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Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2011 às 04:48
- Atualizado há 2 anos
A herança do boxeador canadense Arturo Gatti, que morreu aos 37 anos em julho de 2009, em Porto de Galinhas (PE), está sendo disputada na Justiça. A família de Arturo Gatti afirma que o boxeador trocou um testamento anterior que beneficiava pais, irmãos e uma filha de um primeiro casamento por influência da viúva, Amanda Rodrigues.>
“Três semanas antes de Arturo falecer, o testamento é modificado e ela passa a ser a principal beneficiária. Então, sobre essa questão de dinheiro, se tem alguém que tem motivo para ter interesse no dinheiro, é Amanda”, acusa Eduardo Trindade, advogado da família.>
“Eu não abro mão do meu direito”, rebate Amanda Rodrigues.>
A família de Arturo Gatti diz que o patrimônio deixado pelo boxeador é de US$ 6 milhões, aproximadamente R$ 10 milhões. Amanda afirma que o total é pouco mais da metade disso.>
Os bens em nome de Arturo Gatti, como muitos apartamentos em dois prédios, estão bloqueados. A mãe e os irmãos do boxeador entraram na Justiça local para tentar ter o direito sobre todos os imóveis e todo o dinheiro aplicado em bancos americanos.>
A briga nos tribunais do Canadá para definir com que vai ficar a herança deve se estender até o fim de outubro, mas Amanda Rodrigues diz que não abre mão. Ela afirma que quer fazer valer o testamento feito por Arturo Gatti um mês antes da morte. O documento transfere os bens para a própria Amanda e para o filho do casal. Arturo Gatti Junior, hoje com 3 anos, vive com a mãe no Canadá.>
“A família do Arturo não aceita o fato de eles não estarem incluídos no testamento. Eles não aceitam o fato dele ter feito um testamento para mulher e para o filho”, diz Amanda Rodrigues, viúva de Arturo Gatti.>
O advogado da família de Arturo Gatti vai apresentar a investigação particular ao Ministério Público, que, por enquanto, prefere não comentar o caso. “Eu acho precipitado qualquer julgamento, qualquer manifestação do Ministério Público sobre um documento que não conhece”, afirmou a promotora de Justiça Paula Ismail.>
Versões para a morte A morte do boxeador é motivo para divergências entre a família do lutador e a viúva. A família acusa a viúva pela morte. Amanda Rodrigues nega que tenha matado o ex-marido.>
“Não, de forma nenhuma. Eu fiz tudo para meu marido ficar vivo”, afirmou Amanda ao Fantástico.>
O advogado da família do boxeador contesta: “Amanda matou Arturo Gatti”, diz o advogado Eduardo Trindade.>
Para Amanda, o boxeador se suicidou: “Tenho, absoluta [que ele se suicidou].>
A família de Gatti não acredita na versão da viúva e quer provar que não foi isso que aconteceu.>
“Não há a menor possibilidade de Arturo Gatti ter se suicidado. Arturo Gatti foi assassinado”, afirma Eduardo Trindade, advogado da família.>
Para a polícia, que encerrou a investigação, também não há dúvidas. “Ninguém vai encontrar outra alternativa a não ser o suicídio”, declarou o delegado Paulo Alberes.>
O corpo foi encontrado em um apart-hotel, no quarto onde o casal estava hospedado. Amanda Rodrigues dá a sua versão para o que aconteceu na noite anterior à morte do marido: “A gente saiu para jantar. Tomamos uma garrafa de vinho. Na hora de voltar para casa, o Arturo queria parar num bar e eu não quis”.>
Últimos momentos O casal e o filho, que na época tinha dez meses, jantaram em um restaurante. Mas, de acordo com o depoimento que ela deu à polícia, o casal tomou duas garrafas de vinho, e não uma. Na saída, pararam em um bar para beber cerveja.>
