'Serial killer' procurado no DF matou dois homens ao perseguir adolescente na Bahia

Ele chegou a usar chinelo ao contrário para despistar a polícia com marcas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 14 de junho de 2021 às 16:02

- Atualizado há um ano

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A saga dos primeiros crimes do assassino Lázaro Barbosa Souza, 33 anos, aconteceu quando ele tinha 19 anos, no povoado onde morava, na cidade de Barra do Mendes, região noroeste da Bahia. O matador baiano, que vem sendo caçado há seis dias pela polícia do Distrito Federal, fez suas primeiras vítimas em 2007, quando perseguia uma garota por quem havia se apaixonado. Dois trabalhadores rurais tentaram ajudar a moça e acabaram mortos. Nas redes sociais, o baiano está sendo chamado de “serial killer do DF”.

À época, Lázaro passou quase 15 dias escondido numa serra enquanto policiais tentam capturá-lo. A capacidade de ele se esconder, aliada à violência dos crimes, criou um boato na cidade de que Lázaro havia feito um pacto com o diabo. Sendo verdade ou não, a Polícia Civil informou que o acusado do duplo homicídio foi preso na ocasião do crime, após se apresentar na delegacia. “Ele conseguiu fugir cerca de 10 dias depois, sendo considerado foragido desde então”, diz nota da polícia.

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Até então, o que há de concreto sobre a ficha criminal de Lázaro é que, além das mortes em Barra do Mendes, o o assassino matou quatro pessoas de uma mesma família em Ceilândia no último dia 9 de junho e baleou outra pessoas em Goiás três dias depois. Em 2013, quando respondia a um processo por roubo, porte de arma de fogo e estupro, um laudo criminológico apontou que o maníaco tem características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia".

Infância Lázaro cresceu no povoado de Melancia, a cinco quilômetros do centro da cidade. A região é formada por serras, onde há muitas grutas. Desde pequeno se isolou das pessoas a partir da separação de seus pais. 

“Sempre foi uma criança fechada. Não gosta de rir. Não interagia com os meninos. Vivia só com a mãe e não aceitava a separação dos pais. O pai dele foi embora para Goiás quando ele era bem pequeno e isso mexeu com ele na infância”, contou uma moradora de Barra do Mendes que preferiu não se identificar. 

À medida que foi se desenvolvendo fisicamente, Lázaro foi se isolando, ao ponto de abandonar a escola na adolescência e se dedicando ao trabalho. “Não era de falar com ninguém. Era sisudo. Só vivia na roça. Pegava todo o trabalho pesado que tivesse. Por ser calado, não reclamava e era tão ágil quanto forte. Quando não estava na enxada, estava caçando com a sua espingarda de soca”, contou a moradora. 

Mortes Logo no início do ano de 2007, Lázaro se apaixonou por uma menina - na época, tinha 19 anos. A moça era uma adolescente – ela teria entre 15 e 17 anos – e não gostava dele. Ela, assim como as outras pessoas, tinha receio de conversar com Lázaro pelo fato de ele ser muito carrancudo. Ele passou a segui-lá em algumas ocasiões, comportamento que deixou a adolescente apavorada. 

Uma noite, Lázaro estava caçando com a espingarda quando avisou a jovem. Ela correu ao vê-lo e ele a seguiu. Para se livrar dele, a garota entrou em um sítio pedindo socorro. O dono do local, Carlito, que tinha 40 anos na época, também guardava uma espingarda em casa. Ao escutar o desespero da menina, ele saiu armado. Lázaro, que havia se escondido numa bananeira, atirou sem pestanejar. “Carlito morreu sem saber quem atirou nele”, contou a moradora. 

A segunda vítima de Lázaro foi logo em seguida. Vizinho de Carlito, o também trabalhador rural Manoel de Paula, 60, estava em seu sítio e escutou os gritos da moça seguidos de tiros. Ao chegar, deu de cara com o corpo do amigo e saiu em perseguição a Lázaro. No entanto, numa troca de tiros, Manoel acabou também morto.  A jovem sobreviveu.

Diabo Após o duplo homicídio, o maníaco correu para a serra, onde conhecia tudo na palma da mão, o que o ajudou a permanecer escondido por quase 15 dias. Na ocasião, havia um comentário de que Lázaro havia feito um pacto com o diabo. “A polícia de todo o canto veio atrás dele, mas não o encontrou. O povo dizia que ele tinha feito um pacto com o diabo e virava toco e por isso não era visto. Isso quem contava era o povo da roça, mas a gente sabe que isso tudo é medo. A região é cheia de gruta e ele aproveitava para se esconder. Ele só se entregou à polícia porque estava com fome e uma hora poderia ser morto”, explica a moradora. 

Quando ainda estava escondido na serra, Lázaro usava uma tática para despistar a polícia. Ele usava os chinelos ao contrário, assim produzia pagadas para o sentido contrário que estava indo. “Ele amarrava os pés no lado contrário que as pessoas usam as sandálias, assim fazia uma falsa trilha que levada os policiais para mais distante dele”, relatou.  

Crime no DF 200 policiais, seis dias de perseguição e um rastro de sangue pelo caminho. A caçada pelo baiano Lázaro  mobiliza a polícia do Distrito Federal após a chacina de uma família em Ceilândia no ultimo dia 9 de junho.  (Foto: Reprodução) Naquele dia, o suspeito invadiu uma chácara - segundo a investigação, a ideia era roubar a família, mas o crime virou algo muito mais sanguinolento. A empresária Cleonice Marques, 43, teria percebido a ação do bandido e avisado aos familiares. Lázaro então matou o marido e os filhos dela, Cláudio Vidal, 48, e Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Após o triplo homicídio, ele fugiu levando a empresária, que foi feita refém. A mulher ainda conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos, mas já não achou Cleonice.

A empresária foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes. Exames vão determinar se houve violência sexual.

Desde então, já são seis dias de buscas intensas da polícia do DF por Lázaro. Dois esconderijos onde ele se escondia para cometer crimes em propriedades da região do Incra 9 foram descobertos pela polícia. Todos são em região de mata, comprovando a fama de "mateiro" experiente de Lázaro. Foram encontrados lona, colchões, roupas, calçados e garrafas de água. Ele costumava ficar nesses pontos antes dos crimes. O corpo de Cleonice estava a cerca de 10 minutos de um dos esconderijos. Um dos esconderijos achados pela família (Foto: PC/DF) Lázaro também praticou outros crimes no DF antes. Segundo a polícia, ele é acusado por roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no DF e em chácaras do estado de Goiás. Ele chegou aser preso em 8 março de 2018, pelo Grupo de Investigações de Homicídios de Águas Lindas, mas fugiu do presídio quatro meses depois, no dia 23 de julho. Desde então, Lázaro estava foragido também no DF.