A companhia de teatro Grupo Galpão retorna a Salvador nos dias 27 e 28 – sexta e sábado - com seu novo espetáculo Cabaré Coragem, primeira montagem do grupo a rodar o Brasil após a pandemia da Covid-19. Quem for ao Teatro Vila Velha vai entrar na atmosfera de um show de cabaré, com muita música, dança, pequenos números de ilusionismo, acrobacias, tudo com muito humor e uma boa dose de crítica social e política.

O enredo traz para a cena um cabaré decadente, onde os funcionários são, ao mesmo tempo, os artistas e os garçons, tudo junto ao mesmo tempo.

“São artistas envelhecidos que vivem numa situação de miséria e lutam desesperadamente para sobreviver”, explica Júlio Maciel, ator do Grupo Galpão e diretor do novo espetáculo. “A gente pensou muito como seria esse cabaré do Galpão, em que os artistas já passam dos 60 anos. Passamos questões como etarismo e a sobrevivência dos artistas hoje. A gente queria um espetáculo que tivesse muita alegria e música para comemorar os 40 anos da história do grupo”, completa.

O espetáculo tem ao todo sete atores em cena, seis da própria companhia - Antonio Edson, Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Lydia Del Picchia, Simone Ordones e Teuda Bara – e um convidado – Luiz Rocha -, que também assina a direção musical do Cabaré Coragem. A apresentação mescla um repertório de músicas interpretadas ao vivo a números de variedades e danças, com fragmentos de textos da obra do dramaturgo alemão Bertolt Brecht e cenas de dramaturgia própria.

A atriz Inês Peixoto, que interpreta a prostituta Singapura, conta que as personas em cena nasceram de experimentos feitos pelo grupo entre 2022 e o primeiro semestre de 2023.

“São personagens nascidos dos nossos desejos. Eu mergulhei muito na figura da prostituta na obra do Brecht, que é uma figura que tem uma vasta consciência de classe. São mulheres fortes. Todos os personagens lidam muito que esse fim de carreira e, ao mesmo tempo, um ato de resistência. Ali naquele cabaré decadente eles continuam fazendo aquilo de que gostam e buscam como artistas”, revela.

“A gente está abordando a obra do Brecht através de uma brasilidade muito grande. É um cabaré brasileiro, mas bebendo dessa fonte. O Brecht lutou muito contra o fascismo [movimento político que surgiu na Itália sob a liderança de Benito Mussolini], viveu as duas grandes guerras, foi perseguido por Hitler por conta da sua obra. Um cara que realmente viveu a questão do autoritarismo. Tocar nisso agora, no perigo dessa cadela que está sempre no cio, inclusive no Brasil, é muito importante”, completa Peixoto.

As apresentações acontecem às 20h, no Teatro Vila Velha. Os ingressos custam R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) e podem ser comprados on-line, na plataforma Sympla (sympla.com.br/produtor/vilavelha), ou na bilheteria do teatro 1 horas antes das apresentações. A Turnê Nordeste do Grupo Galpão é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura com patrocínio do Instituto Cultural Vale e Petrobras.

Oficinas

A passagem do grupo pela capital baiana permitirá a realização de oficinas públicas, também no Teatro Vila Velha. No dia 26 de outubro, das 14h às 18h, acontece a oficina Petrobras Diálogos Clássicos - Jogo de Cena com a atriz Inês Peixoto. Já no dia 28 de outubro, das 9h às 13h, será realizada a oficina Petrobras Tecnologia da Cena com Rodrigo Marçal e Beatriz Radicchi. As inscrições podem ser feitas pelo link: sympla.com.br/grupogalpao.

Grupo Galpão

Criado em 1982, o Grupo Galpão, que tem sede em Belo Horizonte (MG), é uma das mais importantes companhias teatrais do Brasil, e desenvolve um trabalho ligado à tradição do teatro popular e de rua.

Em 40 anos existência, 26 espetáculos ganharam vida nos palcos mundo afora. São 48 participações em festivais internacionais, apresentação em 18 países, mais de 100 prêmios de reconhecimentos ao trabalho e cerca de 4 mil apresentações. O Grupo Galpão é formado por 12 atores.