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A Persistência das Últimas Coisas aborda conflitos de Federico, personagem que sai ferido de um relacionamento
Naiana Ribeiro
Publicado em 20 de setembro de 2017 às 06:05
- Atualizado há um ano
Tudo deixa marcas na vida, principalmente os amores. Desilusões amorosas, inclusive, podem deixar marcas maiores, como acontece com Federico, protagonista que sai ferido de um relacionamento em A Persistência das Últimas Coisas. No espetáculo, que estreia dia 28 no Teatro Vila Velha, o personagem está inconformado com o fim do seu namoro e continua obcecado pelo ex. “A peça trata de assuntos universais como o amor e a sua perda”, resume o diretor Celso Junior.
Escrita pelo autor argentino Juan Ignacio Crespo, a montagem comemora os 30 anos de carreira do diretor. Apesar de ser fragmentada e diluída - por tratar de um quebra-cabeça de memórias e narrativas de Federico - fala sobre coisas que todo mundo já viveu: “São inseguranças, situações mal resolvidas... O problema é que ele está em um lugar de frustração tão grande que chega a procurar um detetive particular e até contata uma cigana”. O ator Vinicius Bustani (direita) interpreta Federico. Igor Epifânio (esquerda), vencedor do Prêmio Braskem 2017 de Melhor Ator, é o ex dele (Foto: Marcio Meirelles/Divulgação) Segundo ele, o protagonista não vai conseguir superar a relação enquanto não lembrar do início. “A peça mostra esse processo. A tentativa de remontar e entender o relacionamento. Mas a vida é assim: a gente vai trilhando um caminho possível entre erros”, explica. O diretor se interessou especialmente pela forma como o autor argentino trata as lembranças do personagem principal. “As memórias contam a história da gente. Nunca é totalmente fiel e a gente acaba misturando-as com invenções”, afirma. Fracassos Também chamou atenção de Celso uma tomada de consciência do personagem sobre o fracasso amoroso. “Terminar um relacionamento é morrer um pouco, é se aproximar do fim. Faço um paralelo disso com a minha vida profissional. A cada peça que termino me aproximo do final da carreira”, completa.
A Persistência das Últimas Coisas estreou em Buenos Aires em 2014 e será encenada pela primeira vez fora da Argentina. O ator Vinicius Bustani, formado pela Universidade Livre de Teatro Vila Velha, interpreta Federico. Igor Epifânio, vencedor do Prêmio Braskem 2017 de Melhor Ator, é o ex dele. Já a atriz e diretora Paula Lice é uma amiga e confidente que ajuda Federico a recompor o painel de emoções.“O ex surge como uma representação da memória e fruto da imaginação dele. Ele representa todos os ex-namorados que Federico já teve. Já a amiga é uma espécie de consciência expandida, uma fragmentação, do personagem principal”, diz Celso Jr. Montagem comemora 30 anos de carreira do diretor Celso Junior (Foto: Andrea Magnoni/Divulgação) “Conheci Vinicius quando fizemos um filme juntos. Eu fazia o pai dele e a gente criou uma relação muito bacana. Já Igor é um ator incrível que já tinha trabalhado antes e é muito disciplinado. Lembrei da Paula logo quando assisti à peça, em Buenos Aires. A personagem é a cara dela”.
Além da iluminação bem elaborada, o espetáculo conta com projeções. Por conta delas, inclusive, a classificação do espetáculo é 18 anos. “Tem um momento que os personagens vão para o cinema pornô e projetamos cenas de sexo explícito. Não quero confusão. Então minha peça é para adulto mesmo”.
Quando questionado sobre o papel do espetáculo enquanto ferramenta de defensa dos casais homossexuais, Celso afirmou que não há maiores discussões sobre o assunto na montagem. “A própria existência da peça é um ato político. Ela tem um valor propositivo. Mas tenho quase certeza que seria censurada na época da ditadura, por exemplo”.
ServiçoO quê: Espetáculo A Persistência das Últimas CoisasQuando: De 28 de setembro a 8 de outubro, de quinta a domingo. Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19hOnde: Teatro Vila Velha (Av. Sete de Setembro, s/n)Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) no ingressorapido.com.br. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) na bilheteriaClassificação: 18 anos