A família seguiu a pé. No caminho para o hotel, Arturo e Amanda brigaram. Testemunhas disseram que o lutador bateu na mulher. Amanda contou à polícia que deixou o marido e o filho para trás e tentou se hospedar em dois hotéis diferentes, mas não conseguiu porque estava sem dinheiro. Decidiu voltar para onde estava hospedada com Arturo.>
Ainda segundo testemunhas, Arturo teria ido de táxi com o bebê até o hotel e, como não encontrou a mulher, retornou para o centro de Porto de Galinhas. Foi então que Arturo se envolveu em uma briga com na rua. “Tinha gente saindo de uma boate, começaram a jogar pedra nele. Inclusive uma bicicleta foi jogada nele”, disse o delegado Paulo Alberes.>
Amanda diz que foi para o hotel sozinha. Arturo chegou logo depois com o filho do casal. Eram 2h. “Ele perguntou para mim: ‘Então quer dizer’. Ele falou em inglês: ‘quer dizer que it's over?’ Tipo assim: acabou? Naquele momento, eu estava com raiva e eu acabei concordando com ele. Eu lembro que já estava com o Junior já no colo e eu subi. Foi a última vez que eu vi meu marido”, conta a viúva.>
A equipe de reportagem do Fantástico teve acesso ao quarto onde o casal estava hospedado naquela noite. O apartamento tem sala, cozinha e um banheiro no primeiro piso e três quartos e um banheiro no piso superior.>
Amanda disse à polícia que subiu para dormir e que Arturo ficou na sala. Às 9h30, desceu do quarto e viu que algo estava errado. “Foi na hora que eu toquei nele e eu vi que realmente alguma coisa tinha acontecido, alguma coisa não estava certa. Não ouvi nenhum barulho”, disse Amanda.>
Segundo o inquérito, Amanda pediu ajuda. O socorro chegou e, depois que a morte foi confirmada, veio a polícia. Amanda foi presa, mas libertada em 18 dias. A polícia concluiu que foi suicídio: Arturo Gatti se enforcou na escada do apartamento com a alça de uma bolsa.>
“Eu disse há dois anos, estou dizendo agora e vou dizer daqui a dez ou 20 anos que eu estiver vivo: a moça não matou o marido”, garante o delegado Paulo Alberes.>
Nem ela, nem ninguém, afirma o delegado. “Primeiro: as câmeras de segurança não mostram ninguém indo para o apartamento. Segundo: não tinha arrombamento. Terceiro: nós verificamos por fora do apartamento, não tinha marcas de alguém ter subido ou descido nas paredes”, acrescentou o delegado.>
Mas no hotel, a equipe de reportagem do Fantástico verificou a existência de uma única câmera na entrada. Existem outros caminhos possíveis para a porta do quarto do apartamento de Arturo Gatti, como a entrada pela praia. Amanda também garante que ninguém mais entrou no quarto. “Ninguém entrou naquele apartamento”, disse.>
“Se ela tivesse assassinado ele, ela teria permanecido no hotel? Ela teria pedido socorro? Ela teria esperado a perícia? Não”, acrescenta o delegado Paulo Alberes.>
Investigação particularO empresário e a família de Arturo Gatti encomendaram uma investigação particular nos Estados Unidos. A conclusão dos detetives, que inclusive foram ao Brasil, é que o boxeador foi assassinado. “Não houve suicídio de forma alguma”, disse o coordenador da investigação.>
“Eu não acredito em nada do que essa investigação fala”, afirma Amanda Rodrigues, viúva de Arturo Gatti.>
Os peritos contratados pela família dizem que a posição em que o corpo foi encontrado, a alça que teria sido usada, o peso do corpo e o local da queda evidenciam que Arturo Gatti foi enforcado. Eles apontam inconsistências no inquérito policial. “Por um fato simples: o hotel não tinha sistema de câmera, circuito interno de televisão. Então, não dá para perceber se entrou ou saiu alguém”, destacou Eduardo Trindade, advogado da família.>
“As investigações apontam que Amanda Gatti é responsável por esse crime. O que ainda não resta bem claro é se houve ou não ajuda de terceira pessoa”, concluem os peritos. As informações são do G1.>