Battisti reconhece autoria de homicídios na Itália; Bolsonaro ataca esquerda

Foi a primeira vez que ex-ativista admitiu ataques com mortes

  • D
  • Da Redação

Publicado em 25 de março de 2019 às 12:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti, 64 anos, que ficou quatro décadas foragido, admitiu que é responsável por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970, além de ter ferido gravimente três pessoas e ter praticado uma quantidade de roubos para autofinanciar-se, informa a imprensa italiana nesta segunda-feira, 25.

As declarações foram confirmadas pelo procurador Francesco Greco em entrevista coletiva, segundo o jornal Corriere della Sera."Com essa admissão, ele esclarece muitas polêmicas, rende honras às forças de ordem e à magistratura de Milão e reconhece que atuou neste anos de maneira brutal", completou Greco.Após a revelação, o presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter para comentar a confissão. “Battisti, ‘herói’ da esquerda, que vivia colônia de férias no Brasil e apoiado pelo governo do PT e suas linhas auxiliares (PSOL, PCdoB, MST), confessou pela 1º vez participação em 4 assassinatos quando integrou o grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo”, disse o presidente.“Por anos denunciei a proteção dada ao terrorista, aqui tratado como exilado político. Nas eleições, firmei o compromisso de mandá-lo de volta à Itália para que pagasse por seus crimes. A nova posição do Brasil é um recado ao mundo: não seremos mais o paraíso de bandidos!”, continuou o líder nacional.Bolsonaro ainda postou uma imagem que mostra Battisti ao lado de políticos brasileiros, como Eduardo Suplicy (PT), Ivan Valente (Psol) e Chico Alencar (Psol).

Veja a postagem

De acordo com o procurador antiterrorismo Alberto Nobili, Battisti afirmou que "fala (apenas) do que é responsável e não falará (dos possíveis crimes) de mais ninguém". Battisti foi preso na Bolívia e desembarcou em Roma em 14 de janeiro.

"Tenho noção do mal que fiz e peço desculpas aos parentes (das vítimas)", disse Battisti no interrogatório de 9 horas, destacando, no entanto, que, na ocasião, as escolhas lhe pareciam corretas e que se tratava de uma "guerra justa".

Battisti integrava o grupo Proletário Armados pelo Comunismo e foi condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979.

Na Itália, foi primeiro condenado por participação em bando armado e ocultação de armas a 12 anos e 10 meses de prisão em 1981. Mais de uma década depois, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão, em razão de quatro homicídios hediondos.

Após idas e vindas por França e México entre 1981 e 2004, Cesare Battisti chegou ao Brasil e foi preso em 2007. No último dia de seu segundo mandato, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo político para o italiano e impediu sua extradição.

Depois de ter a liminar de garantia no Brasil suspensa, Battisti chegou a ficar foragido no final do ano passado quando o então presidente Michel Temer autorizou sua extradição para a Itália.