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Fernanda Varela
Publicado em 21 de julho de 2025 às 06:00
A trajetória de Preta Gil, que morreu neste domingo (20), aos 50 anos, foi marcada desde a infância por afetos intensos, racismo e dengo de uma das maiores artistas do país: Gal Costa, que era madrinha dela. Nascida no Rio de Janeiro e filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha, Preta passou parte da infância entre Salvador e a capital fluminense. Em sua autobiografia lançada em 2024, “Preta Gil: Os Primeiros 50”, ela narra suas histórias.>
Preta Gil e Gal Costa
“Antes de me mudar para o Rio, morei em Salvador. A gente era hippie, morávamos praticamente numa comunidade por lá. Nem móveis a gente tinha. Era só almofadão, pufe e cama de tatame”, recordou Preta. Depois, a realidade mudou: a família passou a viver numa cobertura em Ipanema, no Rio, onde, segundo ela, o primeiro sofá foi comprado em uma loja da moda na época.>
A convivência com Gal Costa foi um dos pilares de sua infância. A cantora era sua madrinha e, como a própria Preta revelou, sua grande referência. “Minha madrinha sempre foi uma grande paixão. E, mais do que do meu pai, eu queria era estar atrás dela”, escreveu.>
Durante a adolescência, a convivência ficou menos intensa, mas foi retomada em 2017, quando as duas gravaram a música “Vá se benzer”.>
A infância de Preta também foi atravessada por episódios de racismo. Ela contou, por exemplo, sobre o dia em que foi alvo de ofensas por parte de uma mulher responsável por transportar as crianças da escola. Ao relatar o caso à mãe, Sandra Gadelha reagiu com fúria. “Minha mãe foi para cima com tudo, pegou a mulher pelo pescoço e a sacudia. E batia com a bengala no carro da mulher”, relembrou.>
Esse episódio, entre outros, impactaram a autoestima. Adulta, Preta reconheceu que passou a consumir compulsivamente bolsas e sapatos como forma de compensar a rejeição sentida desde a infância. “Só fui me curar quando comecei a entender que o meu valor não estava nas coisas que tinha, mas no que sou”, disse ao Globo.>
Entre lembranças mais leves, Preta também revelou sua admiração precoce por Luiz Caldas, ídolo do axé baiano. Aos 11 anos, insistiu para que o pai o convidasse para jantar na casa da família. O encontro aconteceu, e ela usou seu melhor vestido.>