Dengue e automedicação: quais medicamentos são contraindicados
Anti-inflamatórios aumentam riscos de sangramentos, alertam especialistas
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Millena Marques
milena.marques@redebahia.com.br
Mais de 4 mil casos prováveis de dengue foram notificados na Bahia entre 31 de dezembro de 2023 e 3 de fevereiro de 2024, com registro de dois óbitos pela doença infecciosa – mortes registradas em Caetité e Jacaraci, no sudoeste do estado. Embora o número de casos deste ano tenha registrado uma redução de 65% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Saúde (Sesab), especialistas fazem um alerta acerca da automedicação.
É importante evitar o uso de anti-inflamatórios em casos de dengue, até mesmo quando a doença for apenas uma suspeita. Os únicos medicamentos indicados para amenizar os sintomas são dipirona e paracetamol. “Os anti-inflamatórios não podem ser utilizados porque aumentam o risco de sangramentos. O essencial é procurar assistência médica”, orienta a infectologista e professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) Clarissa Cerqueira.
Seguir as orientações médicas após o diagnóstico é essencial para a recuperação. Clarissa Cerqueira faz uma alerta: a doença infecciosa pode levar a óbito. Isso porque a dengue faz uma lesão nos vasos sanguíneos, fazendo com que o corpo do paciente perca líquido. “Qualquer paciente pode evoluir com gravidade por causa disso. Por isso, o principal tratamento é a hidratação”, pontuou.
O gastro-hepatologista Raymundo Paraná, diretor do Hospital Aliança, também alerta sobre a automedicação e o consumo de ervas naturais. Os anti-inflamatórios e o ácido-acetilsalicílico não podem ser utilizados por pacientes com dengue. “Anti-inflamatórios são drogas perigosas, podem causar ou agravar uma dano renal pela dengue e podem causar danos hepáticos e cardiovasculares”, pontua Paraná, ressaltando que ivermectina e aspirinas também não podem ser consumidas.
Além disso, a orientação é que os pacientes com dengue não consumam álcool. “É possível que o álcool seja um dos fatores que predispõem um maior risco de agressividade ao fígado.”
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro