Furdunço completa dez anos com tradições e novidades para 2024

Relembre a história da festa que antecipa a folia

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  • Maysa Polcri

Publicado em 3 de fevereiro de 2024 às 05:00

O Zárabe, de Carlinhos Brown, puxando a Caetanave, no Furdunço de 2014 Crédito: Mauro Akin Nassor/arquivo correio

Baile popular. Excesso de movimento e barulho. Algazarra. As definições para a palavra ‘furdunço’ no dicionário são muitas e representam bem a ‘agonia’ pré-carnavalesca que caiu no gosto dos foliões. O maior evento do período que antecede o Carnaval completa uma década de existência em 2024. Criado para atrair turistas mais cedo para Salvador e garantir a permanência de soteropolitanos na cidade, o Furdunço chega ao seu décimo ano marcado por tradições e novidades.

O ano era 2014 e a Prefeitura de Salvador tinha o desejo de movimentar os circuitos antes do início da programação oficial. As atrações deveriam ser ‘menores’, afinal, o evento não poderia tirar o brilho da abertura do maior Carnaval de rua do mundo. O Furdunço deste ano acontece neste domingo (4), no circuito Barra-Ondina, e na sexta-feira (9), no Campo Grande.

“A ideia do Furdunço foi, desde o início, antecipar a movimentação de pessoas no Carnaval. Um grande contingente de soteropolitanos saem de Salvador durante os dias oficiais e o pré foi pensado para manter as pessoas na cidade por mais tempo”, explica Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur). Ao longo dos anos, o Furdunço ajudou a compor a cena cultural da capital baiana. “O pré-Carnaval ajudou a revelar atrações, como a banda BaianaSystem, maior sucesso da festa”, completa.

E não dá para falar do Furdunço sem citar a banda que participou de quase todas as edições. Os anos passaram e a presença do Navio Pirata que guia um mar de gente em direção ao Farol da Barra continua sendo um dos momentos mais esperados do evento. A vendedora Ana Julia Sobral, 22, é daquelas que só vai para o pré-Carnaval para curtir a muvuca da BaianaSystem de perto.

“O Furdunço é um evento menor, o aquecimento para o Carnaval. Eu vou só por causa da energia da banda, já que nos dias oficiais da festa o número de atrações é maior e a atenção fica dispersa”, diz a jovem, que sai de Lauro de Freitas para acompanhar a atração desde de 2018.

Quem não é de Salvador também se encanta com a energia da festa. “O pré-Carnaval é um grande aquecimento. Ali que a gente consegue sentir a energia dos dias mágicos que virão”, diz Diuliane Silva, 35, que mora em São Paulo. “Eu sinto que a cada ano o Carnaval de Salvador melhora. No ano passado o que mais me impressionou foi a multidão curtindo Baian

História

O contrafluxo do Circuito Dodô (Ondina-Barra) só foi criado em 2016. Até hoje, o Furdunço segue o percurso entre o Clube Espanhol e o Farol da Barra - que foi batizado de Orlando Tapajós. O nome é uma homenagem a um dos maiores nomes da história do Carnaval, que revolucionou a estética do trio elétrico. No ano em que as Olimpíadas foram realizadas no Rio de Janeiro, o pré-Carnaval baiano ganhou um novo dia de festa: o Fuzuê.

A partir do surgimento de mais uma programação, sempre no dia anterior ao Furdunço, houve uma separação gradativa do público que frequenta as festas. Enquanto o Fuzuê rememora os carnavais antigos com as fanfarras, o Furdunço arrasta multidões cada vez maiores. A expectativa é que 1 milhão de pessoas marquem presença na edição deste ano, que terá 47 atrações.

Eventos de grande porte não vivem só de tradição e por isso o Furdunço se reinventa a cada ano. Dessa vez, a novidade será a participação inédita da banda Psirico. “Essa era uma cobrança de muitos fãs e turistas que chegam na cidade. Tradicionalmente, nós começávamos as apresentações na sexta, mas teremos a oportunidade de levar nosso pagodão baiano para o Furdunço”, celebra Márcio Victor.

Mesmo para quem desfila no circuito há mais tempo, a festa antes do início oficial da folia continua sendo um momento mágico. O cantor Lincoln Sena se apresenta pelo sexto ano no Furdunço e diz que o momento aproxima os artistas do público: “É uma sensação diferente. Os trios são menores e mais democráticos porque ficam mais próximos da sua pipoca”.

“É como se fosse um amistoso de Copa do Mundo, em que as pessoas podem extravasar sabendo que em breve vai começar o momento mais esperado”, completa Lincoln.