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'Quer apenas vender a porra do livro', diz Paulo Coelho sobre biógrafo de Raul Seixas


 

Escritor mudou postura sobre suposta delação de parceiro roqueiro na ditadura

  • Da Redação

Publicado em 24/10/2019 às 21:45:49
Atualizado em 20/04/2023 às 10:35:06
. Crédito: Foto: Divulgação

O escritor Paulo Coelho, 72 anos, voltou a comentar a possibilidade de seu ex-parceiro, o baiano Raul Seixas, morto em 1989, tê-lo delatado à ditadura militar nos anos 1970. Segundo o autor, que atualmente vive na Áustria, o jornalista e escritor Jotabê Medeiros, que levantou a suspeita na nova biografia do roqueiro, quer apenas vender livros.

"Começo a ter sérias dúvidas dos documentos que o Jotabê Medeiros me enviou, dizendo e insistindo que Raul tinha me denunciado (emails arquivados). O que se passou entre Raul e eu fica entre nós. Vou deletar o tweet da FSP [Folha de S. Paulo]. Acho que o cara quer apenas vender a porra do livro", escreveu em seu perfil no Twitter nesta quinta-feira (24). 

Após a revelação, o escritor já havia afirmado que ficou quieto por 45 anos e imaginou que "levava o segredo para o túmulo". Horas depois, contudo, ele atenuou o discurso afirmando que “não confirmo nada. Apenas vi o documento e me senti abandonado na época. Por isso que não quis dar entrevista”. Mais tarde, ele deletou tais tuítes.

Raul e Coelho foram amigos próximos e parceiros na composição de canções de sucesso como 'Eu nasci há dez mil anos atrás', 'Gita' e 'Sociedade Alternativa', entre outros.

Os documentos acessados por Jotabê, para escrever o livro 'Raul Seixas: Não Diga que a Canção Está Perdida', são do Arquivo Público do Rio.

No texto, o autor menciona a proximidade de datas em que o músico prestou depoimento à polícia militar no ano de 1974. 

"Comparei as datas e vi que, entre o primeiro depoimento de Raul ao Dops e o segundo depoimento, no qual ele levou Paulo Coelho, demorou pouquíssimo tempo", disse Jotabê.

Os depoimentos de Raul foram seguidos dos depoimentos de Paulo Coelho, assim como sua prisão e a de sua namorada na época, Adalgisa Rios.

O escritor foi torturado por duas semanas. Medeiros acredita que Paulo Coelho "não tem a menor dúvida , hoje, após ver o documento, que Raul o entregou", escreveu ele na biografia, que deve ser lançada no próximo dia 1º.