonte solar é limpa, renovável, não emite poluentes e não agrava o efeito estufa. Moramos numa orla onde a incidência solar é abundante e torna propícia a instalação e produção nas residências e comércios. Notamos que as pessoas aqui têm vontade de fazer um investimento como esse”. >
Criada em 2013, a Solares Automação (@solares.automacao) já fatura, anualmente, R$ 4 milhões. Hoje, a maior demanda é na região do subúrbio. Ao todo, foram 60 projetos em Salvador no último ano e mais de 4 mil placas instaladas. Dessas instalações, 25 estão na região do subúrbio, como destaca Alielson. De lá para cá, o negócio registrou nos primeiros meses de 2022, um crescimento de 50%:“Os bairros que concentram o maior número de projetos instalados são Periperi e Paripe. É necessário ter uma área mínima para cada tamanho do sistema, porém, caso o cliente tenha um terreno ou telhado com este espaço, ele pode sim, viabilizar a instalação”.O investimento em um sistema de geração de energia solar depende muito do consumo de cada um. Porém, a média fica entre R$ 14,5 mil a R$ 16 mil para contas de energia a partir de R$ 350. Todo o processo de instalação, concepção do projeto até o cliente gerar sua própria energia leva em torno de 45 a 60 dias. >
“Fazemos parte da rede Solarizar Brasil, o que possibilita que a gente faça uma negociação diferenciada com fornecedores e distribuidores de sistema fotovoltaico. Isso nos permite oferecer um preço mais acessível e o parcelamento de até sete vezes no boleto sem juros”, explica um dos sócios da Solares. Os bairros de Paripe e Periperi concentram a maior demanda de projetos (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) Cada sistema tem durabilidade de 25 anos. No geral, o processo de instalação da placa é bem simples. Primeiro, é feita uma avaliação considerando toda a questão de segurança do imóvel. Em seguida, vem a montagem das placas na estrutura, mais a conexão e instalação do inversor na residência. Após a homologação e liberação por parte da concessionária de energia, dá para acompanhar a sua geração em tempo real diretamente do celular, tablet ou computador, de qualquer lugar.>
“Este ano já temos diversos projetos fechados aqui na suburbana. Até mesmo os pequenos comerciantes têm aderido muito. Estamos atendendo por dia em torno de 15 a 20 pessoas interessadas em orçamento e tirando dúvidas”, afirma Alielson. E sim, o sol é para todos: >
“A principal maneira de desmistificar o sistema de energia solar é consultando seus benefícios, vantagens, desvantagens, perguntando a quem já instalou. É preciso entender também que é uma mudança de pensamento”. >
Lugar ao sol O coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Jonas Becker, chama atenção para que o consumidor verifique sempre a experiência da empresa e os projetos que já fez. “Confira se os técnicos têm certificado para trabalhar em altura. É fundamental prezar pela segurança, em cumprir as leis e normas estabelecidas para esse tipo de trabalho”, aconselha.>
Segundo um levantamento divulgado pela entidade no início do ano, 2021 foi um ano de novos recordes para o setor solar fotovoltaico no Brasil. O segmento atraiu mais de R$ 21,8 bilhões em investimentos, incluindo as grandes usinas e os sistemas de geração em telhados, fachadas e pequenos terrenos. >
O resultado representa um crescimento de 49% em relação aos investimentos acumulados até o final de 2020 no país. “A energia solar ela é renovável e precisa ser democratizada. As linhas de crédito também estão se tornando cada vez mais acessíveis já que os bancos estão entendendo que é um investimento de baixo risco e que podem financiar projetos para as pessoas”, comenta Becker. >
A Solares atende ainda a indústrias na área de serviços de automação industrial, elétrica, instrumentação e infraestrutura. Ao todo, são 100 postos de trabalho diretos gerados e 85% dos profissionais são moradores do subúrbio de Salvador. >
“Acabamos dando a preferência aos moradores daqui e temos até vizinhos que trabalham conosco. Inclusive, serviços de plotagem, mídias sociais, por exemplo, são feitos por empresas do subúrbio. Queremos realmente utilizar todo potencial que a periferia tem a oferecer em todas as áreas, se ajudando e fortalecendo uns aos outros”. >
O próximo passo é começar a oferecer estações para carregamentos de carros elétricos em prédios, condomínios e residências, como complementa Alielson. “A inovação, na maioria das vezes, sempre parte de trazer novas tecnologias, com alto desempenho e menor custo sempre. Esse é um mercado que irá evoluir diante de toda essa alta constante do preço de combustíveis fósseis”, reforça. >