Descubra como estabelecer uma pretensão salarial

Dicas para ter sempre a resposta mais adequada na ponta da língua

Falar sobre pretensão salarial em entrevistas de emprego é sempre um desafio, em alguns casos até constrangedor para quem não está preparado para a pergunta e não conhece os valores pagos pelo mercado. É importante ter essa quantia sempre bem definida já que não se deve pedir um valor muito alto, tampouco abaixo da média salarial paga pelas empresas do setor. Existem também algumas outras dicas que, se seguidas, podem facilitar a resposta e ajudar na conquista pela vaga. Especialista na área de recrutamento e seleção e diretora da empresa RH e Cia, Sandra Fiamoncini acredita que existem duas formas de calcular o valor do seu próximo salário. Quando o candidato possui experiências comprovadas na carteira de trabalho, ela considera a busca pela média salarial de mercado o primeiro valor a ser pedido. Em seguida, recomenda que o candidato leve em consideração sua experiência profissional, qualificação e o valor de sua última remuneração. “Se o valor desejado for maior que o último salário, é importante que seja especificado o que foi aprendido ao longo do exercício da profissão, ressaltar novos cursos de especialização, se existirem, e argumentar sobre seu progresso individual de forma que justifique o pedido”, recomenda a especialista. A segunda situação apontada por Sandra é quando ainda não se tem experiência. Ela recomenda buscar pelo valor que equilibre bem as funções da vaga atribuída ao profissional e a qualificação que ele possui. Sandra garante que nem sempre é preciso ser certeiro quanto ao valor, apenas estar aberto a uma conversa, já que esse não é um fator, necessariamente, eliminatório na fase de seleção.

Flexibilidade Ricardo Santana, de 35 anos, é técnico em segurança do trabalho e relata que não foi fácil encontrar o emprego atual. “Em 10 anos de carreira e mais de 6 como assinante da Catho (site brasileiro de classificados de empregos), em vários processos não fui adiante por conta da minha pretensão salarial. Alguns processos foram finalizados ainda por telefone por eu ser sempre objetivo e direto quanto a esse assunto”, lembra ele. Sandra, do RH e Cia, explica que a situação de Ricardo pode ser explicada pela falta de flexibilidade na negociação. “Ser objetivo e direto nem sempre é uma boa opção”, diz.  A especialista aconselha a falar de pretensão salarial apenas quando solicitado. “É melhor falar apenas quando perguntado, porque, dentro de uma demanda grande, se o valor pedido é muito além do que se pode oferecer, às vezes, impossibilita o contato para a vaga”, explica.  Em casos em que se faz necessário dizer sua pretensão salarial, é fundamental não dar valores exatos, porque isso demonstra interesse na negociação.

Folha Outra dica para chegar à melhor resposta - que é pedir um salário que a empresa ache justo e possa pagar -  é se planejar, conhecer as suas despesas mensais, estar atento ao plano de carreira, além de manter o valor pretendido sempre atualizado.  Para isso é importante saber diferenciar os valores salariais: bruto é a quantia que geralmente consta na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), e líquido é o valor recebido pelo trabalhador após os descontos. Essa diferenciação fica clara no contracheque mensal do funcionário. As despesas do trabalhador têm de ser pagas com o líquido, que é a quantia que de fato vai chegar às suas mãos. 

Entender o contracheque à primeira vista pode ser algo difícil, mas é fundamental para ter uma vida estável e livre de dores de cabeça.  Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista do Youtube, o valor líquido é sempre a referência que se deve ter para planejar os gastos mensais. É fundamental ter consciência que o valor líquido não pode ter mais de 30% comprometido com dívidas e lembrar sempre de separar 40% para o projetos de vida e sonhos de médio e longo prazos. Domingos considera benefícios como plano de saúde, dentário, tíquete-refeição e vale-transporte como bons benefícios. “É excelente, todos  são muito bem-vindos, porque o custo mensal acaba reduzido, já que uma parte do valor dos gastos correntes é a empresa quem paga”.

Conheça o seu contracheque1. INSS É um desconto obrigatório, cobrado de todos os  que possuem contratos de trabalho com carteira assinada. O dinheiro recolhido é  usado para pagar aposentadorias e benefícios sociais. A contribuição previdenciária é calculada a partir do salário recebido e varia de 8% a 11%. Quem recebe até R$ 1.659,38 paga uma alíquota  de 8%; os que têm salário entre R$ 1.659,39 e R$ 2.765,66  contribuem com 9%; e os que recebem de R$ 2.765,67 a R$ 5.531,31 a alíquota é de 11%.

2. IRRF É  a sigla para Imposto de Renda Retido na Fonte. Esta quantia é referente ao Imposto de Renda (IR)  descontado diretamente da folha de pagamento. A taxa é calculada com base no valor bruto do salário com a inclusão de todos os adicionais. O cálculo é baseado na  fórmula: IR mensal = {[Total de vencimentos – Deduções (INSS, dependentes, pensão alimentícia, previdência privada)] x Alíquota} – Parcela a deduzir.

3. Contribuição sindical  

É a  tarifa que geralmente é cobrada no mês de março e aparece no contracheque de abril. A quantia descontada é referente a um dia de trabalho. Com a reforma trabalhista, deixará de ser cobrada. A depender do sindicato, em seu lugar será descontada uma taxa de sucesso quando o acordo coletivo for fechado.

4. Adiantamentos salariais  

Também podem surgir na folha do mês seguinte, é preciso ter atenção e planejamento para não se enrolar com as dívidas.

5 . Empréstimo consignado

Valor descontado diretamente do salário de empréstimos feitos nesta modalidade (consignado) com instituição e financeiras. O limite para a consignação é  o de uma prestação mensal de 30% do salário bruto.

2. Outros  

Existem outros descontos que podem surgir no contracheque, como  vale- transporte, auxílio-alimentação, plano de saúde, plano dentário,  etc. Isso vai depender muito da empresa e dos benefícios que ela oferece, no entanto, para que essas cobranças ocorram, é necessário que o empregado  autorize.  

*Integrante do programa CORREIO de Futuro. Orientado pelo editor Flávio Oliveira.