Jovem levava vida dupla e é suspeita de ser mentora de sequestro

Ela e o namorado, jovem de classe média alta, foram presos. Irmão foi morto

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  • Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2017 às 21:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Instagram

A vida da jovem Leanny Taceane da Conceição Renores, 25 anos, está sendo investigada pela polícia do Rio de Janeiro. Ela é apontada como possível mentora do sequestro de um empresário e do filho no sábado (26) na capital fluminense. A jovem e o namorado, Nilton Alves Moreira, 24, foram presos em flagrante por extorsão mediante sequestro. Um dos sequestrados, Alexis Beghini Carvalho, era amigo de Nilton, que é um rapaz de classe média alta.

O empresário e os parentes foram sequestrados em Jacarepaguá. A polícia diz que o crime foi planejado por Leanny com ajuda do irmão, que morava na Vila do João, no Complexo da Maré, e foi morto em troca de tiros com a polícia. 

A investigação aponta que Leanny levava uma vida dupla. Ela conheceu Nilton há cerca de um ano. Segundo o Extra, na época o rapaz era obeso, pesando 180 kg. Os amigos acreditavam que a jovem queria se aproveitar da relação com Nilton. O namoro seguiu e o rapaz, que é engenheiro e filho de um ex-funcionário da Cedae, fez cirurgia bariátrica e perdeu vários quilos. Os dois apareciam em fotos nas redes sociais sempre em viagens, aparentando felicidade. Leanny ostentava presentes caros que ganhava do namorado. "A impressão que dá é que ele fazia todos os gostos dela para não perdê-la. E como tinha a cabeça fraca acabou concordando até em prejudicar um amigo por ela. Mas tudo será investigado. Queremos saber quando começou esse planejamento e se tem mais envolvidos", explica o delegado Marcelo Carregosa, da 5ª DP do Rio de Janeiro, ao Uol.

De origem humilde, Leanny muitas vezes desaparecia, com os amigos fracassando em conseguir entrar em contato com ela. Esse ano, a jovem esteve em Búzios, Curitiba, Disney, Miami e Los Angeles, além de Foz do Iguaçu e na Itália, no ano passado. Ela não explicava onde arrumava o dinheiro nem o tempo para as viagens, já que afirmava aos amigos que trabalhava. 

Crime Alexis Beghini de Carvalho, 27, que foi sequestrado com José Alexis Beghini de Carvalho, 59, seu pai, e a namorada, era amigo de Nilton e diz que o engenheiro estava cada vez mais estranho. Os dois se conheceram quando Nilton morou em São Paulo e perderam um pouco do contato após a mudança deste para o Rio.  (Foto: Reprodução) Recentemente, Nilton e Leanny foram a São Paulo e visitaram Alexis. O casal convidou o amigo para ir ao Rio. Alexis conta que tentava saber mais sobre Leanny com o engenheiro , mas ele era sempre evasivo. "O trabalho de Leanny era uma incógnita para todo mundo. Ela dizia que trabalhava, mas vivia viajando com Nilton. Nós, os amigos mais próximos dele, estávamos sempre perguntando o que ela fazia da vida, mas ele sempre fugia do assunto. Dizíamos para ele abrir o olho, que ela só queria o dinheiro dele. Ela vivia aparecendo com presentes que ele dava", diz. Nilton chegou a pedir R$ 5 mil a Alexis e o mesmo valor emprestado a outro amigo, afirmando que o pai estava viajando e precisava resolver um problema.

No mês passado, Alexis, a namorada e o pai foram para o Rio. Eles foram jantar com Nilton e Leanny em Jacarepaguá, onde a jovem moraria. Na saída, depois de uma noite agradável, a família Beghini foi rendida por dois bandidos armados - um deles era Leonny Luís Renores, irmão de Leanny. Para não levantar suspeitas, Leanny e Nilton também foram rendidos.

Todos foram levados dentro de um carro. Os bandidos queriam R$ 300 mil para soltar o grupo. Em Santo Cristo, no entanto, policiais pararam o veículo e desconfiaram da situação. Houve troca de tiros e os dois bandidos foram baleados e morreram no hospital para onde foram socorridos.

Na delegacia, Leanny se desesperou ao saber da morte dos dois sequestradores. A polícia então checou os documentos dela e descobriu que ela era irmã de Leonny. Passaram então a desconfiar que ela poderia ter ligação com o crime, o que a investigação acabou comprovando. Para a polícia, Nilton foi envolvido na situação pela namorada. "Os depoimentos das testemunhas e tudo o que apuramos até agora, inclusive pela internet, nos leva a acreditar que o Nilton foi induzido a praticar o crime por ela. Pudemos apurar uma submissão dele em relação a ela", disse o delegado Carregosa.

Alexis, que já havia sido sequestrado em outra ocasião, diz que viveu momentos de pânico.  "Pensei que nunca mais fosse viver momentos tão aterrorizantes como aqueles. Meu sentimento é de revolta por ter sido enganado. Mas vou me tranquilizar porque tenho certeza de que eles vão ficar presos por um bom tempo. Quero que ele (o amigo) pense no motivo de ter feito aquilo. E, quanto à ela, quero que passe muito tempo na cadeia", disse ele ao Extra. O pai dele também relembrou a experiência traumática. "Quando abrimos as portas, um homem armado nos rendeu dizendo 'perdeu, perdeu, entrem no carro'. Foram cinco pessoas atrás. Meu filho, com mais de 1,80m, foi no meu colo. Ao meu lado, a namorada do Alexis com Leanny em seu colo. Ao lado delas, um bandido armado. Na frente, Nilton ao volante e outro bandido armado no banco do carona. Mandaram seguir para a Linha Amarela. A todo instante, o que estava na frente dava tapas no rosto e na cabeça do meu filho. Nos ameaçavam de morte', conta. Antes, durante o jantar, Leanny tinha tirado uma selfie com todos da mesa. 

Na segunda (28), a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros manteve a prisão preventiva do casal. "No que diz respeito à manutenção da prisão preventiva, entende esta magistrada que a mesma se demonstra necessária e proporcional, devendo ser destacado que os fatos são extremamente graves, já que as vítimas ficaram em poder dos sequestradores por cerca de uma hora, sendo ameaçadas, tendo sido feito uso de arma de fogo além de violência física real", diz a decisão.