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Afastados, PRFs envolvidos em morte por asfixia receberam R$ 267 mil em salário após homicídio

Genivaldo morreu em uma "câmera de gás" improvisada pelos agentes

  • D
  • Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2022 às 10:34

. Crédito: Reprodução

Embora tenham sido afastados da corporação, os cinco policiais rodoviários federais (PRFs) envolvidos na abordagem que resultou na morte por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos continuaram recebendo os salários normalmente.

Após o homicídio, em Sergipe, eles já receberam ao menos R$ 267,8 mil, em rendimentos brutos. As informações são do portal Metrópoles, obtidas através da Lei de Acesso à Informação (LAI). Os salários brutos considerados são entre junho e setembro.

Genivaldo morreu em maio, em uma "câmera de gás" improvisada pelos agentes, no porta-malas de uma viatura. Dos cinco policiais que assinaram o boletim de ocorrência, apenas três deles participaram efetivamente da abordagem.

Os três foram indiciados pela Polícia Federal (PF) no último dia 26 por abuso de autoridade e homicídio qualificado (asfixia e sem possibilitar meios de defesa). Nessa segunda (10), o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação criminal contra os agentes.

Leia mais:Policiais admitem que usaram gás lacrimogêneo durante abordagem em Sergipe Após morte em 'câmara de gás', PRF avalia obrigar uso de câmeras por agentes Kleber Nascimento Freitas, indiciado, tem o maior salário entre os cinco agentes, com R$ 16.552,34 mensais. Já William de Barros Noia e Paulo Rodolpho ganham, respectivamente, R$ 12.096,19 e R$ 13.104,72.

Os outros dois policiais, não indiciados, são Clenilson José dos Santos, com salário de R$ 12.096,19, e Adeilton dos Santos Nunes, que ganha R$ 13.104,72. Eles também não foram alvos da ação criminal ajuizada pelo MPF.

Morte de Genivaldo

Em vídeo gravado por testemunhas no momento da ação, os policias verificam a documentação de Genivaldo e em seguida prosseguem com a revista. A vítima, que aparece vestida com uma camisa vermelha e bermuda jeans, levanta as mãos e as coloca na cabeça, permitindo a abordagem. Neste momento, no entanto, começa a ouvir xingamentos por parte dos agentes. Incomodado com as palavras, Genivaldo tenta se desvencilhar do policial.

Em outro trecho, a vítima já aparece no chão, com dois policiais em cima dele. Um tenta imobilizá-lo colocando a perna em seu pescoço. Outro agente se aproxima armado. Ainda no chão, Genivaldo é amarrado nas pernas e nas mãos e levado para o camburão da viatura. As pernas de Genivaldo ficam do lado de fora, enquanto um dos policiais pressiona a porta do local. Neste mesmo momento, é possível verificar uma fumaça saindo de dentro do veículo. A vítima começa, então, a gritar. 

À reportagem, o sobrinho de Genivaldo, que presenciou toda a ação, contou que o tio pilotava uma motocicleta. “Eu estava próximo e vi tudo. Informei aos agentes que o meu tio tinha transtorno mental. Eles pediram para que ele levantasse as mãos e encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos. Meu tio ficou nervoso e perguntou o que tinha feito. Eu pedi que ele se acalmasse e que me ouvisse”, contou. 

“Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram ele para o hospital, mas já era tarde”, relatou Wallyson.