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Polícia

Chega ao Prime Video série baseada em álbum de Marcelo D2

'Ama é Para os Fortes' conta a história de uma família que enfrenta o assassinato de uma criança pela polícia

Publicado em 16/11/2023 às 06:00:00
Rita (Tatiana Tiburcio) e Sinistro (Breno Ferreira) protestam contra a morte de Sushi, de 11 anos. Ela é mãe do menino e ele, irmão
Rita (Tatiana Tiburcio) e Sinistro (Breno Ferreira) protestam contra a morte de Sushi, de 11 anos. Ela é mãe do menino e ele, irmão. Crédito: divulgação

Não é comum no Brasil vermos filmes baseados em canções. Os dois primeiros de que lembramos são relativamente recentes e relacionados a músicas de uma mesma banda, a Legião Urbana: Faroeste Caboclo (2013) e Eduardo e Mônica (2020). Agora, é a vez de um álbum inspirar uma série: Amar é Para os Fortes, de Marcelo D2, foi um disco lançado em 2018 e nesta sexta-feira (17) chega ao Prime Video em formato de série, com sete episódios de 30 minutos.

A produção conta a história de duas mulheres negras cariocas que veem seus destinos entrelaçados depois de uma operação policial no Dia das Mães. Rita (Tatiana Tiburcio) perde seu filho de 11 anos, Sushi (João Tiburcio), para a violência policial, e Edna (Mariana Nunes) é mãe de Digão (Maicon Rodrigues), o policial que matou a criança. Em busca de justiça e redenção, as duas irão enfrentar a corrupção policial e a morosidade do sistema judiciário.

A ideia da série partiu de Marcelo D2, que chama o disco de 2018 de "álbum visual" e, na época, foi lançado num projeto multimídia, que incluía um média-metragem inspirado nas canções. D2 diz que, desde ali, já pensava em produzir uma série e finalmente apresentou o projeto à Amazon, que deu início à produção. O músico então assumiu a função de showrunner, espécie de "faz-tudo": cria o argumento, escolhe roteiristas, diretores, elenco...

Marcelo D2, criador da série
Marcelo D2, criador da série. Crédito: divulgação

E foi graças a uma dessas roteiristas, Antonia Pellegrino (da série Pé na Cova e do filme Bruna Surfistinha), que D2 resolveu mudar sua ideia inicial e aceitou contar a história do ponto de vista das mães dos personagens. "Antonia me levou para a casa dela e me mostrou um filme, que me fez chorar e logo me convenceu a aceitar a proposta dela. Essa ideia de contar a história do ponto de vista das mães foi um dos maiores acertos da série", defende D2.

A direção é dividida entre Kátia Lund, Yasmin Thayná e Daniel Lieff. Kátia é conhecida principalmente por ser codiretora de Cidade de Deus (2002), junto com Fernando Meirelles. Ocupou a mesma função no documentário Notícias de Uma Guerra Particular (1999), sobre o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Foi uma das diretoras também da série Cidade dos Homens, na Globo (2002-2005). Está acostumada, portanto, a dirigir produções que, como Amar é Para os Fortes, é passada em comunidades pobres e abordam a violência.

Mas a diretora diz que tem fugido desses temas: "A experiência com filmes como Cidade de Deus me fez recusar outras produções [com temática parecida], como Arcanjo Renegado e A Divisão. Acho que cheguei no meu limite e não consigo mais falar de violência". Mas então por que ela aceitou participar de Amar é Para os Fortes? "Neste projeto, o que me seduziu foi um novo olhar para este universo: ele começa com ação e o primeiro episódio tem a cara de Cidade de Deus, mas depois, muda, porque retrata a perspectiva das mães, da família e do afeto. E isso é diferente!".

Os roteiristas e diretores asseguram que se esforçaram para que a série não tivesse excessos dramáticos. Mas a impressão que fica, ainda assim, é que não escaparam da "tentação". Na morte do garoto de onze anos, por exemplo, ele está com uma flor na mão. Mas Kátia argumenta que tanto roteiristas como diretores tentaram escapar da "pieguice" - palavra usada por ela mesma.

"Durante todo o tempo, debatemos a dosagem de dramaticidade. Na cena em que Sushi leva o tiro, não queríamos ser piegas de forma alguma. Nossa intenção era mudar o ponto de vista, porque as cenas de ação no cinema brasileiro estão no 'piloto automático'", revela Kátia.

Camila Agustini, mais uma das roteiristas, também afirma que houve um debate intenso sobre a dosagem de violência e drama: "Não podíamos perpetuar a imagem de violência, então houve uma preocupação de não 'naturalizar', porque muitas vezes a mídia contribui para a naturalização e para a 'pornografia' da miséria".

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