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Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2022 às 17:52
Assim como em muitos bairros em Salvador, a chegada da chuva é motivo de preocupação para quem vive no Uruguai, na região da Cidade Baixa. A aposentada América de Souza, de 88 anos, mora na Rua Haroldo de Sá há 47 e sempre lidou com o mesmo problema. Nessa terça-feira (25), ela se levantou às 5h, para tirar a água de casa e, até as 9h, ainda realizava a tarefa. “Acordei tão estressada... [...] Eu já perdi aqui, três vezes, tudo o que eu tinha: geladeira, fogão, guarda-roupa...”, conta. >
Há um ano, ela investiu R$ 500 em uma peça de ferro instalada na entrada do prédio, para impedir a invasão a sua casa, que fica no térreo. Nem a barreira nem outras medidas já tomadas, porém, foram suficientes, já que a água chega a alcançar mais de um metro de altura. “Eu fiz uma pilastra dentro do quarto, pra colocar meu guarda-roupa, e, mesmo assim, perdi”, lamenta a idosa. “Dessa vez, foi um pouquinho melhor [o nível da água], porque já teve pior ainda”, lembra. >
Mesmo assim, de fato, o Uruguai não está entre os bairros onde mais choveu até as 17h dessa terça. De acordo com o Centro de Monitoramento de Alerta da Defesa Civil de Salvador (Codesal), os maiores acumulados de chuvas em 24 horas foram registrados na Vila Sabiá, na Liberdade (80 mm); na Vila Picasso, em Capelinha (78,2 mm); no Bom Juá (77,2 mm); na Baixa de Santa Rita, em São Marcos (76,4 mm); e na Lapinha (76,2 mm). >
Até o mesmo horário, houve 77 solicitações de vistoria: sete ameaças de desabamento; nove ameaças de deslizamento; quatro árvores ameaçando cair; uma árvore caída; 12 avaliações de área; 26 avaliações de imóveis alagados; três desabamentos de muro; dois desabamentos parciais; seis deslizamentos de terra; cinco infiltrações; e uma orientação técnica>
Em outra rua transversal à Luiz Régis Pacheco, a Dez de Outubro, uma oficina mecânica também costuma sofrer com as chuvas. “Não chegou a encher totalmente [dessa vez], mas tem situações que chega a encher o poço [de inspeção]”, diz o mecânico Raimundo Belens, 55, apontando para uma marca de cerca de dois metros deixada pela água.>
Segundo o profissional, que trabalha na rua há oito anos e mora lá há 15, em outras ocasiões, a oficina já teve prejuízos na casa dos R$ 20 mil com a perda de duas máquinas de vulcanização de pneu e do motor de uma máquina de balanceamento. Além disso, durante o período chuvoso, o local vira abrigo de ratos afugentados pela chuva.>
Raimundo aproveita para relatar dificuldades enfrentadas por outros moradores da Dez de Outubro, entre os quais há três usuários de cadeira de rodas. “Eu já fui obrigado a sair daqui, da loja, de sunga, pra pegar cadeirante e botar na [rua] principal, pra levar pra emergência ou coisa parecida”, se queixa. Água da chuva já chegou a atingir dois metros de altura na oficina onde trabalha o mecânico Raimundo Belens (Foto: Marina Silva/CORREIO) A Avenida Luiz Tarquínio, também na parte mais baixa da cidade, nem precisa de muito pra ficar alagada. E, ao passar pela via, o pedestre acaba ficando, no mínimo, com os pés molhados. Quem espera o ônibus no ponto em frente à Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) Nossa Senhora de Fátima, das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), ainda corre o risco de levar um ‘banho’ dos carros. >
A empregada doméstica Neinha Anunciação, 53, que frequenta o Hospital Santo Antônio, outra unidade vinculada à Osid, já está acostumada. “Sempre que chove, é assim. Não muda nada”, afirma ela. “Na verdade, contra a força da natureza, ninguém pode”, opina. >
Frente fria vem do Sudeste>
As chuvas que atingem Salvador esta semana são provocadas por uma frente fria vinda da região Sudeste. Conforme a Codesal, a previsão é que ocorram chuvas moderadas a fortes, com acumulados significativos, até esta quarta-feira (26). Há risco para deslizamentos de terra e alagamentos. >
O órgão, que integra a categoria de serviços essenciais do município, permanece de plantão 24 horas, atendendo às solicitações pelo telefone gratuito 199. As ocorrências podem ser acompanhadas em tempo real, pelo link codesal.salvador.ba.gov.br/index.php/boletins.>
A Defesa Civil de Salvador emite, por SMS, alertas à população. Para receber os boletins, basta enviar uma mensagem de texto com o número de seu CEP para 40199. O serviço é gratuito.>