MÚSICA

Mariana Aydar e Mestrinho se juntam para dar voz à mulher no forró

Artistas lançam álbum com inéditas e canções antigas pouco conhecidas

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  • Roberto Midlej

Publicado em 6 de abril de 2024 às 08:08

Mariana Aydar e Mestrinho se conheceram por intermédio de Dominguinhos
Mariana Aydar e Mestrinho se conheceram por intermédio de Dominguinhos Crédito: divulgação

A paulista Mariana Aydar é filha de uma ex-empresária de Luiz Gonzaga (1912-1989) e teve o privilégio de conhecer o Rei do Baião pessoalmente quando tinha três anos de idade: “Lembro que ele me levou ao shopping e me deu uma boneca de presente. Fiquei apaixonada!”, diz a cantora de 43 anos. E a paixão pelo forró veio logo em seguida, praticamente uma consequência natural da aproximação com o sanfoneiro.

Na adolescência, a paixão da cantora pelo ritmo típico do Nordeste brasileiro chegou ao ápice e ela chegava a fugir de casa para ir às festas juninas que havia em sua cidade, numa época em que o forró universitário era muito popular especialmente entre os jovens (mas a preferência dela sempre foi o forró pé-de-serra, é bom ressaltar).

Em sua discografia, Mariana eventualmente gravou forrós, mas nunca havia dedicado um álbum exclusivamente ao gênero. Depois que se aproximou do sanfoneiro Mestrinho, sentiu-se ainda mais motivada para mergulhar mais fundo no ritmo que a encantava. Os dois se juntaram para fazer shows em território nacional e internacional e a experiência deu tão certo que resolveram fazer um álbum de estúdio, que leva o nome dos artistas e já está nas plataformas de música.

Para o repertório, os dois reuniram canções inéditas e pérolas já gravadas por outros artistas, mas que não são muito conhecidas. No álbum, Mariana divide os vocais com Mestrinho, que também toca a sanfona. Entre as inéditas, destaca-se a preocupação em dar lugar à voz feminina nas letras, algo que não é muito comum no forró a que nos acostumamos a ouvir, sabidamente machista.

Uma dessas músicas é Boy Lixo, que, embora muito divertida, dá o seu recado com contundência: “Corre que esse boy é lixo/ Agora é moda o sujeito se dizer hétero top (...) E tira selfie no espelho da academia/ Mas trata mulher mal e ninguém vê”.

Mariana explica como surgiu a ideia da canção, de autoria dela mesma, com Fernando Procópio e Tinho Brito: “Fiz o refrão pensando em uma amiga e entreguei a música aos dois compositores. Queria falar desse ‘esquerdomacho’ das redes sociais num forró meio ‘sambado’, meio Jackson do Pandeiro”. E o resultado é uma das melhores faixas do álbum, daqueles com refrão para ficar na cabeça de quem ouve logo na primeira vez.

Uma das regravações é O Filho do Dono, de Petrúcio Amorim, com forte viés político, social e ambiental: “Boi com sede/ Bebe lama/ Barriga seca/ Não dá sono/ Eu não sou dono do mundo/ Mas tenho culpa/ Porque sou filho do dono”. Petrúcio é o autor de Tareco e Mariola, este sim um clássico bem popular do forró, gravado até por Chiclete com Banana.

Há também uma canção de Dominguinhos (1941-2013), Cheguei Para Ficar, parceria do forrozeiro com Anastácia, compositora a quem Mariana dispensa muitos elogios: “Entre as mulheres, ela foi uma das pioneiras na composição, quando poucas mulheres compunham”. Mariana diz que na hora de escolher o que seria regravado, pesou o desejo de dar oportunidades a composições pouco conhecidas do grande público. “O forró não é um gênero muito ouvido”, lamenta a cantora e compositora. Em breve, ela se junta a Mestrinho para levar o show aos palcos e garante que os dois passarão por Salvador.

Fim de festa com Brown e Luedji Luna

O Festival Viva Salvador, que festeja os 475 anos da capital baiana, está terminando em grande estilo: neste sábado (6), tem show de Carlinhos Brown e Larissa Luz, que receberão os convidados Luedji Luna, Seu Jorge, Banda Didá e a escola de samba Viradouro, atual campeã do carnaval carioca. A festa começa às 16h30, na Praça Maria Felipa (antiga Praça Cayru), no Comércio. O show será transmitido ao vivo na programação local pela Rede Bahia e na rádio Bahia FM (88.7 FM), a partir das 17h, sob o comando de Luana Souza, com reportagens de Lucas Almeida. Na TV Globo, Kenya Sade comanda os melhores momentos das apresentações dos artistas na noite de sábado, logo após o Altas Horas. E no domingo (7), a partir do meio-dia, a Banda Mel faz a festa no Parque da Cidade, com Márcia Short e Robson Morais, que vão cantar clássicos como Protesto do Olodum e Prefixo de Verão. Os dois shows são gratuitos.

Capital Inicial, 40

O Capital Inicial está festejando seus 40 anos e se apresenta neste domingo (7), na Concha Acústica, às 19h. Na turnê Capital Inicial 4.0, o público vai ouvir os sucessos que marcaram essas quatro décadas da banda comandada por Dinho Ouro Preto, como Primeiros Erros, Natasha, À Sua Maneira, além de faixas lado B. A direção musical é de Dudu Marote e a direção de arte é de Batman Zavareze. Os ingressos custam R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia).

A vida de um bluesman baiano

Vai até o dia 18 deste mês uma campanha de arrecadação para a publicação da biografia Álvaro Assmar - Uma Vida Blues sobre o bluesman baiano que morreu em 2017, aos 59 anos. Os valores de contribuição vão de R$50 a R$ 10.000. A biografia é escrita por João Paulo Barreto, jornalista e crítico de cinema baiano, que conversou com Assmar durante os meses que antecederam sua morte. A colaboração pode ser feita no site https://www.catarse.me/alvaroassmar.