Consumo consciente: metade dos brasileiros já compra produtos sustentáveis

Crescimento do mercado aumenta o potencial de negócios que apostam no conceito de sustentabilidade em seus produtos e serviços

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  • Priscila Natividade

Publicado em 6 de agosto de 2018 às 05:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: João Alvarez/ASN Bahia

Eles se preocupam com a origem do que compram, a matéria-prima daquilo que consomem, todas as etapas do processo produtivo e o comportamento sustentável das empresas. Em seis anos, o número de consumidores brasileiros que comprou produtos feitos com material reciclado pulou de 29% para 48%. Os que adquiriram alimentos orgânicos também saltou de 23% para 48%.

O dado faz parte da Pesquisa Akatu 2018, divulgada recentemente pela entidade, que analisa o panorama de consumo consciente no Brasil. Junto com o crescimento da aceitação de produtos de origem sustentável, o numero de novos consumidores foi mais um que aumentou: passou de 32% para 38%. “O consumidor consciente sabe que tem um grande poder ao escolher um produto  e pode transformar a sua compra num ato de reconhecimento de boas práticas sustentáveis” avalia a coordenadora de conteúdo do Instituto Akatu, Virginia Antonioli.   

O cenário favorece a oferta de produtos e serviços engajados na ideia de consumo consciente. Com um olho nesse consumidor em potencial e outro na prática sustentável, muitos negócios baianos estão dando certo ao mexer com a consciência de mundo do cliente. Uma dessas experiências vem da Closet. A loja se especializou em transformar o aluguel de vestidos de festa em uma proposta sustentável.  Camilla Raupp e Thais Godinho viram o faturamento da Closet crescer mais de 200% (Foto: Divulgação) A cliente se desapega de uma peça, acumula créditos no aluguel de outra, ou pode vendê-la para a Closet - sem gastar para sair com um vestido novo nem precisar descartá-lo por não usar mais.  “Pra gente, o desafio maior foi muito mais o de fazer com que as pessoas acreditassem no novo formato, do que transformá-lo em business”, explica uma das sócias da loja, Camilla Raupp. 

A Closet abriu há dois anos com um acervo de 80 vestidos e 15 sócias. Atualmente, o ateliê tem uma rotatividade de 500 vestidos e soma 250 sócias ativas. De 2016 para 2017, o faturamento cresceu 223%. “Este ano, a projeção é fecharmos 60% acima do ano passado”.

Conceito

Ao utilizar material natural e descartado, a marca de biojoias Preta Brasil foi mais uma que apostou em produtos sustentáveis. As peças produzidas pela a artesã e empresária Luana Bonfim já são até exportadas para outros países. O faturamento anual da marca passa dos R$ 50 mil. 

“As madeiras que uso nos meus colares são captadas de árvores caídas da Chapada Diamantina. Eu pego os troncos, retiro o cupim e utilizo a parte que me serve. Cada vez mais as  pessoas têm se aberto para o melhor consumo e esse viés só tende a crescer”. 

Outras empresas como a Sou Dila se destacam por fomentar não só mensagens positivas em suas estampas, mas também por promover ações que despertem o interesse do público e a preocupação social. Na coleção Cidade Respira, por exemplo, as peças vinham com uma semente para ser plantada.  A Sou Dila adota ações engajadoras como destacam os sócios da marca, Eduardo Bahiana, Flávio Guimarães e Rodrigo Góis (Foto: Divulgação) A marca implementou também a Bike Entrega, que leva o pedido do cliente de Salvador em até 1 dia e sem emissão de gás carbônico. Para um dos sócios, Eduardo Bahiana, o segredo é engajamento. “As pessoas precisam ser motivadas a se sentirem parte da ação juntamente com a empresa. A marca que não estiver atenta a isso vai ficar para trás”.

Mais que discurso

Para quem deseja empreender nesse segmento, a dica do analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-BA) André Gustavo Barbosa  é usar na prática os três ‘Rs’ - reduzir, reutilizar e reciclar. “O importante para a empresa é praticar essas ações. Mas, no jogo de mercado, tem que fazer com que o cliente perceba essa preocupação para que assim consiga agregar esse valor imaterial ao produto e serviço”, aconselha. 

Outra orientação importante é ajudar a educar o consumidor para a sustentabilidade. “A empresa tem que investir nessa comunicação. Trabalhar a inovação e ter um discurso alinhado com a prática, porque o consumidor não é bobo e vai perceber se aquilo é só uma estratégia de marketing para conquistá-lo”, completa o especialista.

EMPREENDER COM SUSTENTABILIDADE

Proposta  O negócio sustentável precisa ter uma preocupação com o todo, o social, o consumo, o meio ambiente. 

Engajamento A imagem deve ser verdadeira. O discurso tem que estar alinhado com a prática.  

Inovação Ter criatividade, desenvolver novos formatos, pesquisar, fazer algo diferente. Ousar. 

Comunicação É importante fazer com que o cliente perceba isso, ganhar a atenção deste consumidor.