Pressão alta: saiba o que fazer quando nem remédio funciona

Casos do tipo não são a regra e podem estar relacionados a quadros de apneia do sono e obesidade

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  • Larissa Almeida

Publicado em 26 de abril de 2024 às 05:30

Doença silenciosa
Doença é silenciosa Crédito: Shutterstock

Quando foi diagnosticada com hipertensão, aos 38 anos de idade, a dona de casa Orivanda Pereira não conseguiu aceitar a doença. Sofrendo com dores de cabeça e dores na nuca constantes, ela inicialmente começou o tratamento com três remédios diferentes para controlar a pressão, mas não se adaptou. No entanto, quando houve mudanças e ela aparentemente estava bem com a nova medicação, um certo dia se sentiu mal de repente, parou em um posto de saúde e descobriu que tinha pressão arterial de 16 por 10.

“Era uma agonia que parecia que eu ia morrer. Foi a única vez que fui à emergência em 55 anos de vida e justamente na época em que estava tentando controlar a pressão. Eu lembro que ia no mercado fazer compras, cheguei mal e disse para meu marido passar no posto. Disse a ele ‘estou aqui ruim, estou sentindo um negócio que está trancando tudo por dentro’. Achei que ia morrer”, lembra a dona de casa.

Assim como aconteceu com Orivanda, há quadros de hipertensão, normalmente do tipo 3 – estágio mais avançado – que não são controlados facilmente por medicamentos. Em outros casos, a medicação sequer funciona e é preciso buscar de imediato entender as razões para isso, conforme aconselha o cardiologista Luiz Ritt. “Primeiro é preciso checar os hábitos de vida e responder: a dieta está pobre realmente em sódio? Está fazendo atividade física? Está mantendo a meta? Se mesmo assim, com tratamento medicamentoso e bons hábitos de vida, a pressão não está controlada, tem que voltar no médico porque pode ser que ele precise aumentar a medicação”, pontua.

O cardiologista também aponta possíveis causas secundárias, como problemas hormonais e alterações de glândula. Já segundo o cardiologista Nivaldo Filgueiras, que é vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e conselheiro do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), quem se enquadra na exceção dos tratamentos tradicionais da hipertensão pode ter alguns outros quadros clínicos que requerem atenção.

“Podem ter a síndrome da hipopneia do sono, que é muito relacionada à obesidade. Às vezes, se a pessoa fizer o tratamento adequado desse problema e perder peso, é possível controlar os níveis de pressão arterial. Outra questão são indivíduos que têm obesidade mórbida que, quando perdem peso através de tratamento medicamentoso ou cirúrgico, reduzem a quantidade de anti-hipertensivos e, alguns deles, suspendem o anti-hipertensivo", exemplifica.

As soluções alternativas para tratar a hipertensão nesses casos especiais envolvem métodos variados. “Em situações de exceção, são associados vários tipos de medicamento para resolver o que chamamos de hipertensão arterial estágio 3 ou hipertensão arterial resistente, que é quando se coloca três, quatro ou até cinco medicamentos para controlar a pressão. Existe uma gama de medicamentos hoje que, em associação, na grande maioria dos pacientes conseguimos controlar a pressão abaixo do 14 por 9”, afirma o cardiologista Nivaldo Filgueiras,

A autônoma Rita Pereira, 55 anos, diariamente faz uso de sete medicamentos para manter o controle da sua pressão. Ela conta que, desde que começou a fazer uso dos remédios, quando foi diagnosticada aos 20 anos, teve dificuldade de se adaptar com o primeiro tratamento passado pelo médico.

“O primeiro remédio que ele me passou me causava muito mal-estar e dor de cabeça. Em vez de me dar alívio, me fazia mal. Então ele mudou e, hoje em dia, não tenho mais dificuldade com os que uso. Só que minha pressão é muito alta. Um dia o cardiologista chamou meu marido e disse que, se eu por acaso engravidasse, ele não iria cuidar de mim porque minha pressão era muito alta e ele não podia controlar”, relata.

No entanto, em exceção ainda mais criteriosa para contemplar aqueles que não reagem nem ao mix de medicamentos, há um tratamento chamado denervação renal, que consiste no emprego de uma técnica para alterar o sistema nervoso. “Isso causa, por vezes, a redução dos níveis de pressão arterial. Mas isso são em casos muito especiais”, reitera o  vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM)

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro