José Padilha critica pacote anticrime de Moro e diz que errou ao apoiá-lo na Lava Jato

Cineasta escreveu texto contra propostas de ministro da Justiça, que reagiu

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  • Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2019 às 19:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Divulgação e Marcelo Camargo/ABr

Diretor de Tropa de Elite (I e II) e da série O Mecanismo, José Padilha publicou um artigo na edição desta terça-feira (16) do jornal Folha de S.Paulo no qual afirma que errou ao apoiar o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e sua atuação na operação Lava Jato. 

“Ora, o leitor sabe que sempre apoiei a operação Lava Jato e que chamei Sergio Moro de 'samurai ronin', numa alusão à independência política que, acreditava eu, balizava a sua conduta. Pois bem, quero reconhecer o erro que cometi”, escreve Padilha, após listar cinco pontos sobre a atuação das milícias.

“Digo isso porque não há outra explicação: Sergio Moro finge não saber o que é milícia porque perdeu sua independência e hoje trabalha para a família Bolsonaro”, comentou o diretor de cinema, antes de classificar o pacto anticrime de Moro de “pacote pró-milícia”.

O diretor criticou, entre outras ações, o excludente de ilicitude, que ele interpreta como uma autorização para os policiais matarem.

“O hábito que os policiais milicianos têm de plantar armas e drogas nos corpos de suas vítimas para justificar execuções é tão usual que deu origem a um jargão: todo bom miliciano carrega consigo um ‘kit bandido’. Aprovado o pacote de Moro, nem de ‘kit bandido’ os milicianos precisarão mais”, continuou.

Padilha diz ainda que “o juiz Giovanni Falcone, em quem o ministro diz se inspirar, foi morto aos 53 anos de idade na explosão de uma bomba colocada pela máfia em uma estrada”. Porém, ao lado do atual governo, Moro se coloca como um “antiFalcone”. “Seu pacote anticorrupção é, também, um pacote pró-máfia”.

Reações no Twitter A página oficial do ex-presidente Lula comentou o artigo publicado pelo diretor. “Imagina quando ele ler a sentença e descobrir que Moro condenou Lula sem provas, por 'atos indeterminados', para que não concorresse em 2018 e seu chefe, Bolsonaro, pudesse chegar ao poder?”, comentou a página, gerida por assessores.

O próprio Moro também se posicionou, publicando três mensagens sem citar o cineasta.

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