Rui Costa vira alvo de críticas após beneficiar aliados em agendas do ministério

As reuniões do ministro com os administradores municipais ocorrem no momento em que o governo Lula enfrenta críticas por falta de coordenação e falhas na articulação política

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Publicado em 6 de maio de 2024 às 19:17

Rui Costa, ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil
Rui Costa, ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil Crédito: Paula Fróes/Correio

O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), virou alvo de críticas na imprensa nacional após priorizar aliados na agenda do ministério. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o petista baiano recebeu um prefeito da Bahia a cada dois dias úteis, abrindo espaço em sua agenda até para gestores de municípios do estado com menos de 10 mil habitantes.

Ao afagar os prefeitos baianos, Rui Costa mira as eleições de 2026, quando pretende ser candidato a senador. Ele já admitiu publicamente que deseja disputar a majoritária daqui a dois anos. As reuniões do ministro com os administradores municipais ocorrem no momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta críticas por falta de coordenação e falhas na articulação política.

A falta de coordenação chegou a ser exposta pelo próprio presidente, que cobrou que os ministros parassem de anunciar novos projetos e executassem aqueles já lançados.

Na Casa Civil, Rui Costa coordena ações do governo e está à frente do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a principal vitrine do terceiro mandato de Lula. Mesmo com seu papel central na Esplanada, o ministro dedica parte da agenda para encontros com autoridades da Bahia, estado que governou por oito anos. Em 2024, Rui Costa recebeu em seu gabinete 43 prefeitos do estado, todos da base aliada e de municípios de pequeno e médio porte.

Não constam nas agendas, no entanto, encontros no Planalto com o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil). O espaço na agenda destinado aos prefeitos é maior do que ao reservado por Rui Costa a muitos ministros da Esplanada, como Silvio Almeida (Direitos Humanos), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Márcio França (Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte). Nenhum deles foi recebido pelo chefe da Casa Civil neste ano, segundo sua agenda.

As reuniões no Planalto com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), com secretários estaduais e municipais, vereadores e pré-candidatos também foram repetidas. Interlocutores no governo apontam que Rui Costa é um dos ministros que mais trabalham, começando cedo a sua jornada e seguindo no Planalto até tarde. No entanto, criticam o fato de que ele ainda mantém os assuntos da Bahia como prioridade, apesar das demandas do governo federal.

A Casa Civil não respondeu aos questionamentos da reportagem.