Como reduzir a pressão alta sem remédio?

Especialistas ouvidos pelo CORREIO apontam caminhos que envolvem a mudança do estilo de vida

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  • Larissa Almeida

Publicado em 26 de abril de 2024 às 06:00

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[Edicase]O acompanhamento médico é importante para diagnosticar a pressão alta no início (Imagem: GetMyStock | Shutterstock) Crédito:

Um diagnóstico de hipertensão geralmente é seguido pela recomendação de tratamento medicamentoso para controlar a pressão arterial e mantê-la abaixo de 14 por 9 – valor referencial para a indicação da doença. Isso acontece porque os remédios conseguem fazer o controle mais facilmente dessa condição, embora esse não seja o único caminho possível para lidar com ela, conforme apontam os especialistas ouvidos pela reportagem.

Antes de tudo, é preciso saber que a redução da pressão sem uso de remédios depende do caso clínico de cada paciente. De acordo com o cardiologista Nivaldo Filgueiras, que é vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e conselheiro do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), essa alternativa só é possível aos hipertensos em estágio 1.

“Nos indivíduos que têm hipertensão inicial, que é o que a gente chama de hipertensão estágio 1, a mudança de vida, o tratamento com dieta, a redução com dieta e a perda de peso podem fazer com que esses níveis de pressão sejam controlados. Mas isso é a minoria das pessoas. A maior parte dos pacientes precisa associar o tratamento não-farmacológico com a utilização de medicamentos que controlam a pressão arterial”, afirma.

Para o cardiologista Luiz Ritt, para manter a pressão sob controle sem o uso de remédios é necessário cultivar hábitos saudáveis. “É preciso manter atividades físicas. A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomendam a manutenção de pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade física mais intensa. É também preciso fazer uma dieta com pouco sal e não apenas evitar o sal que costumamos adiciona, mas também o sal contido nos alimentos embutidos, enlatados, em conserva e processados”, aconselha.

Segundo o vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), a dieta Dash é a mais indicada para os hipertensos. Ela é à base de proteína magra, seja peixe, frango sem a pele ou carne sem gordura, que promove uma ingestão menor de carboidratos e usa gordura de qualidade. “Pode-se utilizar castanhas, nozes e azeite de oliva, que são gorduras de boa qualidade. Nessa dieta, também são consumidas muitas frutas, verduras e legumes. Quanto mais verde, melhor”, diz.

No que tange à alimentação, outra recomendação é priorizar alimentos que tenham potássio, como feijão, beterraba e ervilha, que também podem reduzir a pressão arterial. Foi mudando os hábitos alimentares que a dona de casa Orivanda Pereira, de 55 anos, parou de usar três medicamentos para controlar a pressão e atualmente só usa um. Diagnosticada aos 38 anos, ela conta que foi resistente à mudança de vida imposta pela doença, mas obteve melhores resultados quando cedeu.

“O médico diagnosticou que eu tinha hipertensão e eu não aceitava, porque limitou minha alimentação. Passei a ter que fazer atividade física, tirar o açúcar da alimentação, o sal e a gordura. Mas antes, tomava três comprimidos e a pressão não se normalizava, até que um dia tomei consciência e comecei a caminhada. Então o médico diminuiu a dose, passei a tomar dois e hoje só tomo um”, conta.

Já no lado emocional, o especialista destaca a importância da redução do estresse. “[...] Reduzir o estresse e procurar ter bons pensamentos pode também ter uma interferência no controle da pressão arterial”, conclui.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro