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Gilberto Barbosa
Publicado em 30 de maio de 2025 às 06:00
Em 1993, os amigos Marco Antônio Queiroz e José Cerqueira tiveram a ideia de criar uma premiação para reconhecer os destaques das artes cênicas baianas. Durante três décadas, o prêmio cresceu e se tornou a grande noite do teatro baiano. Nessa quinta (29), o Prêmio Bahia Aplaude chegou à sua 30ª edição, premiando o melhor do teatro local no ano de 2024. O evento foi realizado no Teatro Sesc Casa do Comércio. >
O grande vencedor da noite foi o espetáculo Torto Arado, que venceu a categoria Espetáculo Adulto. A peça também foi coroada nas categorias Ator, pela performance de Diogo Lopes Filho, e Especial, pela direção musical e composição da obra, que ficaram sob a responsabilidade de Jarbas Bittencourt. >
“Meu primeiro agradecimento é à vida e à arte, por fazer parte do teatro baiano. Estamos fazendo (a peça) em outras cidades brasileiras e sempre levantamos a bandeira da Bahia no final das apresentações. Fazer, neste país, um musical nas proporções em que fizemos, descentralizando a produção do eixo do Sudeste, é algo muito importante. Invistam no teatro baiano porque a gente sabe fazer e sabe fazer bonito”, disse Jarbas ao receber o prêmio. >
Outras peças premiadas foram Infinito, coroado como melhor espetáculo infantil; Os Dias Lindos de Celina Bonsucesso, que venceu as categorias Atriz, com Kátia Leal, e Dramaturgia, com Paulo Henrique Alcântara; Candomblé da Barroquinha, na categoria Diretor, com Thiago Romero, e Mukunã: do Fio à Raiz, vencedora da categoria Revelação, pela composição de Filêmon Cafezeiro e Liz Novais. >
A primeira premiada da noite foi Noiva’ que venceu a categoria Performance. “A minha história não é só minha, é de muitas. A partir de todas as violências que eu sofri dentro de um casamento abusivo, eu cheguei na frente do espelho e pergunto: eu tiro a minha vida ou a dele? E esta mulher que está aqui respondeu: ‘nem uma coisa, nem outra, você tem um bebê ali naquele berço”, disse a atriz e idealizadora do espetáculo Ângela Daltro.>
“É sobre levar o teatro a quem não tem acesso e refletir sobre os dias atuais, sobre a violência contra a mulher. Essa é uma história que se prolonga desde o início, com a mulher que morde uma maçã e acaba sendo odiada durante milhares de anos através de um mito. Eu acho que precisamos repensar sobre essa mulher que pariu, que pare toda a nossa sociedade”, completou a atriz. >
Com o tema “Central dos Sonhos: o Show Começa Aqui”, a noite contou com uma performance artística, capitaneada pelas atrizes Heloísa Jorge e Mariana Borges. A apresentação costurou a noite, remetendo a algumas das principais peças do teatro baiano, como A Bofetada, Namíbia, Não! e Policarpo Quaresma. >
“O sonho é o fio condutor dessa história. O artista, para além de tudo, é um sonhador, que vive em um país onde tem muita dificuldade em se manter enquanto artista. Eu espero que o teatro baiano se sinta homenageado, porque fizemos uma pesquisa grande e estamos contando uma história não linear dos últimos 30 anos e tentamos abraçar o máximo de pessoas possível”, falou o diretor artístico Ridson Reis. >
A noite também contou com homenagens a nomes das artes cênicas do estado. Entre eles, estavam os criadores do Prêmio Bahia Aplaude - Marco Antônio Queiroz e José Cerqueira Filho - , além do crítico Marcos Uzel e da atriz Ana Paula Bouzas. >
“Hoje é uma noite especial para o teatro baiano, nordestino e brasileiro, porque a cena teatral baiana é uma usina de talentos que reverbera nos cinemas, nas telenovelas e nos teatros brasileiros e estrangeiros. É um momento de celebração, de comemoração e de reconhecimento de toda a potência do teatro baiano para o momento da cultura cênica do país”, falou o produtor do evento, Jorge Albuquerque. >
“O Prêmio Bahia Aplaude é motivo de orgulho para todos os baianos e toda a classe de artistas baianos. Estamos muito orgulhosos de estar junto nessa trajetória de 30 anos, apoiando e incentivando a premiação. Vimos passar nesse palco grandes talentos que hoje estão em vários lugares do mundo e recordam esse legado. É um orgulho para nós ter acompanhado e torcido com eles nesse período”, afirmou a diretora comunicação da Braskem, Ana Laura Sivieri. >
Ana Paula Bouzas, uma das homenageadas, fez um apelo às autoridades: "Eu estou aqui hoje porque uma mulher, como tantas outras, teve seu sonho interrompido, mas foi suporte para outros. Minha mãe sempre disse sim à força que ela viu em mim. Se não fosse você, eu não teria conseguido. Muito obrigada. E quero fazer um apelo: é urgente que as instâncias do poder — públicas e privadas — agilizem as ações, acordos e propostas já em curso. O teatro baiano não pode mais esperar".>
A diretora da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, disse que são 30 anos de um prêmio que contando um pouco da cena baiana, bastante diversa. "Cada edição é um momento de voltar para casa e lembrar o que somos, o que essas cenas contam e como elas se complementam. Que hoje seja um dia de celebrar a arte da presença, um dia de encontro entre os mestres e as gerações que virão, renovando e enchendo de esperança a continuidade do Teatro da Bahia”, afirmou.>
O evento é realizado pela Aplaude Produções e pelo Ministério da Cultura e conta com patrocínio do Governo do Estado e da Braskem, que já nomeou a honraria em edições anteriores.>
Confira os vencedores:>
Espetáculo Adulto: Torto Arado>
Espetáculo Infantojuvenil: Infinito>
Direção: Thiago Romero (Candomblé da Barroquinha)>
Ator: Diogo Lopes Filho (Torto Arado)>
Atriz: Kátia Leal (Os dias lindos de Celina Bonsucesso)>
Dramaturgia: Paulo Henrique Alcântara (Os dias lindos de Celina Bonsucesso)>
Revelação: Filêmon Cafezeiro e Liz Novais (composição de Mukunã: do fio à raiz)>
Performance: Noiva>
Categoria Especial: Jarbas Bittencourt (direção musical e composição de Torto Arado)>
Noite do Prêmio Bahia Aplaude