Empresário influente e nome novo na política: saiba quem é o deputado suspeito de chefiar grupo miliciano

"Ele manda e desmanda em tudo aqui", dimensiona um morador de Feira de Santana ao ser perguntado sobre Binho Galinha. O deputado estadual é natural de Milagres, mas mora na Princesinha do Sertão. E, de acordo com a Polícia Federal (PF), é líder de um grupo miliciano que atua há 20 anos com crimes de lavagem de dinheiro com jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada e extorsão em território feirense.

A investigação da polícia fez seis empresas do grupo miliciano que Binho é suspeito de liderar terem atividades econômicas suspensas. Um morador de Feira, que prefere não se identificar por medo, indica que as empresas são exemplos do nível de poder que o deputado teria no comércio da cidade.

"Binho Galinha é quem comanda o comércio e o que é de ruim está tudo encostado nele. [...] Comanda a Rua da Aurora toda, que é conhecida pela vendas de peças de carro", relata ele. A Rua da Aurora está constantemente ligada a denúncias de vendas de peças de desmanche de carros roubados.

Questionada, a PF confirmou que a organização criminosa também é suspeita de atuar no desmanche de veículos. Uma outra moradora, que também prefere preservar sua identidade, afirma que o grupo miliciano que seria comandado por Binho tem como praxe a cobrança de taxas no comércio e usa de violência para coibir quem mora em Feira a pagar.

"Tem taxa que até o pessoal que é rifeiro precisa pagar. E, se não pagar, a consequência pode ser grave. Se brincar, manda matar e ele [Binho] é envolvido com o pessoal do crime que faz isso", afirma a moradora. A PF, no entanto, afirma que crimes contra a vida não fazem parte do escopo da investigação e que o deputado nao é suspeito em ações do tipo.

A ligação do deputado com criminosos ganha mais indícios com a relação de 14 pessoas que foram denunciadas juntas a ele na operação da PF. Entre os 14, está Vagney dos Santos Aquino, que é mais conhecido como 'Vaguinho' e faz parte do 'Baralho do Crime' da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA), onde estão listados os foragidos mais perigosos da Bahia. Vaguinho foi condenado no Tribunal de Justiça da comarca de Feira de Santana a 16 anos de cadeia por assassinatos.

Apesar do 'poder' afirmado pelos moradores, Binho se manteve distante da esfera política. Ele se filiou ao Patriota em março de 2022 para concorrer como deputado estadual e venceu a eleição com 49.834 votos para ocupar uma das cadeiras na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). O parlamentar foi o segunfo mais votado em Feira de Santana, com 32.980 votantes a seu favor. O número representa 10,40% dos votos da cidade.

Apesar de ser filiado ao Patriota, Binho apoiou o governador Jerônimo Rodrigues durante o segundo turno das Eleições de 2022. Em vídeo que circula nas redes sociais, o deputado aparece ao lado de Jerônimo, do ex-governador Rui Costa, do também deputado Zé Neto e outros nomes do PT em cima de um carro durante uma caminhada com apoiadores na campanha do ano passado.

Procurada para responder sobre o caso envolvendo Binho, a Alba afirmou que não foi informada e muito menos citada a respeito da operação. A Casa afirmou ainda que as investigações estritamente ocorrem no âmbito policial e salientou que, caso seja notificada ou instada a se pronunciar, o fará de pronto. O regimento interno da Casa não prevê nenhum tipo de sanção a parlamentares durante o transcorrer de investigações.