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Túnel de vento de R$ 1 bilhão ajuda reduzir consumo dos carros

Entenda como funciona esse recurso aerodinâmico da indústria automotiva

  • Foto do(a) author(a) Antônio Meira Jr.
  • Antônio Meira Jr.

Publicado em 2 de outubro de 2023 às 14:00

Os engenheiros preparam uma avaliação aerodinâmica
Os engenheiros preparam uma avaliação aerodinâmica Crédito: Divulgação

A aerodinâmica é sempre muito importante para um veículo. Quanto melhor, menor a resistência ao ar o veículo será mais eficiente. Há décadas, os fabricantes utilizam túneis de vento para projetar e testar veículos, aprimorando a sua aerodinâmica e eficiência. Seja para alcançar velocidades mais altas ou para reduzir o consumo de combustível.

Atualmente, a Ford é a montadora que tem o mais moderno túnel de vento do mundo e para isso investiu R$ 1 bilhão. Ele permite simulações de rodagem em situações mais reais, que ajudam a economizar tempo e reduzir os custos do projeto.

Durante visita às instalações em Allen Park, na região metropolitana de Detroit (EUA), John Toth, supervisor de engenharia de túneis de vento da empresa, explicou que existem basicamente duas tecnologias: “há o túnel de vento terrestre estático, que é o método da velha escola, onde o solo não se move. E temos um túnel de vento com terreno móvel, ou estrada rolante”.

Um dos principais benefícios do equipamento, chamado oficialmente Rolling Road Wind Tunnel (RRWT), que remete em português a túnel de vento de estrada rolante, é que ele fornece dados mais precisos de resistência ao vento e força descendente comparado aos convencionais – fatores-chave para a otimização da autonomia e da eficiência.

Para desenvolve-lo, a Ford combinou uma esteira do tamanho de um carro aos sistemas de ventilação convencional e, com isso, consegue avaliar como os veículos se comportariam aero dinamicamente em velocidades de até 320 km/h. A ideia é levar a estrada para o veículo, em vez do caminho inverso.

A simulação do fluxo de ar passando pelo novo Mustang
A simulação do fluxo de ar passando pelo novo Mustang Crédito: Divulgação

Em operação desde o ano passado, o RRWT tem sido eficaz financeiramente. “Estamos vendo uma redução média significativa de custos", afirmou Toth, que explicou que os simuladores de computador conseguem fazer até 90% do trabalho, mas que a prática no túnel de vento é fundamental para a conclusão de um projeto automotivo.

Tudo no RRWT, que levou cinco anos para ficar pronto, é superlativo. O conjunto conta com uma enorme turbina de oito metros de altura, que é responsável por mover o ar dentro do túnel. Esta máquina é impulsionada por um motor que gera até 7,2 mil cv de potência (5,3 MW) - a mesma força gerada por quase 30 Ranger V6. Este “ventilador” gigante é capaz de deslocar até 150.000 metros cúbicos de ar por minuto.

Cada palheta do ventilador principal custa R$ 300 mil
Cada palheta do ventilador principal custa R$ 300 mil Crédito: Acervo pessoal

A tela usada para impedir que qualquer poeira ou detrito comprometa as medições custou um milhão de dólares, o equivalente a R$ 5 milhões. Cada uma das 12 palhetas de quase dois metros de comprimento que são acopladas à turbina custa 60 mil dólares (R$ 300 mil).

Dos laboratórios às ruas

A sétima geração do Mustang, que chegará ao mercado brasileiro em 2024, é um dos produtos que se beneficiaram do equipamento. No carro esporte, a engenharia trocou o baixo arrasto por maior downforce, que ajuda o automóvel a aderir ao piso e melhora a dirigibilidade nas curvas.

Essas aletas no túnel de vento ajudam a direcionar o ar
Essas aletas no túnel de vento ajudam a direcionar o ar Crédito: Divulgação

“Todos os novos programas de lançamento da Ford saem deste local, e isso vale para todas as nossas linhas de produtos, não apenas os da América do Norte. Modelos europeus, da América do Sul, da América Central, do Canadá, de todos os países da Ásia, todos os nossos programas passam por aqui”, explica Toth. Dessa forma, engenheiros brasileiros - que estão baseados em Camaçari - interagem diretamente com o time americano para aplicar os resultados obtidos pelo RRWT em projetos globais que atuam.

Os técnicos fazem diversas simulações no túnel de vento
Os técnicos fazem diversas simulações no túnel de vento Crédito: Divulgação

O RRWT também é fundamental para o desenvolvimento de veículos elétricos. Esses modelos possuem menos peças, mas o peso é sempre maior por conta das baterias. Esse fator eleva a importância do acerto aerodinâmico para balancear a equação com o peso e, dessa forma, deixar os carros mais eficientes. A Ford entende que esse é um dos trunfos da sua nova geração de veículos.

“O que estamos tentando fazer aqui é minimizar o coeficiente de arrasto, o que reduz as emissões de CO2, torna os nossos carros mais eficientes, dá melhor autonomia aos veículos elétricos e mais quilômetros por litro aos carros a combustão”, conclui John Toth.

O JORNALISTA VIAJOU PARA ALLEN PARK, EUA, A CONVITE DA FORD