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"Cidades Invisíveis", de Reinofy Borges, foi um dos melhores trabalhos do 14ª Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2020 às 15:15
- Atualizado há um ano
Foi divulgada a lista dos vencedores da 14ª Edição do Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira, nesta quinta-feira (20), no Diário Oficial da União. Os roteiros escolhidos foram “Cidades Invisíveis”, do autor baiano Reinofy Borges, e “Céu de Lua, Chão de Estrelas”, dos autores pernambucanos Camilo Lourenço e Orun Santana.
O certame foi organizado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) por meio da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), e abordou o tema “As Múltiplas Faces do Brasil”, ou seja, os autores deveriam ressaltar as diversas formas que caracterizam o povo brasileiro.
Natural de Catu, Reinofy Borges conta que escreveu o roteiro de "Cidades Invisíveis" de maneira despretensiosa, enquanto se locomovia de Uber pela cidade.
“Entre a escrita do projeto e a aprovação muitas coisas mudaram - menos gente na rua, máscaras, notícias, número de mortos - e certamente o olhar das pessoas sobre o mundo também mudou em relação à cidade, países, vida e morte. Os parâmetros estão postos e, se ao escrever o projeto, eu podia vislumbrar com relativo grau de precisão os perfis de passageiros (e respectivos discursos) que eu iria encontrar, agora tudo será novo para mim: sei que vou buscar ‘As Cidades Invisíveis’, mas os habitantes já estão transformados em 2020”, declarou.
Já a dupla Camilo Lourenço e Orun Santana, ambos nascidos em Recife, comentou sobre o trabalho “Céu de Lua, Chão de Estrelas”.
“O concurso Rucker Vieira é importante para promover filmes documentários, gênero essencial para representar olhares plurais sobre a complexa realidade brasileira. Inspirado nas provocações estéticas do espetáculo "Meia Noite", de Orun Santana, que assinará o filme comigo, nosso projeto busca captar e entender a atualidade através do movimento do corpo como resistência e afirmação cultural e identitária negra, ao abordar a história da família Santana, do Centro Daruê Malungo e da comunidade Chão de Estrelas, na Zona Norte do Recife. Acredito que o cinema é capaz de expressar os não-ditos de histórias oficiais, já que, além de observacional, ele nos conduz por meio da subjetividade de corpos, espaços e temporalidades”, destacou Camilo.
Ansioso para ver o trabalho em vídeo, Orun Santana ressaltou que o roteiro carrega sua identidade, da família e da própria comunidade periférica onde viveu.
“Para mim, para meus pais e para todas as comunidades a criação do documento artístico é de extrema importância. É algo muito representativo. O roteiro foi construído em cima da história de Daruê Malungo, um lugar onde cresci e que faz parte da minha história e do meu ser. Tudo foi pensado e inspirado na vivência que construí individualmente. Sou da área da dança, então foi desafiador elaborar o roteiro com Camilo. O trabalho é um pouco do que é Daruê, sinônimo de resistência e da negritude. Daruê, por exemplo, faz parte da cultura pernambucana antes mesmo do movimento manguebeat e negro em Olinda e no Recife. O nome Chão de Estrelas, que é poético, por si só já conta muito do que é a realidade das periferias. Então, a gente trouxe essa relação da própria história do bairro para o roteiro”, disse.
Os dois roteiros eleitos serão executados para que depois a Fundaj realize o lançamento dos documentários em curta-metragem. Os ganhadores ainda receberão um prêmio de R$ 80 mil.
Ao todo, o concurso teve 27 roteiros inéditos inscritos, com participantes baianos e de outros estados, como Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Santa Catarina, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro.
O Concurso de Roteiros Rucker Vieira é promovido desde 2003 e tem como objetivo produzir conteúdos audiovisuais que serão utilizados em processos educacionais alinhados às diretrizes do Ministério da Educação. Além disso, visa estimular a produção independente de documentários e criar oportunidades de formação de público.