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Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2020 às 05:35
- Atualizado há 2 anos
Fuzileiros navais de Salvador realizaram uma missão nos presídios da Mata Escura contra o inimigo número um do país: o novo coronavírus. Nesta terça-feira (26), soldados fizeram um treinamento com agentes penitenciários do Centro de Observação Penal (COP) para a desinfecção das instalações. De acordo com a Marinha do Brasil, o complexo não está contaminado e a ação tem caráter preventivo e também educativo, a fim de ensinar modos seguros de limpeza contra a covid-19. >
A iniciativa foi liderada pelo Comando Conjunto Bahia, criado no fim de março pelo Ministério da Defesa e que reúne as forças armadas brasileiras para apoiar as áreas de saúde e segurança pública na redução dos efeitos da doença no estado. Oficial de operações do comando, o capitão de fragata e fuzileiro naval Cristiano Campos Câmara explica que o que foi feito no COP é fundamental para que os profissionais saibam como agir se em algum momento houver suspeita de infectados.>
No treinamento de descontaminação feito por oito militares foram capacitados 13 agentes penitenciários, cinco agentes de saúde e dois profissionais de serviços gerais, que estão aptos a fazererem o procedimento nas instalações do complexo daqui em diante. O curso começou com aula teórica pela manhã e depois a prática foi feita em celas vazias da prisão. >
Essa descontaminação precisa seguir um protocolo de segurança usando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como macacões, botas e luvas que devem ter todas as suas aberturas vedadas com fita adesiva do tipo silver tape para não ter contatos externos com a pele e evitar possível infecção. Só assim protegidos, os agentes podem seguir para desinfectar áreas utilizando uma solução simples de água e água sanitária, ou álcool a 70% no caso de equipamentos eletrônicos. >
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De acordo com Campos Câmara, esta já é a segunda capacitação feita em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap), que administra o complexo prisional. “A secretaria tem agora condições de multiplicar esse conhecimento internamente”, comenta.>
Anteriormente, os soldados já haviam feito a descontaminação biológica do Hospital Santo Antônio e das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), que foi realizada em três etapas. Cada edição contou com 21 militares capacitados em Defesa Biológica, Nuclear, Química e Radiológica. O Comando Conjunto Bahia também promoveu higienização contra o vírus no Hospital Manoel Vitorino, em Nazaré, e nos terminais marítimos de Salvador e Mar Grande.>
De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), a Bahia tomou medidas de combate à covid-19 nos presídios, entre elas a suspensão de visitas a presos, triagem na entrada da unidade prisional e também na inclusão do interno, além de suspensão do atendimento de advogados e da Defensoria Pública. Houve ainda limitação e até suspensão de transferências de presos para prisões de outros estados. >
Presos infectados Mesmo assim, um complexo de delegacias no bairro do Sobradinho, em Feira de Santana, registrou dois presos com diagnóstico positivo para a covid-19, conforme noticiou o G1 Bahia. A dupla, um homem e uma mulher, foram presos no dia 17 de maio e são naturais de Candeias, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS).>
Ainda conforme a matéria, os presos foram colocados em isolamento em uma cela até que a justiça defina a situação deles. O CORREIO procurou a Polícia Civil para ter mais detalhes sobre os procedimentos adotados após a identificação das infecções, mas ainda não teve retorno.>
De acordo com a infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê Municipal de Controle ao Coronavírus, todos os que tiveram contato com eles seguem sendo monitorados e os demais presos que dividiam cela com eles permanecerão no cárcere até que saia o resultado dos exames.>
Superlotação Em nota, a Seap disse não ter conhecimento do caso e afirmou que, até o momento, não há nenhum preso contaminado por covid-19 nos registros da Bahia. De acordo com o último censo da população carcerária da Bahia, de 20 de maio deste ano, o estado tem quase 13,2 mil presos, sendo que sua capacidade é só para 11,8 mil. Ou seja, há um excendente de mais de 1,3 mil presos nas penitenciárias baianas. >
A superlotação das unidades é uma das preocupações das autoridades de saúde e de direitos humanos, e a Organização das Nações Unidas (ONU) tem pressionado os países pela libertação de detentos não violentos, bem como daqueles com doenças pré-existentes e idosos.>
Um levantamento produzido pelo Depen já contabiliza 1.135 presos infectados em todo o país e outros 887 sob suspeita. Entre os casos confirmados, 565 já estão recuperados, mas 37 acabaram morrendo. Ao todo, os presídios brasileiros já fizeram mais de 4,2 mil testes. A região Centro-Oeste é a que concentra o maior número de ocorrências da doença entre os presos, com 616 casos. Em seguida aparece o Norte, com 575 confirmações, e depois o Nordeste, com 167. >