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Estadão
Publicado em 4 de junho de 2024 às 19:45
A polícia civil de São Paulo está investigando a morte de Henrique Silva Chagas, de 27 anos, após a realização de um peeling de fenol nesta segunda-feira, 3. O procedimento foi feito em uma clínica estética localizada na zona sul da capital paulista e, agora, o caso está sendo investigado como homicídio. A polícia aguarda resultados de exames para determinar a causa da morte do empresário. >
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta que o "peeling de fenol" em áreas extensas da face é um procedimento estético invasivo, considerado agressivo. Segundo a entidade, ele deve ser realizado por médicos dermatologistas habilitados, em ambiente hospitalar e com o paciente anestesiado, além de contar com monitoramento cardíaco. Isso porque há um risco de toxicidade e possíveis arritmias causadas pela dor intensa provocada pelo método.>
O peeling, no geral, é um procedimento dermatológico no qual é provocada a troca de pele. Isso pode acontecer por meio de métodos físicos, como uso de equipamentos, ou a partir da aplicação de substâncias químicas, a exemplo de ácido salicílico, ácido glicólico e o próprio fenol. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional São Paulo (SBD-SP), o peeling pode ser superficial, médio ou profundo, conforme a camada da pele atingida.>
Os peelings de fenol são os mais agressivos, pois conseguem atingir as camadas mais profundas da pele. Eles são indicados para o tratamento do envelhecimento facial severo, com rugas profundas e alterações avançadas de textura da pele, como cicatrizes de acne profunda. Nesse procedimento, há maior risco de complicações e o tempo de recuperação também é mais longo, necessitando que o paciente se afaste por um tempo de atividades habituais.>
De acordo com a SBD-SP, o tempo estimado de duração da aplicação do peeling de fenol é de duas a três horas.>
A dermatologista Leticia Oba, assessora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que, quando o procedimento é realizado no rosto inteiro, divide-se a face em áreas anatômicas específicas, como testa, área dos olhos, nariz, queixo e bochechas. A aplicação da substância é feita por região, com intervalos de 15 minutos entre cada área para permitir a metabolização do fenol, evitando que ocorra uma reação tóxica.>
Antes de realizar qualquer tipo de procedimento, a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que o paciente procure um dermatologista para avaliar a pele e verificar a melhor indicação de tratamento. Ele é o profissional capacitado para orientar sobre os cuidados necessários para evitar futuras complicações.>
O procedimento exige precauções, pois faz uso de um composto tóxico absorvido pela pele, penetrando também na corrente sanguínea. É potencialmente capaz de produzir complicações, como cicatrizes, alteração da coloração da pele, infecções e problemas cardíacos imprevisíveis, independente da concentração, do modo de aplicação e da profundidade atingida na pele.>
Antes de fazer o peeling de fenol, o paciente precisa realizar alguns exames. De acordo com Elisete Crocco, coordenadora do departamento de cosmiatria da SBD, é necessário checar a saúde do coração por meio de eletrocardiograma, por exemplo. Isso porque durante a aplicação do fenol pode acontecer algum tipo de arritmia no paciente.>
"As contraindicações são principalmente para pessoas que tenham problemas renais ou cardíacos, pacientes com pele muito morena ou que não possam ficar afastados durante muitos dias das suas atividades laborais, porque o período de recuperação é grande", explica a médica.>
Ainda segundo a SBD, os peelings químicos não devem ser realizados se houver exposição solar, na gravidez, se existir alguma ferida aberta no local a ser tratado, se a pessoa estiver sob estresse físico e mental ou apresentar hábito de cutucar a pele.>
Os médicos da SBD-SP alertam que, mesmo com o uso de analgesia, há sempre um certo nível de dor durante o procedimento. O paciente sente uma forte sensação de queimação imediatamente após a aplicação da substância, mas que é rapidamente substituída por alívio (devido aos analgésicos). Cerca de 20 minutos depois, a sensação de ardor volta e pode durar em média oito horas, período em que a dor deve ser gerenciada.>
Letícia explica que, imediatamente após a aplicação, um curativo especial deve ser colocado no rosto do paciente, pois a pele é removida e forma-se uma crosta que cai em aproximadamente sete dias. Segundo ela, após o método, a pele fica completamente exposta, como se estivesse em carne viva, necessitando de cuidados intensivos.>
"Antigamente, utilizava-se esparadrapo, mas, hoje, é aplicado um curativo que forma uma espécie de casca protetora enquanto a pele cicatriza por baixo. Quando a crosta cai, a nova pele é rosada e extremamente sensível, uma condição que pode persistir por até seis meses. Esse peeling exige muito cuidado e conhecimento tanto na sua aplicação quanto na indicação", reforça.>
A SBD deixa claro que, quando bem indicados e adequadamente conduzidos, os peelings de fenol produzem resultados incomparáveis a qualquer outro método esfoliativo químico, mecânico ou a laser, oferecendo um resultado intenso de renovação da pele e estímulo de colágeno, reduzindo rugas superficiais e profundas, além de manchas na pele.>
No entanto, a entidade faz questão de frisar que o procedimento sempre deve ser realizado por um médico, em centro cirúrgico e sob monitoramento constante de um anestesista. Além disso, é essencial verificar as condições cardíacas do paciente ao longo do processo.>