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Da Redação
Publicado em 2 de março de 2018 às 10:52
- Atualizado há 2 anos
O Ministério Público da Suíça informou que, a pedido da Justiça brasileira, está levantando os documentos e extratos de quatro contas bancárias atribuídas ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza. O órgão confirmou ainda ao jornal O Estado de S. Paulo que congelou qualquer movimentação financeira envolvendo as contas dele no banco Bordier & Cia.>
O objetivo é desvendar a origem e o destino das transferências que teriam sido realizadas por Souza - apontado como operador do PSDB - entre 2007 e 2018. Segundo a Justiça brasileira, os recursos somavam R$ 113 milhões antes de serem transferidos das contas suíças para o Caribe. Foi pedido o bloqueio da soma.>
O material apurado pelo MP suíço será enviado ao Brasil para que a Procuradoria-Geral da República possa dar seguimento aos inquéritos. Em declaração nesta quinta, o escritório do procurador-geral da Suíça confirmou que, por solicitação das autoridades brasileiras, "um pedido de assistência mútua legal está atualmente sendo conduzido" em relação ao suspeito.>
Os suíços confirmaram que foram eles quem primeiro repassaram ao Brasil, de forma espontânea, a informação da existência das contas. Em 2017, as autoridades suíças encontraram R$ 113 milhões (35 milhões de francos suíços) em quatro contas no país europeu em nome do ex-diretor da Dersa. Ele comandou a estatal paulista entre 2007 e 2010, período que compreende o mandato do ex-governador e atual senador José Serra (PSDB).>
Poucos meses depois do primeiro contato entre os suíços e o Brasil, no entanto, em novembro de 2017, a Procuradoria em Berna indicou que recebeu um pedido de cooperação por parte do Ministério Público Federal para que os dados fossem aprofundados O trabalho dos suíços tem sido o de coletar, no Bordier & Cia, todos os extratos e documentos de transações relativas às quatro contas, desde o dia de sua abertura, em 2007, até hoje. >
Conforme apurou o jornal, a descoberta das contas foi revelava pelo próprio banco, que decidiu informar às autoridades de regulação da Suíça sobre a existência do depósito depois de identificar transações suspeitas. Isso teria ocorrido em junho de 2016.>
As contas estão vinculadas a uma offshore panamenha e, ainda no ano passado, o suspeito teria transferido os ativos para outro paraíso fiscal, nas Bahamas. A suspeita dos investigadores é de que o dinheiro teria saído da Suíça diante do avanço das apurações do MP suíço contra brasileiros citados em casos da Lava Jato.>
As contas, mesmo assim, foram congeladas. Ainda que os valores já não estejam mais na Suíça, a esperança dos procuradores é de que os extratos e documentos bancários ajudem a elucidar a origem dos recursos e quem, durante quase uma década, teria sido beneficiário dos depósitos.>
Supremo>
O caso ainda foi anexado pelos advogados do ex-diretor da Dersa ao inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal, com relatoria do ministro Gilmar Mendes, que investiga o senador José Serra. O procedimento foi autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, com base na delação da Odebrecht - ex-executivos da empreiteira relataram irregularidades em obras do Rodoanel, em São Paulo. Os citados negam.>
Defesas>
O advogado Daniel Bialski, que defende ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, disse que "efetivamente" não teve acesso a essa investigação e também aos documentos citados pelo Ministério Público Federal sobre as contas atribuídas fora do País.>
"Ademais, essa investigação feita em SP afronta decisão anterior proferida em reclamação perante o STF e por isso, a defesa aguarda decisão sobre requerimento feito pedindo a avocação desse novo procedimento à Excelsa Corte e, igualmente, o reconhecimentos da nulidade de seus atos e decisões.">
Em nota, a Dersa e o governo do Estado de São Paulo afirmam que Souza não faz parte da empresa desde abril de 2010 e que, desde 2011, instituiu um Código de Conduta Ética e criou canais internos para o recebimento de denúncias.>
O texto diz ainda que tanto a empresa quanto o governo paulista têm interesse na apuração dos fatos e no andamento das investigação. "A companhia reforça seu compromisso com a transparência e permanece à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das investigações." >
"Se houve conduta ilícita com prejuízo aos cofres públicos, o Estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões", afirma a nota.>
O senador José Serra (PSDB-SP), que governou o Estado entre 2007 e 2010, disse, em nota, que "não tem nenhuma relação com esses fatos apontados". >